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Smartphones

Celular em sala de aula: aliado ou vilão do ensino?

Ministério da Educação prepara projeto de lei para proibir o uso dos aparelhos em escolas

Por Lucas Ardito

28 de outubro de 2024, às 14h17

O uso do celular nas escolas voltou a gerar debates e pode ser proibido a partir de 2025 - Foto: Adobe Stock

A discussão sobre o uso do celular em sala de aula comumente vem à tona no ambiente escolar. Enquanto uns defendem que o aparelho pode ser um aliado no aprendizado, outros entendem que se trata de um vilão para os alunos. Para dar fim ao debate, o MEC (Ministério da Educação) prepara um projeto de lei para proibir smartphones em escolas públicas e privadas do País.

Entre os principais argumentos contrários ao celular, estão a distração com notificações e, principalmente, a baixa socialização com outras crianças, incluindo em horários de intervalo.

Em julho deste ano, inclusive, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) sugeriu o banimento dos celulares em sala de aula.

Para a psicopedagoga Valéria Evangelista Martinez, a falta de integração é prejudicial para o desenvolvimento dos alunos. “O celular pode também causar a falta de interação social entre os colegas, isso está muito comum entre as crianças. Elas não conversam, não brincam mais, não se vê mais brincadeira entre elas. Acabou a questão da infantilidade entre as crianças, elas deixaram de ser crianças por conta do celular”.

Valéria afirma que o uso do celular no ambiente escolar pode ser valioso desde que tenha caráter de pesquisa e seja supervisionado pelos professores. Além disso, a especialista diz acreditar que os pais precisam compreender que o aprendizado da criança é maior quando o contato com o aparelho é menor. Isso é válido tanto para a escola quanto para o dia a dia em casa.

“Acho que a proibição pode aumentar a resistência dos alunos, porque tudo que é proibido é mais prazeroso. Creio que, se fizermos alguns combinados, principalmente com os adolescentes, teremos mais progresso em relação ao aprendizado do que com o banimento. O adolescente precisa sentir a confiança, a empatia com o profissional que está trabalhando com ele”, completou.

Para o diretor pedagógico do Colégio Antares, de Americana, Volnei Sacado, os aparelhos em sala de aula podem colaborar com a aprendizagem caso seja aplicada uma metodologia precisa. Caso contrário, é prejudicial aos alunos.

“Se o celular não for solicitado pelo professor dentro da estrutura adequada para a aula, os impactos serão negativos, sempre. O ensino é uma atividade que precisa de atenção, concentração e reflexão por parte dos professores e dos alunos. Como o celular é regido por algoritmos que ‘viciam’, obviamente não tem como conciliar a aprendizagem com o seu uso. O resultado é desatenção e baixo desempenho acadêmico, além de ansiedade, medo e depressão”, explicou.

O diretor ainda ressalta que a geração que está na escola é a primeira a ter acesso ao celular desde os primeiros anos. Ele afirma que, futuramente, é provável que existam regras que melhorem a qualidade do uso do aparelho na vida social e na escola. Entretanto, neste momento a proibição é mais saudável para as instituições de ensino.

“No início os alunos resistem, mas em pouco tempo começam a entender as vantagens da proibição. Como não estão submetidos à notificações, vídeos, imagens e mensagens viciantes e sem conteúdo, dedicam mais tempo para conversas, leituras, brincadeiras, movimentos, etc. e isso acaba incentivando o desapego ao celular e às redes sociais, permitindo um uso melhor também em locais externos à escola, onde o uso é liberado”.

Proibição a partir de 2025. Apesar do projeto de lei ainda não ter sido finalizado, a expectativa do MEC é que a restrição dos celulares nas escolas já valha para o ano letivo de 2025. A pasta ainda discute se a proibição será apenas em sala de aula ou em todo o ambiente escolar.

A regulamentação já tramita no Congresso Nacional há quase uma década. Em 2015, foi protocolado pelo deputado federal Alceu Moreira (MDB) um projeto que proíbe celulares e tablets em salas de aula da educação básica e superior. Na educação infantil, os aparelhos seriam permitidos apenas em atividades pedagógicas. 

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