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  Nova gestão quer Unimed ‘crescendo com próprias pernas’

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8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
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  Nova gestão quer Unimed ‘crescendo com próprias pernas’

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saúde privada

Nova gestão quer Unimed ‘crescendo com próprias pernas’

Médicos escolhidos para gerir cooperativa nos próximos três anos veem cenário econômico instável para grande investimento

Por João Colosalle

17 mar 2019 às 08:01 • Última atualização 17 mar 2019 às 15:39

A nova gestão da Unimed Santa Bárbara d’Oeste e Americana quer a cooperativa “crescendo com as próprias pernas”. O plano é traçado pelos médicos Eduardo Miranda Pinto e César Cielo, presidente do conselho de administração e diretor executivo da empresa.

A cooperativa tem situação financeira estável, segundo Eduardo, mas a mudança na estratégia de investimentos da empresa foi um dos motivos que levaram a nova gestão a apresentar uma chapa alternativa nas eleições da Unimed local, realizadas em fevereiro. Há pelos 20 anos chapas únicas eram aclamadas.

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal
Eduardo Miranda foi eleito para presidir conselho de administração

“Existia uma divergência de opiniões quanto a rapidez de crescimento e a rapidez de investimento”, diz Eduardo. “Estamos num mercado ainda muito instável, na nossa opinião, para um investimento muito grande”. O presidente do conselho e o diretor executivo conversaram com o LIBERAL na última terça-feira.

Segundo Eduardo, há receio quanto ao cenário econômico do País. O desemprego e o fechamento de vagas, por exemplo, acarretam em perda de beneficiários dos planos empresariais. Entre 2015 e 2017, cerca de 3,1 milhões de brasileiros deixaram de ter um plano particular, segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde), sendo absorvidos pelo SUS.

Na Unimed Santa Bárbara e Americana, o número de beneficiários teve queda de cerca de 5%, segundo relatórios de gestão. Atualmente, são cerca de 99 mil beneficiários. Cerca de 70% estão em planos empresariais.

Na operadora local, a sinistralidade – diferença entre o gasto com paciente e o quanto ele paga ao plano – é considerada alta há anos. Em 2017, os custos assistenciais somaram R$ 287 milhões, 7% mais do que 2016.

“O principal intuito é colocar a empresa num patamar que ela possa crescer com as próprias pernas. Você pode crescer com capital externo, mas isso pode fragilizar sua operação”, afirma Eduardo.

Para os médicos, a prestação de saúde enfrenta barreiras culturais no País. Eles citam uma demanda exagerada de busca por atendimentos em prontos-socorros.

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal
Ex-secretário de saúde de Santa Bárbara, Cielo será diretor executivo

“É cultural. O brasileiro acha que a doença dele é mais importante do que a de todos os outros. E qualquer coisa ele vai ao pronto-socorro”, critica Cielo, que foi secretário de Saúde de Santa Bárbara.

O presidente do conselho cita uma tríade de características da população brasileira que torna o serviço complexo e custoso. Segundo ele, em lugar nenhum do mundo convivem o envelhecimento populacional, a ocorrência de traumas, violentos ou não, e as doenças infectocontagiosas.

“Em outros lugares, onde você tem o envelhecimento, você não tem mais o trauma, ou ele é muito reduzido. Onde tem muita doença infectocontagiosa, o indivíduo não vive muito tempo”.

A mudança de cultura passaria pela consolidação do modelo de atenção ao paciente. Comum, porém nem sempre eficaz na rede pública, a proposta de “médicos de família” e cuidados básicos integrais têm ganho força nos planos particulares.

A Unimed oferece, por exemplo, o programa Viver Bem, que faz acompanhamento crônico de pacientes e promove atividades de bem-estar.

“É viável, mas é uma mudança de cultura e de paradigma. O quanto isso vai demorar para acontecer, não temos como prever. Depende muito do usuário. Ele precisa entender que isso é uma melhora para o atendimento dele”, diz Eduardo.

Reestruturação

Escolhido no final de fevereiro em disputa entre duas chapas, o que há pelo menos 20 anos não ocorria na empresa, o grupo liderado pelos médicos Eduardo Miranda Pinto e César Cielo assumiu neste mês com uma nova estrutura de governança cooperativa.

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal
Eduardo Miranda Pinto e Cesar Cielo: reestruturação será aplicada na gestão dos médicos

A operadora separou a diretoria executiva do conselho de administração. Na eleição de fevereiro, sete conselheiros foram escolhidos por voto dos médicos cooperados. O conselho eleito é quem ficou responsável por nomear os três diretores.

Na prática, a diretoria executiva teve os poderes reduzidos dentro de uma gestão que é considerada complexa.

Se antes a diretoria era responsável por definir e executar o planejamento da empresa, agora apenas aplica a estratégia criada pelos conselheiros. Os diretores também perderam o direito ao voto.

O modelo anterior, tornava afastamentos por baixa performance mais difíceis. A nova estrutura prevê que, se não alcançarem os resultados estabelecidos, os diretores podem ser trocados pelo conselho sem necessidade de assembleia.