18 de abril de 2024 Atualizado 22:58

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Artigos de leitores

Coronavírus que desgraçou geral

Por João Rodella

30 de abril de 2020, às 08h31 • Última atualização em 04 de maio de 2020, às 08h35

O vírus pegou carona para viajar em nossas vidas. Danou-se. Com isso, isolou-nos em casa. É medida correta e necessária, menos para o presidente. Com esse isolamento, os maridos que fumavam nos botecos e contavam lorotas, agora perturbarão em casa. Toda hora será “benhê pra cá e pra lá”, afora o fumacê. E, quando se deitarem nos sofás, nem os guindastes os arrancarão. Quem não se dá com a sogra e está na mesma casa, “vixe”… E, se alguém é rabugento, então o inferno instalou-se no lar para atazanar.

Propagou-se que o espirro transmite. Quem espirra tem medo de deixar cair a dentadura ou borrifar os mais próximos. Quando não, levantar-lhes a cabeleira. De um jeito ou de outro, em poucos dias alterou o mundo todo e o medo apossou-se dos não precavidos, a ponto de, quando o outro espirra, gritar: não me mate! Deixe para os tiros da Rocinha ou da favela da Maré.

Se no relacionamento colocou um distante do outro – o medo é humano – vai quebrar e penuriar quem trabalha por conta e, diminuindo a produção e a demanda, vai obrigar o fechamento, provocar carestia e fome e diminuir drasticamente a arrecadação de impostos. E, como são esses que movem a pesada máquina pública, o motor vai falhar e ratear, até parar de vez. Justo nesse ano que parecia que o Brasil iria dar o salto de canguru e os governantes lembrarem-se do sofrido magistério sempre à míngua. A única indústria a produzir mais, será a do paletó de madeira, porque não temos ainda firmado o hábito de cremar.

Chegamos à dolorosa conclusão: um simples espirro na China altera a vivência mundial, mexendo com toda a estrutura econômico-financeira, ceifando vidas, encurtando destinos, antecipando o fim dos idosos faz tempo tidos como estorvos, devastando semelhantemente às guerras. É a isso que chamam globalização? Parece-me que é danação, com os crentes já antevendo o apocalipse ou o princípio das dores.

O que sei é que, com todos os males provocados, temos também uma zoeira de ensurdecer, porque, enquanto a pande mia, os cães vadios latem sem parar. Durma-se com um barulho desses.

“Eita” mundo…

*João Rodella é do Espaço Literário Nelly Rocha Galassi

Colaboração

Artigos de opinião enviados pelos leitores do LIBERAL. Para colaborar, envie os textos para o e-mail opiniao@liberal.com.br.