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Inflação

Famílias mudam hábitos de consumo em função dos preços altos

Aumento nos alimentos e serviços básicos leva moradores de Americana à adaptação forçada e à redução de gastos

Por Ana Carolina Leal e Maria Eduarda Gazzetta

26 de setembro de 2021, às 09h23 • Última atualização em 26 de setembro de 2021, às 09h32

Cada vez mais visível em itens básicos como alimentação, gás de cozinha, gasolina e energia elétrica, a alta dos preços tem obrigado famílias de Americana, principalmente as mais pobres, a cortar gastos e alterar hábitos de consumo para sobreviver.

Desde o início do ano, o preço médio do botijão de gás aos consumidores subiu quase 30%, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), passando de R$ 75,29 no final de 2020 a R$ 96,89 na semana passada. A alta é mais de cinco vezes a inflação acumulada no período, de 5,67%.

Preço do gás de cozinha é um dos vilões dos consumidores – Foto: Arquivo / O Liberal

O aumento fez com que um casal de aposentados entrevistados pelo LIBERAL passasse a cozinhar apenas uma vez ao dia para economizar no gás. “Não tem jeito, não podemos abusar. Não consigo fazer um bolo, um pudim. Alimentação quase no zero mesmo”, comentou a dona de casa, de 60 anos, que assim como o marido pediu para ter a identidade preservada. Eles moram no Parque Gramado.

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A também aposentada Fátima Aparecida Picinatto Fagan, de 67 anos, moradora do Jardim Brasil, disse que antes, com R$ 100, dava para comprar bastante coisa e hoje não dá para quase nada. “Deixei de comprar muitos alimentos e aproveito as promoções para garantir ao menos o básico”. Ela e o filho também têm aproveitado ao máximo a luz do dia para economizar energia.

Dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o óleo de soja foi o que teve o maior aumento nos últimos meses no Brasil (67,7%). No ranking da inflação, aparece o feijão-fradinho (40,28%), arroz (32,68%), carne (30,77%) e aves e ovos (23,11%).

Preço da carne bovina também obriga alguns consumidores a buscarem alternativas – Foto: Pixabay

Na casa da desempregada Maria José da Silva, 45 anos, a carne tem sido substituída por ovo e salsicha, sendo que saladas e legumes têm ganhado cada vez mais espaço nos pratos por conta dos preços. “Tivemos que diminuir bastante para economizar”. Ela e o marido também evitam tirar o carro da garagem por conta do valor da gasolina, cujo o litro está próximo de R$ 6.

MOTIVOS
Segundo o economista e professor Bruno Pissinato, a inflação em alta é resultado, entre outros fatores, do encarecimento dos insumos básicos devido aos efeitos da pandemia da Covid-19 e do dólar caro.

Bruno explica que antes da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus, muitos complexos produtivos vinham em um processo de diminuição de oferta, o que foi acentuado na pandemia. Aliado a isso, o câmbio (dólar) elevado favoreceu as exportações de insumos e gêneros alimentícios e encareceu a compra de matérias-primas.

E para agravar ainda mais o cenário, disse o economista, as condições climáticas (seca e frio excessivos) prejudicaram a produção de alimentos e a geração de energia elétrica. “Esta oferta mais ‘fraca’ enfrenta uma lenta recuperação da demanda agregada (procura) em 2021 o que impele ainda mais os preços para cima”.

Como consequência, as famílias têm o patrimônio corroído pela inflação. Em outras palavras, as pessoas ficam menos ricas, declarou Bruno. “A capacidade de converter o salário em bens para consumo diminui, o que necessariamente onera as pessoas de menor renda”.

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