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Estúdio 52

Qual o problema com a live-action de Pinocchio?

Filme não define o que quer ao tentar 'remodelar' cenas da animação de 1940

Por Maíra Torres

14 de setembro de 2022, às 09h51 • Última atualização em 14 de setembro de 2022, às 10h20

Assistir à Live Action de Pinocchio me fez lembrar algo que eu sempre soube, desde que o assisti pela primeira vez ainda criança em meu VHS da Disney, mas que faltava concluir formalmente: Pinocchio é um filme para adultos.

Ele fala sobre fazer as escolhas certas e sofrer as consequências de seus erros, incluindo suas mentiras. Mesmo assim, passar essa mensagem para uma criança mostrando dois animais aliciadores e diversas crianças bebendo, fumando e virando burros enquanto choram e gritam pedindo por suas mães, por exemplo, não é a maneira mais didática possível. Óbvio, vale mencionar que o filme é de 1940.

Desde a primeira live-action da Disney, Alice no País das Maravilhas, de 2010, ou mesmo Cinderella – se o considerarmos como o filme que deu início à era dos remakes reais – de 2015, focaram em recontar a história de uma maneira que explique pontas soltas da animação e aprofunde os personagens, dando-lhes contexto e amadurecimento. 

E, mesmo que existam algumas mudanças de intenção e motivo dos roteiros feitos desde a primeira live-action até os dias de hoje, Pinocchio vai totalmente na contramão. O problema do filme é que quem assiste não entende para quem ele foi feito. 

Pinocchio (2022) - Pinocchio Kills Monstro Scene | Monstro Death (HD) -  YouTube
Será que precisávamos de um “monstro” ao invés da clássica “dona monstra”? – Foto:

A princípio a impressão que se tem é de que ele tenta amenizar as cenas pesadas e torná-lo mais infantil, algo visto nos diálogos, na atuação, e até mesmo na escolha em mudar detalhes das cenas. Essa escolha, no entanto, do que deixar, aliviar ou mudar, parece totalmente arbitrária e sem justificativa. Porque é aceitável que uma fada azul dê vida à Pinocchio, mas não que uma baleia azul engula ele e seu pai (e sim, um “monstro marinho”)?

Até mesmo Geppeto, que ganhou motivo para desejar tanto um menino de verdade, se mostrou infantilizado em suas reações e no modo como trata Pinocchio, ultrapassando os limites de “idoso gentil” quando ele nem sequer se zanga ou briga com o filho por tê-lo desobedecido e, por pouco, não ter acabado de um jeito pior.

Todos amamos Geppeto à princípio, mas depois ele só fica refém de seu amor por Pinocchio – Foto:

Pinocchio perdeu seu tom e sua mensagem. Novas cenas e acontecimentos tiram o peso das escolhas do boneco de madeira, tendo em vista que, na live-action, ao invés de optar por “seguir o lado errado”, o personagem se mostra induzido a isso. O filme ainda tenta atualizar a ideia principal e aproximar mais o boneco das crianças que convivemos, dando-lhe problemas mais modernos, como bullying, aceitação e pressão social.

Pinocchio não é um filme chato, é confuso. De tudo isso, o que se pode tirar de digno de aplauso é, além da clara e muito bem feita inclusão de personagens negros e das canções clássicas da obra original, são os questionamentos finais feitos pelo longa, e a mudança significativa que eles trouxeram. A discussão sobre o que o torna um menino de verdade foi abordada com sucesso com o novo final dado ao filme – e que, infelizmente, já tem uma pista de qual será logo pelo trailer.

Nota: 2,0 de 5,0

Maíra Torres

Repórter do Liberal, produtora do Gold Morning e apresentadora do Resumo Gold na FM Gold. Entusiasta de animações desde que aprendeu a abrir os olhos e otaku recém-nascida. A doida que assiste três filmes seguidos no cinema.

Estúdio 52

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