A desigualdade tem sido uma característica arraigada em nossa sociedade por séculos. Principalmente para aqueles que residem em grandes cidades brasileiras, basta sair às ruas para deparar-se com manifestações visíveis dessa disparidade social. Crianças se expondo nos cruzamentos em busca de algumas moedas, pessoas segurando cartazes de papelão em busca de emprego para sustentar suas famílias, e supostas mães com supostos filhos pedindo esmolas.

Há também questões mais graves que pesam em nossa consciência, como dependência química, refugiados de outros países e moradores de rua. Os governos no Brasil, seja em nível municipal, estadual ou federal, demonstram-se absolutamente despreparados e ineficazes para lidar com essas questões. Em geral, medidas paliativas e caras são anunciadas, especialmente em anos eleitorais.

Como bem afirmou uma vez André Franco Montoro, ex-governador do Estado de São Paulo, ninguém vive na União ou no estado. Nosso lugar é em um município.

Sempre há maneiras de explorar monetariamente o sofrimento alheio. Por exemplo, um fabricante de produtos de higiene pode aumentar os preços após uma enchente. Ou os comerciantes podem elevar os preços da água engarrafada, alimentos, roupas, entre outros. Todas as crises geram uma série de oportunidades.

Outra postura possível é a indiferença. Afinal, o problema não nos diz respeito. “Cada um cuide do que é seu. Isso é problema do governo”, dizem alguns.

Devemos sempre agir com empatia em relação aos mais necessitados, mas também devemos cobrar nossos governantes, pois eles são servidores públicos, eleitos para representar a sociedade. Uma sociedade mais justa, igualitária e solidária dependerá, em última análise, das nossas ações.

Celso Luiz Tracco
Economista, teólogo e escritor
www.celsotracco.com.br