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Economia

Como falar com as crianças sobre dinheiro?

Confira dicas de especialista para tornar o tema atraente para os pequenos

Por Redação

17 de outubro de 2022, às 08h05 • Última atualização em 17 de outubro de 2022, às 08h06

Para auxiliar na compreensão do ato de poupar, ajude a criança a guardar dinheiro mensalmente - Foto: Adobe Stock

Ensinar aos filhos como ter uma vida financeira saudável é uma preocupação de 85% dos pais brasileiros, segundo dados do Serasa de 2021. Esse aprendizado pode começar mais cedo do que se imagina. A partir dos três anos já é possível introduzir o assunto com os pequenos. Entretanto, informações teóricas não são suficientes – é preciso coerência, empatia, criatividade e muita prática, segundo a especialista em desenvolvimento humano e financeiro, Tamirys Machado.

Crianças observam e reproduzem comportamentos dos pais com frequência. Por isso, é preciso ter consciência da dinâmica financeira dentro do núcleo familiar. “De modo geral, a família exerce um importante papel em disseminar o conhecimento inicial. É comum que as crianças reproduzam na vida adulta atitudes e crenças financeiras similares às que seus pais tinham em casa, ainda que de forma inconsciente. Então, o impacto que causamos nos filhos hoje pode influenciar várias gerações à frente”, explica Tamirys.

Um bom exemplo dessa influência é a força de crenças como ‘dinheiro foi feito para gastar’, ‘o dinheiro corrompe qualquer pessoa’ ou ‘o dinheiro é sujo’. Quando reforçadas, essas afirmações tendem a atrapalhar, principalmente se vierem acompanhadas de atitudes incongruentes:

“Crianças entendem que ‘não é não’ e que ‘sim é sim’, e nos cobram quando veem algo diferente. Por exemplo, se o seu filho lhe pede um brinquedo e você nega e diz que não tem dinheiro, mas, logo em seguida, entra em uma loja de roupas e sai cheio de sacolas, ele vai questionar ‘Ué, mas você disse que não tinha dinheiro?’. É aí que os pais ficam sem resposta”, comenta a especialista.

Por onde começar? Com a educação e o equilíbrio financeiro da própria família. O mesmo estudo do Serasa que identificou a preocupação dos pais em ensinar os filhos sobre o tema, revela a dificuldade na prática: cerca de 65% já ficaram com o nome sujo e atrasaram pagamentos de contas básicas ou do cartão de crédito; outros 75% precisaram utilizar a reserva financeira para quitar dívidas.

“Ao cuidar de forma consciente e equilibrada das finanças da família, os pais já começam a naturalizar o tema e ampliar a perspectiva dos pequenos”, afirma Tamirys Machado, que aponta cinco dicas para proporcionar um aprendizado aprofundado para as crianças:

  • Entenda o que abordar em cada faixa etária: Para crianças entre 3 e 5 anos, é interessante começar a explicar o que é o dinheiro, como ele surgiu e as diferenças entre cédulas e moedas. Depois, entre 6 a 9 anos, pode-se introduzir pequenos cálculos, fortalecer as noções de produto e serviço, o ato de poupar e contextualizar relações de troca.
  • Explique o porquê: Se negar algo à criança, como um brinquedo, não diga apenas que não tem dinheiro. Isso vai fazer com que ela reforce a ideia de que o dinheiro é o culpado dela não ter o que quer.
  • Fale sobre isso no dia a dia: Uma ida à cafeteria pode ser um bom momento para explicar à criança que existe um cardápio com itens e preços para escolhermos. Converse com ela, de forma lúdica, mostrando quais são os itens mais caros e quais são os mais baratos. Aliás, também é possível levar algumas cédulas de brinquedo para contar quantas ela precisaria para pagar a conta. Essa dinâmica estreita os laços afetivos e integra a criança como um agente importante dentro daquele ambiente.
  • Aposte nos recursos criativos: Livros infantis, jogos e brincadeiras que trazem a temática de um jeito leve e divertido são ótimos recursos para ensinar. Desenhar com a criança as cédulas mencionadas na dica anterior é um bom jeito de começar também. Outra possibilidade é apresentar para elas dinheiros antigos e contar histórias. Use a imaginação.
  • Inicie um cofrinho: Para auxiliar na compreensão do ato de poupar, estabeleça metas com a criança (por exemplo, algum brinquedo que ela queira comprar) e ajude-a a guardar dinheiro mensalmente até chegar na quantia suficiente para completar o objetivo.

Recompensa por tarefas domésticas é uma boa ideia?

“Por se tratar de um assunto que divide opiniões, gosto de analisar os dois cenários possíveis. O primeiro é se eu ensinar a criança a fazer tarefas apenas por obrigação. Isso pode frustrá-la e impedi-la de entender a importância de executar aquela atividade. O segundo é eu sempre recompensar a criança pelas tarefas. Nesse caso, ela pode compreender que só deve fazer algo se resultar em uma troca. Nenhuma das situações é uma boa ideia”, reflete Tamirys.

A especialista orienta: “Para aproveitar o melhor dos dois cenários, recomendo dividir as tarefas cotidianas como uma responsabilidade de todos os membros da casa e, para a criança, separar algumas tarefas extras que serão recompensadas com dinheiro.

O equilíbrio é sempre o melhor caminho”, conclui.

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