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O Caixeiro Viajante

A China vai quebrar a indústria brasileira?

Não podemos nos dar ao luxo de perder nossas indústrias para a concorrência estrangeira. É necessário agir de forma proativa para proteger e fortalecer nossa base industrial

Por Oswaldo Nogueira

24 de março de 2024, às 09h49

Nos últimos tempos, tem-se observado um aumento significativo nas importações em vários setores industriais no Brasil, o que tem gerado crescentes preocupações entre os industriais do País. Uma das questões mais discutidas é a invasão de produtos chineses, que estão encontrando maneiras criativas de driblar as barreiras comerciais estabelecidas.

Um exemplo emblemático desse fenômeno é a estratégia adotada no setor de pneus, onde pneus radiais chineses estão sendo montados em rodas de aço, escapando assim das taxações impostas apenas sobre os pneus. Essa prática, embora engenhosa, tem gerado desconforto entre os produtores nacionais, que veem nela uma ameaça à competitividade do mercado interno.

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No setor siderúrgico, as reclamações também são evidentes. O aumento expressivo das importações de aço da China tem causado preocupações entre os produtores brasileiros, que enfrentam a concorrência de produtos chineses com preços abaixo do praticado no mercado interno. Essa situação, muitas vezes caracterizada como dumping, torna-se ainda mais alarmante quando se considera o grande estoque chinês pronto para ser desovado no mercado brasileiro.

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Contudo, talvez nenhum setor esteja sofrendo tanto quanto o têxtil. Empresas brasileiras têm enfrentado uma crise sem precedentes, com fechamento de fábricas e demissões em massa. Um relato de uma grande tecelagem que visitei recentemente revelou que fevereiro foi o pior mês em 50 anos de história da empresa. Em contrapartida, importadores que trazem produtos têxteis da China relatam um aumento significativo nas vendas durante o mesmo período.

Esse paradoxo é emblemático e revelador das complexidades do mercado globalizado. Enquanto alguns setores industriais enfrentam dificuldades sem precedentes, os importadores prosperam.

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O exemplo dos Estados Unidos, que há vários anos não possui mais indústrias têxteis, serve como um alerta para o Brasil. Na Argentina, várias indústrias fecharam suas fábricas e tornaram-se importadoras, escapando da pressão dos sindicatos e das exigências ambientais, inexistentes na China.

Não podemos nos dar ao luxo de perder nossas indústrias para a concorrência estrangeira. É necessário agir de forma proativa para proteger e fortalecer nossa base industrial, garantindo empregos e desenvolvimento econômico sustentável.

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Oswaldo Nogueira

Empresário e ex-vereador de Americana, escreve sobre temas do cotidiano com o objetivo de ser uma fonte de provocação e reflexão para os leitores; coluna quinzenal