Para qualquer ator, o primeiro protagonista na televisão é sempre um momento especial. É exatamente por isso que Vandré Silveira passa atualmente. Ele já finalizou as filmagens de “Jenipapo – A Fronteira da Independência”, série que a Amazon exibirá no ano que vem. Para as gravações, o ator passou três meses no Piauí, onde deu vida a Simplício Dias da Silva, um rico fazendeiro que dominou a vida política e econômica da Vila de São João da Parnaíba. “Acredito que este seja meu trabalho mais maduro como ator. Me preparei durante meses para ele”, exalta.

O período em que ficou no Piauí englobou não só as filmagens, mas também a preparação para interpretar o personagem. Um papel que, para Vandré, envolveu inúmeras complexidades. “Meu maior desafio foi humanizar esse homem controverso. Lá, ele era conhecido pelo seu lado cruel, o ‘Simplição’, como ficou lembrado. Além disso, é uma figura que carrega esse lado histórico: foi um importante comerciante que desenvolveu a região da então Vila da Parnaíba e foi o principal patrono da luta piauiense em favor da independência do Brasil”, valoriza.

Na trama, Vandré interpreta Simplício por volta dos 50 anos. “Me interessa muito o trabalho de composição. A maneira de falar, de gesticular, as influências da época e da região, tudo colaborou para este processo”, conta. Na verdade, a série tem como principal função contar a saga da Batalha do Jenipapo, um dos confrontos mais sangrentos da Guerra da Independência do Brasil, ocorrido em 13 de março de 1823, às margens do rio de mesmo nome, na Vila de Campo Maior, no Piauí. “Foi fundamental na história brasileira, mas infelizmente é muito pouco estudada e conhecida”, lamenta.

Vandré completou 40 anos de idade em 2021 – 20 deles dedicados às artes. Antes da estreia de “Jenipapo”, no entanto, ele poderá ser visto como o caminhoneiro Eurípedes na série “Amor dos Outros”, gravada em 2019, em São Luís, no Maranhão. A produção ficará disponível na plataforma Now.

“Ele é muito apaixonado pela mulher, mas ciumento. E volta para a estrada para satisfazer a amada, que tem o sonho de ter uma casa própria fora dos padrões básicos. É um homem bom, porém machista, um bronco, que acha que a mulher tem de ficar em casa cuidando do lar”, explica Vandré. Ele adianta, porém, que um conflito atrapalhará a vida do casal. “Para ajudar na renda familiar, ela acaba indo trabalhar, escondida dele, como camareira em um motel. Isso vai causar uma crise muito forte”, avisa.

VIDA PESSOAL
Interpretar um caminhoneiro acabou tendo um valor especial na carreira e também na vida pessoal de Vandré. É que seu avô era um caminhoneiro. “Aprendi a dirigir caminhão. Tive algumas aulas e foi mágico. Eurípedes é um personagem rústico, mas, ao mesmo tempo, doce. Um ser humano muito afetivo”, descreve Vandré, que também se dedica ao teatro.

O ator até já tem um projeto autoral para tentar emplacar em breve: o espetáculo “A Hora do Boi”, sobre a relação do homem com os animais. “Conta a história do senhor Francisco, um homem que trabalha em um abatedouro de bovinos e se afeiçoa a um boi. E tem um conflito quando chega ‘a hora do boi’, ou seja, o momento do abate está chegando”, entrega.