O Criador, sem dúvidas, nos dá sinais de Sua inegável presença entre nós. E vez por outra, quem tem olhos de ver é capaz de identificá-los. Dias atrás, em uma ensolarada manhã, observava a fêmea de uma espécie de pássaro, que, no alto de uma árvore, procurava um local para aninhar-se.

Encantamento ainda maior foi notar que, da árvore ao lado, o companheiro retirava pequeninos gravetos para levar até ela, que pacientemente o aguardava.

Diante de momento tão raro e singelo, fiquei a refletir no sentido da partilha, da confiança mútua e da união para se chegar a um objetivo em comum. Foi lindo demais testemunhar a cumplicidade de ambos para concretizar o objetivo de construir aquele ninho, guardando a esperança em dias melhores.

Na direção oposta a este traço de generosidade e gentileza, seguimos muitas vezes, em atitudes egoístas, na falsa ilusão de que ao compartilhar o que aprendemos estaremos em desvantagem.

“Nos fios tensos da pauta de metal / as andorinhas gritam / por falta de uma clave de sol”.

Momento em que chegamos à conclusão de que há muito ainda a aprender.
Com notável sabedoria nos diz o poeta Bráulio Bessa: “O meu ou o seu caminho não são muito diferentes. Tem espinho, pedra, buraco, pra ‘mode’ atrasar a gente. Mas não desanime por nada. Pois até uma topada, empurra você pra frente”.

E de um provérbio japonês bastante conhecido, nos chega preciosa lição:
“Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância, o fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir”.

Eis que seguimos pois: do fio à esperança de que a paisagem ao redor se modifique e que o nosso interior possa ser revestido de sentimentos nobres.

* Katya Forti é pedagoga.