19 de abril de 2024 Atualizado 20:43

8 de Agosto de 2019 Grupo Liberal Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

Televisão

Trabalho em sequência

Após três reprises no horário nobre, Lilia Cabral valoriza união dos bastidores de “Império”

Por Caroline Borges - Tv Press

15 de maio de 2021, às 10h55

Lilia está cotada para a trama de “Olho por Olho”, nova novela das nove de João Emanuel Carneiro - Foto: Divulgação - Globo

Lilia Cabral foi ágil na hora de relembrar a trama de “Império”. Antes mesmo de a novela estrear na grade da Globo, por conta das paralisações das gravações em virtude da pandemia, a atriz foi em busca de algumas cenas e capítulos do folhetim no Globoplay. Tudo isso porque precisava gravar algumas chamadas para o “promo day” da edição especial do enredo das nove. O exercício serviu não só para matar as saudades do projeto, mas para relembrar sensações importantes.

“Eu tinha de falar como se tivesse acabado de gravar. Então, precisei relembrar a história, fazer o dever de casa, né? Quando entro para defender um personagem, sempre fico nervosa. Mas tem uma hora que a chave vira. Em ‘Império’, essa chave não demorou a virar. Tem novela que você procura essa chave do começo ao fim e não acha”, explica Lilia, que vive a esnobe Maria Marta.

Na história assinada por Aguinaldo Silva, Maria Marta é uma aristocrata falida. Mas ao conhecer José Alfredo, de Alexandre Nero, na Europa, ela acaba se envolvendo com o protagonista. Juntos, os dois constroem um milionário império de pedras preciosas. Apesar do sucesso nos negócios, o casamento passa por momentos difíceis, apresentando uma relação conturbada e desgastada.

“Nessa reprise, eu pude perceber que o grande amor da vida do Comendador foi a Eliane mesmo. A Maria Marta fica a novela toda esperando ouvir um ‘eu te amo’, mas eles tinham, na verdade, uma grande parceria. Os dois tinham embates divertidos e populares, mas, ao mesmo tempo, tensos e dramáticos”, defende.

A exibição original de “Império” é bastante recente. Quais lembranças você carrega desse trabalho que voltou ao ar?
Lilia Cabral Eu me lembro que a estreia dessa novela foi uma surpresa muito grande porque foi muito bem aceita rapidamente. O público acarinhou e comprou a ideia da novela e dos personagens de cara. Então, tivemos um início muito satisfatório. Isso deixou o decorrer do trabalho muito saudável. A interação com atores era ótima, o envolvimento da história, boas interpretações. Tivemos muitas recordações de extremos e alegrias também.

Como assim?
Lilia Eu tenho uma história muito atípica dessa novela. Quando fizemos uma gravação na Sapucaí, eu fiquei no meio do temporal, literalmente. Na época, eu estava com o pé quebrado e estava no alto daquele carvalhão. De repente, caiu uma chuva muito intensa e todo mundo correu, claro (risos). E eu fiquei lá, tendo de aguentar. Mas eu lembro que eu mesma falei para o pessoal da equipe correr, porque eu estava com um guarda-chuva. Tive de aguentar lá em cima, mas, como naquele trabalho tudo era tão bom, levei na esportiva. Em outros tempos, eu desceria na hora.

Antes da novela, você já tinha desfilado na Sapucaí?
Lilia Não, essa história toda foi minha estreia na avenida (risos). Eu sempre tive muita curiosidade de saber como era entrar na avenida, como é a concentração. Apesar de ser ficção, foi uma emoção enorme. Não tenho nem palavras. Parece algo que entra no sangue, sabe? Foi surpreende e inesquecível.

A reprise de “Fina Estampa” fez bastante sucesso, atingindo uma média de audiência acima dos 30 pontos. Você ficou surpresa com o bom retorno da reexibição?
Lilia Era difícil prever o que poderia acontecer. As pessoas se divertiram muito na época. Se foi sucesso novamente, vamos aproveitar. A primeira vez que fiz “Fina Estampa” eu trabalhei demais para divulgar. A novela começou com um sucesso, mas, logo depois, a crítica começou a bombardear várias situações. Então, a gente trabalhava tanto e aquilo era tão importante para mim que não consegui aproveitar 100%. Dessa vez, a exibição foi um enorme prazer. Eu não tinha preocupação com nada. Era uma telespectadora.

