Acada governo que toma posse neste País, a questão da situação fiscal volta à pauta. Todos chegam cheios de planos e projetos que demandam investimentos e despesas que, dificilmente, estão disponíveis no orçamento. Para a maioria dos governos de plantão, independentemente de seu viés ideológico, a solução é cortar despesas de custeio e, invariavelmente, o discurso de que o “cálculo atuarial da previdência não fecha” é trazido à baila…

Cálculo atuarial que nunca é apresentado de maneira transparente e didática, mas que governos vendem a alma na promessa de uma “solução final”! Assim, planos econômicos e reformas previdenciárias sempre enfiam a mão no bolso dos aposentados,

O tratamento dado a aposentados e pensionistas é, no mínimo, de uma ingratidão desavergonhada! Penalizar aqueles que só ajudaram o País com seu trabalho e renda é um abuso e desumanidade. Poucos privilegiados se aposentam com valores elevados.

Como “pau que bate em Chico, também, bate em Francisco”, é bom destacar que no processo de “revisão da vida toda”, o governo anterior e o atual fizeram de tudo para não devolver o que o próprio STF já havia reconhecido aos aposentados e pensionistas!
Será que nossos diferentes governantes esquecem que o trabalhador que, hoje, sobrevive com os recursos da Previdência, durante décadas, contribuiu para ter na velhice uma qualidade de vida digna? Como falar em dignidade quando o teto dos benefícios do INSS é de R$ 7.087,22

Isso me lembra uma fala da tragédia shakespeariana “Rei Lear”, quando o personagem principal solta uma frase que cabe muito bem à imensa maioria dos nossos governantes: “Mais aguçada do que os dentes de uma serpente é a ingratidão de um filho”!

Orestes Camargo Neves
Ex-vereador de Americana