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Economia no dia a dia

As dificuldades do trabalho flexível

Por Marcos Dias

03 de junho de 2020, às 13h08

Recentemente um tipo de profissional tem crescido bastante na nossa região: trabalhadores que operam por aplicativos de transporte, alimentação, etc. Estas pessoas, quando questionadas sobre a forma de trabalho e suas vantagens ou desvantagens, elegam que é bastante flexível, permitindo inclusive que tenham diversas atividades profissionais, todas flexíveis.

O fato é que o trabalho com horários e locais não definidos, sem patrão e sem regras rígidas (chamado de trabalho independente ou por conta própria) tem crescido bastante nos últimos anos em nosso país, em parte pela crise econômica que tem levado trabalhadores a buscarem novas formas de obtenção de renda, e em parte pelas características dos jovens trabalhadores que estão entrando no mercado de trabalho: buscam experimentar diversas experiências profissionais.

Inicialmente, esse tipo de trabalho pode ser bom, pois permite ganhar mais e desfrutar da flexibilidade para organizar o seu próprio horário. Muitas pessoas gostam disso! Trabalhar de forma flexível dá a oportunidade de fazer um trabalho com o qual se orgulha ou dá prazer, além de também permitir que se tenha tempo para realizar projetos paralelos. Mas o trabalho flexível nem sempre é assim!

Em primeiro lugar, muitos desses trabalhadores sentem que estão no escuro. Quando se trabalha dessa forma, há a necessidade de informações claras e confiáveis, pois o trabalhador nem sempre sabe quais meios utilizar para a realização do serviço, qual a melhor forma de fazê-lo, qual o valor ideal a ser cobrado ou quais são seus direitos e deveres.

Em segundo lugar, estes trabalhadores tendem a não ganhar muito dinheiro. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que a renda média desse tipo de trabalhador, na Europa, foi de 40% menor que o trabalhador convencional (com contrato), nos períodos entre 2010 e 2017. E nesse caso a situação de independência é ruim para o trabalhador, pois ele não tem com quem negociar as perdas de renda com um chefe, supervisor, etc.

Em terceiro lugar, um trabalhador flexível necessita de um controle maior de seus ganhos e gastos, para não ter problemas financeiros no final do mês. Esse tipo de trabalho exige dele uma dedicação maior de horas para controlar as entradas e saídas de dinheiro, o fluxo e caixa e os gastos recorrentes.

Apesar dessas dificuldades, o trabalho por conta própria tem se tornado a única alternativa para trabalhadores que perderam seus postos de trabalho, e não conseguem se recolocar no mercado de trabalho. Em muitos casos o que era para ser uma alternativa acaba virando uma situação definitiva de trabalho precarizado e pouco remunerado.  

Marcos Dias

Conteúdo desenvolvido pelo economista e professor de economia da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, Marcos Dias.