Reportagem do LIBERAL traz nesta sexta-feira relatos de agentes penitenciários do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Americana cobrando a realização de testes para o novo coronavírus (Covid-19) entre os servidores e os detentos da unidade. O medo ganhou uma nova escala depois da morte de um agente penitenciário da unidade. Vanderlei Almeida, de 55 anos, faleceu na última segunda-feira após ficar internado por 16 dias no Hospital Municipal. Ele passou mal no dia 8 de junho durante um plantão no CDP, procurou o hospital e foi internado em estado grave.

Ao LIBERAL, agentes relataram preocupação com o caso e apontaram problemas em medidas de segurança sanitária no CDP, como a não entrega de máscaras para os detentos. Todos os apontamentos, entretanto, foram rebatidos pela SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), que diz garantir o necessário para manter a segurança nas unidades.
Neste momento de pandemia, as cadeias são um grande motivo de preocupação para a proliferação do novo coronavírus. Um balanço do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) apontou um aumento de 800% nos casos de coronavírus no início de junho, em relação a maio, nas prisões brasileiras.

A convivência muitas vezes insalubre entre os presos já torna esta população bastante vulnerável a doenças diversas, inclusive respiratórias, como a tuberculose. Diante da ameaça do coronavírus, há, sem dúvidas, um grande risco de que surtos possam tornar os ambientes penitenciários ainda mais perigosos.

Um risco do ponto de vista sanitário, mas também da segurança pública, já que rebeliões e motins surgem, muitas vezes, pelo descontentamento com medidas ou ausência de medidas das gestões públicas. As demandas levantadas pelos agentes na reportagem do LIBERAL podem ser um sinal de alerta.