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Economia

Em nota, Correios esclarecem que não pretendem suprimir direitos dos empregados

Por Agência Estado

03 de agosto de 2020, às 18h53 • Última atualização em 03 de agosto de 2020, às 19h16

Funcionários dos Correios afirmam que devem entrar em greve no próximo dia 18, alegando que tiveram 70 direitos revogados, como 30% do adicional de risco, vale-alimentação e auxílio-creche. De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a categoria entrou em estado de greve e vai realizar assembleias regionais no dia 17 para confirmar a paralisação.

Procurados pelo Estadão, os Correios responderam que não descumpriram nenhuma lei, e que precisaram “se adequar não só ao que o mercado está praticando, mas, também, ao que está previsto na legislação”, por causa da dificuldade financeira da empresa. “Os Correios esclarecem que não pretendem suprimir direitos dos empregados. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando todos os direitos dos empregados”, aponta a nota enviada pela empresa.

Os Correios também afirmam que as reivindicações da Fentect gerariam um acréscimo de R$ 961 milhões nas despesas, quase dez vezes o lucro do ano de 2019. De acordo com Rivaldo, não haveria nenhuma despesa extra, pois os benefícios já estavam garantidos.

Quanto à distribuição de equipamentos de segurança, os Correios disseram que não procede a falta de distribuição, e que seguem adotando medidas de proteção, como o recebimento de máscaras laváveis e álcool em gel, além da sanitização do ambiente em caso de suspeita de contaminação.

A empresa não divulgou o número de funcionários contaminados e de óbitos pela covid-19, alegando compartilhar essas informações apenas com as autoridades competentes.

Acordo coletivo

Em nota publicada em seu site, a federação aponta que os Correios desrespeitaram um acordo coletivo vigente até 2021, e que funcionários receberam o contracheque de agosto com descontos indevidos. “Não estamos fazendo uma reivindicação, estamos tentando manter o que a gente já tem há mais de 30 anos”, afirma José Rivaldo da Silva, secretário-geral da Fentect.

A Fentect ainda afirma que houve aumento na participação dos planos de saúde, enquanto houve redução da parte da empresa, algo incompatível com a média do piso salarial dos funcionários, de R$ 1,7 mil. “Já saíram mais de 40 mil pessoas do plano por não conseguirem pagar. Hoje, estamos pagando 50% de todo o custo, sendo que antes era 10%, e em 2017 passou a ser 30%”, diz Rivaldo.

Além disso, a federação afirma que há “descaso e negligência da empresa com a vida de trabalhadores e clientes” durante a pandemia. De acordo com a publicação no site da Fentect, os sindicatos estão travando diversas disputas judiciais para haver maior distribuição de itens de segurança, como sabonete, álcool em gel, desinfecção de agências e testagem de trabalhadores.

O sindicato também diz que os Correios se negam a fornecer os dados de funcionários e terceirizados infectados pela covid-19 e a quantidade de óbitos pela doença. O secretário-geral da Fentect afirmou que mais de 50 funcionários morreram em decorrência do novo coronavírus, e que falta transparência no órgão.

Para a federação, os Correios têm passado por sucessivos desmontes, como justificativa para uma futura privatização. “É um sucateamento que se agravou nos últimos anos, que se junta ao enxugamento da empresa, em que fazem um plano de demissão voluntário, mas não preveem reposição por meio de concurso”, diz Rivaldo.

Reação do governo

O secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, criticou a possibilidade de greve dos funcionários dos Correios em plena crise da pandemia da covid-19. Segundo ele, os funcionários ameaçam deflagrar uma nova greve a partir de amanhã.

“A empresa nos últimos 12 anos só não entrou em greve no ano da campanha da ex-presidente Dilma em 2010. Estatais são foco das greves que atormentam o País”, escreveu Salim em mensagem na sua rede social.

Salim publicou gráfico com dados sobre as greves nas empresas estatais desde 1984. Em 2018, as greves somaram 73. O pico (171) foi em 1989.

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