minissérie
15 anos de ‘Presença de Anita’
Minissérie da Globo foi marcada por cenas e diálogos fortes
Por Cristina Bianco
13 set 2016 às 10:41
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Ocupado com novelas durante o decorrer dos anos 1990, Manoel Carlos já estava cansado de tentar tirar do papel o projeto de “Presença de Anita”. Guardada há no mínimo dez anos, a minissérie inspirada no livro homônimo lançado por Mário Donato, em 1948, sempre acabava engavetada pela direção da emissora.
Em 2001, ainda na esteira do sucesso provocado por “Laços de Família” e com o aval de Ricardo Waddington na direção, a produção, enfim, foi aprovada. “Todo mundo na emissora achava a história muito forte. O que de fato era e sempre será. A Globo fazia coisas extremamente ousadas no período e eu ficava indignado com o receio de produzir o mosaico amoroso e sexual que a história do Donato apresentava”, analisa o autor.
Em 16 capítulos exibidos há exatos 15 anos, “Presença de Anita” foi ao ar com a liberdade que merecia. Em cena, não faltaram sequências tórridas, diálogos dilacerantes e a fumaça de cigarro que permeava as sequências do núcleo principal. “Muita gente reclamou da ousadia das cenas sensuais. Mas a principal reclamação social foi com o cigarro. Pouca gente entendeu que ele fazia parte da trama, era uma característica forte do comportamento destrutivo dos personagens”, justifica Waddington.
História
Na trama, o casal Nando e Lucia Helena, de José Mayer e Helena Ranaldi, chegam de férias à pacata e fictícia cidade de Florença com objetivos distintos. Ele queria um ambiente calmo para poder escrever um romance, enquanto ela ansiava por dar um novo gás ao relacionamento.
O “tiro de misericórdia” da relação entre Nando e Lucia Helena atendia pelo nome de Anita, personagem da então estreante Mel Lisboa. Quente e dissimulada, mas sem perder a ternura, a protagonista logo se torna a principal inspiração de Nando para o livro. “Tudo começou a partir de um encontro casual. E aos poucos, a paixão avassaladora se tornou loucura. Não tinha como uma situação tão perigosa acabar bem”, ressalta José Mayer.
Sedutora compulsiva, Anita também despertava os desejos do inocente Zezinho, de Leonardo Miggiorin. O perigoso triângulo foi além da tensão sexual e se revelou passional e sem limites. “O envolvimento deles é tão grande e doente que todos ali estavam dispostos a morrer e matar por ela”, destaca Miggiorin.
“Presença de Anita” contou com atores já familiarizados com o texto de Manoel Carlos, como Vera Holtz, Carolina Kasting, Julia Almeida e Umberto Magnani. A surpresa ficou por conta da personagem-título. Tanto o autor como o diretor queriam lançar um novo rosto e demoraram meses para encontrar a atriz certa. Mais conhecida na publicidade, Mel Lisboa foi uma das últimas a serem testadas. No entanto, agradou pelo despudor em cena.
O papel acabou por marcar profundamente a vida da atriz, que entre prós e contras, se mostra grata pela oportunidade. “Não sei se teria o mesmo desprendimento em cena hoje em dia. Estava me sentindo livre e não sabia a repercussão que a produção teria. Foi um furacão na minha vida, me trazendo coisas boas e ruins. O lado bom, é claro, tem um peso muito maior”, explica a atriz. Geraldo Bessa_TV Press