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Dia da Consciência Negra

IBGE informou-nos: mais de 52% da população brasileira descende dos africanos. E o que foi feito para a cidadania deles?

Por João Rodella

01 de dezembro de 2023, às 19h25 • Última atualização em 01 de dezembro de 2023, às 19h26

Imagine a cena cruel: você em seu lar com esposa e filhos. De repente são dominados e arrastados para juntar-se às centenas de outros, chicoteados por “bichos” de pele branca, ou pelos chefes da tribo de sua própria cor e raça. Depois jogados nos “navios chiqueiros”. Dias e dias transcorrem. Muitos que eram caçados morreram de fome e maus-tratos, tornando-se comida de tubarões.

Por fim, vão a leilão como animais direcionados para lavouras distantes. Os seus carrascos necessitam enriquecer e os seus braços vão ajudá-los. Nas senzalas, à base de alimentação precária, tronco, chicote e más condições, são buscados e, sob o jugo de feitores cruéis, levadas para o eito quente como o inferno. Esses donos de propriedades, meeiros ou ligados às governanças, diziam-se cristãos e pretendiam colonizar as terras descobertas.

Você diria: era o contexto histórico e social da época. E por que somente aqueles de pele negra? Seriam inferiores em quê? Somente na mente dos algozes, com preconceitos seculares que ainda perduram, decorridos já 135 anos da lei Áurea. Que mancha, Deus meu!

O IBGE informou-nos: mais de 52% da população brasileira descende dos africanos. E o que foi feito para a cidadania deles? Puxe pela memória. Assinada a lei, depois de mais de 300 anos de sofrimentos, forçada pelas campanhas abolicionistas, foi só uma assinatura. Então, milhares puseram-se a caminho buscando as capitais, formando grupos de desamparados até hoje, favelizando-se, pois era o que lhes restava.

E hoje? Ainda há quem os segregue e os considere inferiores, mantendo preconceito arraigado e anticristão. Poucos deles ocupam cargos mais elevados e, aqueles que se destacam, fazem-no pela arte, cultura e esportes. Portanto, há ainda somente a canetada da Princesa Isabel e pouco mais para alforriá-los para sempre de corpo e alma, a fim de que possamos demonstrar-lhes gratidão, pelo muito que fizeram pela economia brasileira, calejando as mãos molhadas de suor e lágrimas.

João Rodella
www.reflexoesdeumoctogenario.blogspot.com

Colaboração

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