Além de “Fina Estampa” e “Império”, você também voltou ao ar em “A Força do Querer”. Você tem conseguido acompanhar todas as reprises?
Lilia Sim, essa é a minha terceira reprise no horário nobre. Além disso, tive algumas no “Vale a Pena Ver de Novo” e no Canal Viva também. Acho que é um momento muito inesquecível por tudo que estamos vivendo. Essas reprises chegam como um alento. A gente não tem de se preocupar em acertar a cena ou com a gravação do dia seguinte. Fico admirando o trabalho dos colegas. O compromisso é diferente quando estamos trabalhando, investindo nosso tempo no trabalho. Além disso, a gente consegue ver como a novela impacta em novas leituras sociais.

De que forma?
Lilia Ao longo dos anos, muita coisa mudou. Depois de “Fina Estampa”, por exemplo, muita coisa mudou. “A Força do Querer” mostra essas mudanças de um mundo melhor. A novela discutia a questão do gênero. Faz muito bem percorrer esse caminho. Com “Império”, acho que as pessoas também vão perceber essas mudanças nas discussões. Muita coisa a gente só se dá conta quando vê.

Você está de folga das novelas desde o fim de “O Sétimo Guardião”. Com o agravamento da pandemia, como você tem lidado com esse período longe dos estúdios?
Lilia Acho ótimo ver essas reprises, mas, ao mesmo tempo, dá uma tristeza. Com mais uma reprise no ar, a gente vê que as coisas não estão indo para frente. O ator é movido a desafios. Se habituar a essa situação é muito doloroso. A novela, inclusive, vem logo depois do “Jornal Nacional”, que está cheio de notícias difíceis, abarrotado de tristeza. Acho que a novela serve como um entretenimento para dar leveza ao público.

Com a pandemia, o setor cultura, que já passava por dificuldades, ficou bastante prejudicado. Como você encara esse momento da cultura brasileira?
Lilia Quem exerce essa profissão sabe o quão difícil esse período está sendo. Mas a gente não desiste. Todo mundo buscou se reinventar. Todo mundo procurou fazer algo em benefício da arte. Não podemos nos calar diante desse cenário. A gente sabe que isso é muito importante para a nossa sobrevivência. Continuamos nos reinventado e vamos nos reinventar até tudo voltar ao normal. Odeio quando fala “novo normal” ou “quase normal”. Vamos voltar com tudo como e quando acharmos que deve retornar.

Amizades além do tempo
A interação com os colegas de cena é imprescindível para Lilia Cabral. Durante “Império”, a atriz contracenou bastante com Paulo Betti, que viveu o venenoso jornalista Téo Pereira. Antes da estreia da novela, os dois, inclusive, já trocavam dicas sobre o projeto de Aguinaldo Silva.

“Ele veio na minha casa para uma entrevista e pediu minha opinião sobre o que tinha feito em cena. Achei ótimo, mas falei para ele diminuir 10% na atuação. Quando cheguei nos estúdios, minha primeira cena foi com ele. Eu ria muito com o Paulo em cena, mas falei para ele diminuir ainda mais, uns 50% em cena. Era sempre uma festa gravar com o Paulo”, lembra.

Lilia tem uma antiga relação de amizade com Betti. A atriz afirma que o ator é uma de suas grandes referências na comédia. “O Paulo é meu grande mestre. Devo muito coisa a ele. Ele tem uma disciplina e um olhar maravilhoso para a comédia. Na época de ‘Império’, ele abraçou o personagem sem reservas. Um ator não pode ter pudor e ele não teve”, elogia.

Memórias cênicas
Além das tramas no horário nobre, Lilia revisitou seu trabalho em “Laços de Família”, que foi ao ar no “Vale a Pena Ver de Novo” recentemente. A trama de Manoel Carlos foi exibida originalmente há 20 anos, mas a atriz ainda se recorda das cenas que dividiu com Fernando Torres, que interpretou Aléssio.

“Até hoje eu me lembro das conversas com ele, da cultura que ele tinha, da forma de encarar a profissão e as histórias que ele contava tinham muitos ensinamentos. O sonho de todo ator é trabalhar com um grande profissional e eu realizei trabalhando com o Fernando”, valoriza.

Na trama, ela viveu Ingrid, a mãe da espevitada Íris, papel de Deborah Secco. Após se mudar para o Rio de Janeiro depois da morte do marido, as duas acabam reféns de assalto em uma loja de conveniência. Para proteger a filha, Ingrid acaba levando um tiro no peito.

“Eu cumpri uma função importante na história, até hoje ninguém esqueceu da morte do Aléssio e nem da Ingrid. Foi muito bom ter feito essa novela. Eu e a Deborah Secco tivemos lindas cenas de mãe e filha juntas. Era muito interessante fazer as cenas porque em alguns momentos elas se compreendiam e em outros não conseguiam se entender. Estávamos diante de um texto e de uma direção magistrais”, ressalta.

Publicidade