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Entre sementes e frutos

Por Henrique Matthiesen

30 de agosto de 2020, às 09h59

A genialidade de alguns seres que dignificaram a existência humana nos traz reflexões profundas. Dentre os pensadores que engradecem e agigantam a reflexão está o mineiro de Montes Claros, o antropólogo, professor, e utopista Darcy Ribeiro. Síntese fiel da criação de Thomas More, criador e conceituador da utopia a qual descorre sobre uma ilha onde o bem comum se submete ao bem individual, onde há divisão dos bens entre todos, pois acreditam que garantiria a abundância para todos e não a concentração de riquezas nas mãos de grupos.

Darcy Ribeiro faz ponderações importantes: “As sociedades cada vez mais estão divididas, entre sociedades que produzem sementes e sociedades que consomem frutos. As sociedades que produzem sementes, sempre vão ter frutos, e as sociedades que não produzem sementes sempre vão comer na mão dos outros”.

O processo civilizatório brasileiro produziu por força de sua desaculturação a constituição de uma classe dominante subordinada e subserviente aos interesses não pátrios, o pensamento dessa elite é colonizado, onde o complexo de vira-latas está nas gêneses dessa classe. Entretanto possuímos todas as condições e capacidade de sermos uma sociedade que produz sementes.

Assim como Thomas More criou sua ilha de justiça social, de equidade civilizacional, portanto utópica, Darcy Ribeiro do mesmo modo teve inúmeros sonhos para o Brasil e seu povo, um deles era sermos produtores de sementes, para nunca ficar refém e sermos obrigados a comer em mão não pátrias. Nossas elites decidiram apenas consumirem frutos, muitos dos quais vencidos.

Cabe a nós produzirmos sementes, para que não nos falte frutos, afinal é sempre temerário comer nas mãos dos outros.

Henrique Matthiesen
Bacharel em Direito e pós-Graduado em Sociologia

Colaboração

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