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Cotidiano

PE determina toque de recolher; mais de 90% dos leitos de UTI estão ocupados

Por Agência Estado

26 de fevereiro de 2021, às 19h03 • Última atualização em 26 de fevereiro de 2021, às 19h48

Para evitar o colapso do sistema de saúde com a alta de casos e mortes por covid-19, o governo de Pernambuco anunciou novas medidas restritivas, com toque de recolher, das 22h às 5h, a partir deste sábado, 27. A medida, que proíbe o funcionamento de atividades não essenciais durante a noite e a madrugada, valerá até 10 de março. Em todo o Estado, mais de 90% dos 998 leitos de UTI já estão ocupados.

Na última quarta-feira, 24, o governo estadual já havia anunciado ações restritivas em 63 municípios do interior, cujas taxas de ocupação de UTI já estavam muito elevadas. O primeiro decreto é ainda mais rigoroso nas Gerências Regionais de Saúde (Geres) II, IV e IX, com sedes nos municípios de Limoeiro, Caruaru e Ouricuri, onde as atividades econômicas e sociais estão proibidas entre 20h e 5h. Também nessas regiões, os dois próximos finais de semana terão as atividades proibidas das 17h às 5h. O governo também prorrogou a suspensão de eventos corporativos e sociais.

Em Recife, 77% dos leitos de UTI disponíveis estão ocupados, 100 de um total de 130. Já as enfermarias estão 64% ocupadas, 110 das 172 em funcionamento. Atualmente, Pernambuco tem a maior rede pública de saúde dedicada à covid-19 do Norte e Nordeste e a segunda do País, atrás de São Paulo, com um total de 1.935 leitos (enfermaria e UTI). Por outro lado, manteve a permissão para retomada das atividades pedagógicas presenciais do ensino fundamental e educação infantil nas instituições públicas a partir de 15 de março.

Pernambuco confirmou na última quinta-feira, 25, 1.202 novos casos de covid-19 e 15 óbitos, totalizando 295.681 infectados e 10.926 mortos desde o início da pandemia. Segundo o médico Sílvio Cajueiro, que atua há 1 ano na linha de frente, as equipes de saúde estão sobrecarregadas. “Mas a população, no geral, é como se estivesse alheia. Isso angustia a gente. É uma sensação de que não vai melhorar e a gente segue a enxugar gelo”, afirma. “A gente ouve as pessoas dizendo que a situação está piorando, mas já piorou há muito tempo e parece que essa percepção não é de domínio comum”.

‘O medo acabou, mas a pandemia não’

Segundo ele, um dos maiores problemas é que boa parte da população perdeu o medo. “Se fizermos um comparativo com março, abril e maio do ano passado, até o período do São João, as pessoas estavam extremamente assustadas e isso era um senso comum. Tínhamos supermercados vazios, ruas sem carros, não víamos bicicletas e nem crianças nas ruas, muito menos idosos”, diz. “O medo acabou, mas a pandemia não. Agora estamos lidando com a população que se sente imune, sabe Deus baseada em quê”.

De acordo com Cajueiro, atualmente não há mais problemas com a distribuição de equipamentos como havia há 6 meses, mas um medo muito grande, entre os profissionais de saúde, pela falta de leitos, seja na rede pública ou na privada. “As unidades que tinham que expandir já expandiram, a rede privada não tem mais espaço físico para expandir. Na rede pública, os pacientes estão sendo entubados nas policlínicas, nas UPAs e hospitais municipais de médio porte, mas não tem para onde desaguar esses pacientes. Uma entubação, que deveria ser encaminhada para uma UTI, acaba ficando até quatro dias na urgência internado, isso quando não morre antes”, relata.

Além da gravidade da situação dos leitos, o médico aponta para uma possível mudança no perfil dos pacientes. “A gente vem internando pacientes com 30, 40, 50 anos, jovens, saudáveis, alguns do grupo risco, sim, mas muitos sem tanta morbidade quanto se esperaria para a gravidade de como estão chegando”, afirma. “E isso angustia porque muitos pensam que ao vacinar os idosos a pandemia acabará, mas se eu estou lotando as UTIs com pacientes que não são do grupo prioritário de vacina, eu ainda não vou secar os hospitais. É emocionalmente péssimo”.

Vacinação e abertura de leitos

Em pronunciamento oficial, feito na última quinta-feira, 25, o governador Paulo Câmara disse que, além das novas medidas restritivas, vai atuar em outras 2 frentes para evitar um comprometimento ainda maior da rede hospitalar. A primeira, a ampliação da equipe de logística para reduzir o prazo de entrega de vacinas aos municípios assim que a vacina chegar a Recife; e a segunda, um aumento de 30 leitos de UTI no Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa neste final de semana.

O secretário estadual de saúde, André Longo, afirmou que vai abrir chamada pública para contratação de leitos de UTI e enfermaria dedicados à covid-19 na rede privada. O edital deve ser publicado ainda nesta semana no Diário Oficial e a contratação será por 90 dias, podendo ser prorrogada a depender da necessidade. A expectativa da secretaria é contratar 300 leitos de enfermaria e 150 de UTI para adultos, além de 40 leitos de terapia intensiva pediátricos e neonatais.

O governador também informou que a polícia e outros órgãos vão fiscalizar o cumprimento do novo decreto e que, já a partir do início da próxima semana, as medidas restritivas podem ficar ainda mais duras: “Vamos monitorar os dados minuto a minuto neste final de semana. Caso os índices permaneçam piorando, novas medidas restritivas serão anunciadas já no início da próxima semana. Esse é mais um momento decisivo na nossa luta contra a covid. Já ficou claro que cada um precisa fazer a sua parte, usando máscara, higienizando as mãos e evitando aglomerações”.

No mesmo pronunciamento, Câmara falou da gravidade da pandemia neste momento. “Há um ano, em 25 de fevereiro de 2020, Pernambuco registrava o primeiro caso suspeito da covid-19. Naquela data, toda a estrutura que o Estado contava (…) eram 10 leitos de isolamento no Hospital Oswaldo Cruz. Doze meses depois, temos quase 2 mil leitos dedicados aos infectados pelo vírus, sendo 998 de UTI em 16 municípios. Colocamos para funcionar a segunda maior rede de leitos de terapia intensiva do País. Infelizmente, o novo avanço da doença pressionou o nosso sistema e a taxa de ocupação de UTI superou, hoje, os 90%”, declarou.

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