Em abril, a série especial de reportagens Além do Espectro produzida pela repórter Ana Carolina Leal mostrou, aqui no LIBERAL, os desafios de se conviver com o autismo. A condição, que tem sido diagnosticada com mais frequência em crianças, adolescentes e até adultos, exige hoje um olhar especial, que deve contemplar áreas diversas da convivência social. Uma destas áreas é justamente a Educação, direito constitucional de todo cidadão.

Quando publicada, a série dedicou uma de suas reportagens para abordar como alunos autistas eram acolhidos pela rede de ensino em Americana. Em uma escola estadual do bairro Campo Limpo, mostrou-se um bom exemplo vindo da comunidade escolar, onde havia o suporte na aprendizagem de um dos estudantes e o devido acolhimento dos colegas de sala.

Ainda assim, a falta de políticas públicas consolidadas na educação de estudantes autistas é um desafio que parece só aumentar. Com frequência, famílias relatam ao LIBERAL as dificuldades de se ter um bom ambiente acadêmico para os filhos autistas, especialmente entre os que apresentam um nível de suporte mais alto.

Iniciativas como a da Secretaria Municipal de Educação de Americana, noticiada pelo LIBERAL na última terça-feira, portanto, são importantes para se buscar tornar a escola e o ensino possíveis para alunos com a condição. Segundo o secretário Vinicius Ghizini, a prefeitura irá contratar uma empresa para capacitar professores e trabalhadores da rede municipal para o ensino de estudantes autistas. Até março, por exemplo, eram quase 300 com a condição nas escolas municipais.

O autismo, já se sabe, não impede que alguém consiga viver o cotidiano comum de qualquer ser humano. Entre os seus diferentes níveis, há sim graus que exigem maior ou menor apoio. Não se deve, porém, negligenciar as possibilidades para uma comunidade que tem se feito cada vez mais presente – principalmente por conta da evolução dos diagnósticos e do acesso à informação – e que é capaz. Que elas tenham os direitos garantidos.