25 de abril de 2024 Atualizado 23:44

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Covid-19

“Os mesmos que fazem carreata vão ficar em casa”, diz Mandetta

"Daqui a duas semanas, três semanas, os mesmos que falam 'vamos fazer carreata' vão ser os mesmos que vão ficar em casa", declarou Mandetta

Por Agência Estado

28 de março de 2020, às 19h10 • Última atualização em 29 de março de 2020, às 10h31

Foto: Isac Nóbrega - PR
Mandetta disse que, no momento, os minutos valem horas para combater a propagação do vírus, que já contaminou mais de 3 mil brasileiros

Em discurso contundente pela manutenção das medidas de isolamento para conter o avanço da covid-19, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, se posicionou contra carreatas que ocorreram em diversos Estados do País pela flexibilização da quarentena e a retomada de atividades econômicas. O ministro afirmou que o novo coronavírus entrou no Brasil através da elite econômica e que é preciso preservar o sistema de saúde brasileiro neste momento para garantir atendimento a todos.

“Fazer movimento assimétrico de efeito manada… Daqui a duas semanas, três semanas, os mesmos que falam ‘vamos fazer carreata’ vão ser os mesmos que vão ficar em casa. Não é hora”, declarou Mandetta durante coletiva de imprensa nesta sábado, 28, para atualizar dados sobre a epidemia no País.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro chegou a classificar o movimento de pessoas que saíram às ruas de carro para protestar contra a quarentena como “fantástico” e disse que governadores e prefeitos deveriam prestar atenção.

“Essa doença entrou pela elite do Brasil, elite econômica. Aqui em Brasília, os casos são quase todos no Plano Piloto e no Lago Sul, não chegou na periferia do sistema. Como no Rio de Janeiro, a Barra da Tijuca, o Leblon, ainda não chegou, está começando a entrar nas comunidades”, alertou Mandetta neste sábado.

Ele disse que, no momento, os minutos valem horas para combater a propagação do vírus, que já contaminou mais de 3 mil brasileiros e matou 114, segundo a última atualização feita na tarde de hoje. Mandetta afirmou, ainda, que é preciso poupar o sistema de saúde porque os profissionais ainda não possuem materiais adequados em quantidade suficiente. Se médicos e enfermeiros se contaminarem, o ministro afirma que não haverá pessoas para usar os equipamentos e atender as pessoas.

“Agora vai ter que poupar o sistema de saúde. Não é hora de sobrecarregar o sistema, seja em nome do que for. É hora de aguardar, vamos ver como essa semana vai se comportar e nós vamos ter essa semana a discussão dentro da saúde para achar os parâmetros.”

Cloroquina

Ainda na contramão do discurso de Bolsonaro, Mandetta falou que o uso da cloroquina, ainda em estudo como medicamento de combate ao novo coronavírus, não tem comprovação científica. “Cloroquina não é panaceia. Não é o remédio que veio para salvar a humanidade”, disse.

De acordo com o ministro, há vários medicamentos em estudo e a cloroquina só tem sido usada para casos graves da covid-19. Do contrário, pode causar arritmia cardíaca e sobrecarregar o fígado.

“Se sairmos com a caixa desse medicamento falando ‘pode tomar’, nós podemos ter mais mortes por mau uso de medicamento do que pela própria virose. Então, não façam isso. Esse medicamento tem a sua indicação para lúpus, artrite rematóide e malária, claramente colocado ali”, enfatizou.

Na última semana, durante reunião com os países que compõem o G20, o presidente Jair Bolsonaro levou uma caixa de hidroxicloroquina e falou sobre os benefícios do fármaco. Depois, em conversa com jornalistas, Bolsonaro disse que ouviu falar que o remédio tem sua eficácia “100% comprovada”.

Publicidade