Estúdio 52
Crítica – Sandman
Seriado da Netflix traduz com maestria uma das HQs mais premiadas da história, escrita por Neil Gaiman
Por Diego Juliani
18 de agosto de 2022, às 19h28 • Última atualização em 17 de outubro de 2023, às 17h35
Link da matéria: https://liberal.com.br/colunas-e-blogs/estudio-52-critica-sandman/
Sandman é considerado uma obra-prima das histórias em quadrinhos para adultos. Vencedora de mais de 20 prêmios Eisner, o Oscar da categoria, a graphic novel escrita por Neil Gaiman e publicada pela primeira vez em 1988, por meio do selo Vertigo, antigo selo da DC, tem uma legião de fãs. E não por menos.
A multipremiada série que conta a história de Sonho e seus seis irmãos perpétuos (Morte, Desespero, Destruição, Desejo, Destino e Delírio) é uma representação poderosa da humanidade, suas amarguras e conquistas. Porém, essa densidade sempre pareceu ser uma âncora que impedia Sandman de chegar ao live-action.
Muitas foram as tentativas de adaptar a obra, contudo, só agora, 34 anos depois do lançamento da primeira edição, finalmente temos uma versão televisiva. E ela chega pelas mãos da Netflix, coordenada pelo próprio Gaiman ao lado de David S. Goyer (Batman Despertar) e Allan Heinberg (Mulher Maravilha).
Extremamente fiel ao material original, o seriado de 10 episódios e classificação 18 anos traduz das páginas a representação de Sonho e seu reino, na busca por três de seus objetos mágicos que lhe são tirados após ser preso por um grupo de ocultistas que desejavam aprisionar inicialmente sua irmã mais velha, a Morte, para que se tornem imortais.
No caminho, a procura pela bolsa de areia, o elmo e o rubi nada mais é do que um pano de fundo para uma história que impacta pela sensibilidade e olhar perspicaz do autor.
Ao diminuir as barreiras entre o mundo dos humanos e os reinos comandados por entidades antropomórficas ultrapoderosas, Gaiman revela nuances que habitam cada um de nós cotidianamente, nos tornando amargos e até cruéis, mas que também nos aproximam, por vezes, do divino.
Basicamente, são histórias de vida – carregadas de sentimentos mundanos, sob um olhar que beira o brilhante (o episódio 6 que o diga).
Nesse processo, o rei do sonhar descobre que não tem todas as respostas e passa a respeitar mais os mortais. Seu olhar distante se torna íntimo e o leva a um nível de compreensão além de seus ameaçados domínios.
Muito da força de Sandman está em seu protagonista, competentemente interpretado por Tom Sturridge. A melancolia do lorde dos sonhos, Morpheus, está toda ali, ladeada por personagens marcantes como Coríntio (Boy Holbrook), Lucienne (Viviennne Acheampong), Desejo (Mason Alexander Park) e Lúcifer (Gwendoline Christie).
Os seis primeiros episódios passam correndo, em contos praticamente antológicos, e a série perde um pouco de ritmo daí até o final. Esse é um dos poucos pontos fracos de Sandman, assim como os efeitos visuais, que em mais de uma ocasião nos tiram de uma imersão completa desse mundo.
O gosto que fica é por uma segunda temporada, que, apesar de ainda não ter sido confirmada, deve acontecer. Que Sandman siga tendo sua jornada contada. No fim, esse é mais um desejo do que um sonho.
Nota: 5 de 5
Diego Juliani
Editor do LIBERAL, está no grupo desde 2010. Fã de um bom cinema com pipoca, séries que não dão sono e saudosista dos games dos anos 90, o que já entrega sua idade.
Quer saber sobre aquela série que está bombando na internet? Sim, temos. Ou aquele jogo que a loja do seu console vai disponibilizar de graça? Ok. Curte o trivial e precisa dos lançamentos do cinema? Sem problema, é só chegar.