Pais & Filhos
Mundo virtual: descubra como proteger as crianças dos perigos da internet
Especialista destaca a importância do diálogo e dá dicas sobre segurança digital para os responsáveis
Por Ana Carolina Leal
19 de agosto de 2024, às 08h44
Link da matéria: https://liberal.com.br/mais/tecnologia/mundo-virtual-descubra-como-proteger-as-criancas-dos-perigos-da-internet-2235913/
A crescente presença de crianças e adolescentes no mundo digital acende um sinal de alerta para pais e responsáveis redobrarem os cuidados para garantir um uso seguro e equilibrado da internet.
Doutora em Educação pela PUC Campinas e mestre em Direito da Sociedade da Informação pela FMU (Faculdades Metropolitanas), a advogada Christiany Pegorari afirma que crianças e adolescentes, até pela própria legislação, são considerados pessoas em desenvolvimento e, portanto, mais vulneráveis e suscetíveis a diversos comportamentos, incluindo e, principalmente, comportamentos criminosos, porque têm maior dificuldade de avaliar situações de risco.
“São mais vulneráveis a crimes como perseguição, pornografia infanto-juvenil, aliciamento, induzimento e instigação ao suicídio e automutilação, entre outras situações que podem, inclusive, sair do ambiente da internet para o ambiente real, como, por exemplo, utilizar as informações que são postadas para a prática de sequestro e estupro”, compartilha.
De acordo com Christiany, o melhor caminho para proteger a privacidade online das crianças é sempre o diálogo, a educação e a instrução a respeito das situações de risco e dos recursos para segurança.
“Por mais que os pais adotem todos os recursos de aplicativos e filtros, nada garantirá 100% a segurança da criança ou adolescente online como não garante 100% a segurança de ninguém. Por isso que o diálogo é fundamental”, defende.
A advogada enfatiza que quanto mais a criança e adolescente forem orientados, menores serão os riscos deles se envolverem com uma situação de perigo.
“Nessa conversa, os pais podem alertar sobre a interação com estranhos, sobre os riscos de conhecer uma pessoa só pela internet e de encontrá-la sozinha, a necessidade de postar o mínimo possível de informações pessoais, a ensinar reconhecer comportamentos suspeitos e a não acessar conteúdo inadequado. A conversa é, sem dúvida, o melhor caminho para elucidar essa criança e adolescente”.
Como monitorar. Segundo a advogada, existem diversos aplicativos disponíveis e software de controle que, principalmente com o uso da inteligência artificial, geram alertas sobre a detecção de palavras-chave que indiquem situações inadequadas como sexo, violência e pornografia.
Esses programas também permitem o bloqueio ou filtro de conteúdo inapropriado, gerenciamento de limite e tempo de uso do aplicativo, e limpeza de dados remota.
Alguns desses aplicativos, conhecidos como “spyware” ou “stalkerware”, permitem visualizar contatos, registros de chamadas, histórico de localização, entre outras informações.
Redes sociais. A maior parte das redes sociais estabelece uma idade mínima de 13 anos para criação de contas. A legislação impõe restrições para que menores dessa idade não possam se cadastrar, porém, muitos pais acabam criando perfis para seus filhos, inclusive desde bebês, o que não é recomendado, mesmo com boas intenções.
“Quanto mais cedo uma criança entra nas redes sociais, mais influenciada por elas se torna e mais suscetível a situações de risco”, alerta Christiany.
Para gerenciar o acesso das crianças à internet, existem ferramentas disponíveis tanto no Google quanto na Apple. Na conta Google da criança, é possível limitar os aplicativos que ela acessa e o tempo de uso.
Da mesma forma, a Apple permite classificar o acesso aos aplicativos por idade e desativar compras.
A advogada afirma que tanto no Android quanto na Apple, há diversas opções de controle parental. Além disso, é importante sempre visitar os sites oficiais dos desenvolvedores dos aplicativos para garantir que sejam originais.
“Baixar aplicativos ou acessar sites não oficiais pode aumentar o risco de instalar vulnerabilidades nos dispositivos, expondo-os a riscos de uso indevido de dados e phishing”, conclui.