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Cotidiano & Existência

Incompletude

Viver, fundamentalmente, é estar transpassado por carências

Por Gisela Breno

16 de junho de 2020, às 08h38 • Última atualização em 16 de junho de 2020, às 12h13

Viver, fundamentalmente, é estar transpassado por carências.
Por mais que estejamos felizes, realizados, há sempre um traço de incompletude rondando as profundezas de nosso eu, que se revela principalmente quando ficamos face a face com nossos sentimentos e desejos mais íntimos.

Num mundo repleto de ruídos, de ofertas diárias e sedutoras de felicidade, nem sempre temos consciência de que as memórias de proteção, de aconchego, de completude do útero materno ficaram gravadas em nossa alma que busca e almeja esse paraíso, perdido no momento de nossa vinda ao mundo.

Incapazes de compreender e aceitar que viver é navegar por águas tranquilas e límpidas das conquistas, risos, saúde, alegrias e igualmente por águas turbulentas e escuras dos fracassos, prantos, doenças, tristezas, encharcamos nossa existência com as mercadorias oferecidas pelo mercado do ter, alimentando a falsa impressão de que nada nos falta.

Mas para os que vivem de mãos dadas com a incompletude, por tantas vezes dolorosa, existem a esperança e a espera pelo encontro do cordão umbilical que nos ligará eternamente ao ventre do Universo onde tudo será beleza, onde tudo fará sentido.

Gisela Breno

Professora, Gisela Breno é graduada em Biologia na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e fez mestrado em Educação no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo). A professora lecionou por pelo menos 30 anos.