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O Caixeiro Viajante

Tripulantes, decolagem autorizada!

Infelizmente, as companhias aéreas que operam no mercado doméstico já não são mais brasileiras

Por Oswaldo Nogueira

21 de julho de 2024, às 08h43

Os aviões estão sempre lotados, as passagens são caras e as empresas cobram pelo despacho de malas e pelas refeições a bordo, além de terem reduzido o conforto dos passageiros com mais poltronas nas aeronaves. Infelizmente, as companhias aéreas que operam no mercado doméstico já não são mais brasileiras. A Gol pertence a um fundo inglês que também administra a Avianca Colômbia; a Latam, aos donos da antiga LanChile; e a Azul, a um fundo norte-americano.

Atualmente, a Gol está em recuperação judicial. A Latam também passou por esse processo, mas informou oficialmente sua saída em 2022. A Azul, por sua vez, firmou um acordo com os credores, estendendo o prazo para o pagamento de suas dívidas até 2030 e oferecendo ações como garantia.

No passado, tínhamos orgulho de duas empresas nacionais: Varig e Panair, que levavam a bandeira do Brasil estampada em seus aviões. A Varig fazia rotas para a América Latina e Estados Unidos, utilizando Boeing com motores Rolls-Royce que permitiam voos diretos do Rio de Janeiro a Nova York, enquanto as aeronaves americanas, equipadas com motores Pratt & Whitney, precisavam de escala, dando assim, preferência à Varig nessa rota.

As refeições da Varig eram preparadas pelo renomado restaurante Vogue do Rio de Janeiro, oferecendo lagostas e vinhos franceses. A Panair também oferecia um serviço refinado com pratos de porcelana, talheres de prata e copos de cristal. O Jornal do Brasil publicava em primeira página a lista de passageiros a caminho de Paris. A Panair foi pioneira na construção de aeroportos no Nordeste e torres de comunicação.

Ambas as empresas não sobreviveram. A Panair foi fechada em 1965 pelo governo militar devido a sua associação com a TV Excelsior, de propriedade dos mesmos donos da companhia, que fazia campanha pela volta da democracia no País, desagradando o governo. A Varig foi severamente prejudicada na década de 1990 pelo governo Collor, com a abertura do mercado para empresas estrangeiras e o congelamento de tarifas.

Outras companhias, como Transbrasil, Vasp e Tam, também sucumbiram. Em uma época em que senhoras viajavam com luvas e chapéus e homens de terno e gravata, meu pai me levava ao Aeroporto de Congonhas aos domingos à tarde para ver o embarque desses ilustres passageiros.

Oswaldo Nogueira

Empresário e ex-vereador de Americana, escreve sobre temas do cotidiano com o objetivo de ser uma fonte de provocação e reflexão para os leitores; coluna quinzenal