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Celebridades

Trabalho de resgate

No ar na reta final de “Amor de Mãe”, Humberto Carrão confessa dificuldades ao retornar aos estúdios após paralisação

Por Caroline Borges - Tv Press

26 de março de 2021, às 09h50

Após quase seis meses longe do intenso Sandro, o ator precisou resgatar alguns detalhes do personagem - Foto: Divulgação - Globo

Humberto Carrão é um profissional bastante responsável. Antes de chegar aos estúdios para gravar, o ator de 29 anos busca estar completamente preparado para realizar suas sequências. No entanto, ao retomar os trabalhos de “Amor de Mãe”, Carrão foi surpreendido por um sentimento de insegurança no “set”.

Após quase seis meses longe do intenso Sandro, o ator precisou resgatar alguns detalhes do personagem. “No primeiro dia, eu precisava fazer uma cena simples. O Sandro entrava em uma loja de xerox ou algo assim. Mas eu achei que não estava sabendo fazer. O jeito do Sandro não era mais aquele. Precisei rever os capítulos antigos para retomar o trabalho. Depois, fui me readaptando”, afirma.

Na história de Manuela Dias, Sandro começou como o suposto filho perdido de Lurdes, papel de Regina Casé. Porém, com a revelação de alguns detalhes de sua vida, ele descobre que, na verdade, é o bebê de Vitória e Raul, interpretados por Taís Araújo e Murilo Benício, que foi dado para adoção. Quando o folhetim foi suspenso em março do ano passado, Sandro já havia começado a trabalhar na fictícia PWA e iniciava um romance com Betina, de Isis Valverde.

“Comecei na família da Lurdes como intruso (risos), mas foi ótimo permanecer naquele núcleo. Foi muito legal gravar com a Taís e o Murilo também porque já fizemos novela juntos algumas vezes. Então, temos um bom entrosamento. Gravar com os amigos é sempre muito bom e divertido”, valoriza.

Após quase seis meses longe dos estúdios, como foi retomar o trabalho com os novos protocolos de segurança no combate à covid?
Teve a beleza de reencontrar as pessoas de novo. Eu tive o privilégio de poder ficar quase seis meses dentro de casa. Inicialmente, a gente teve a impressão de que as coisas pudessem voltar ao normal, iríamos reencontrar os amigos. Passamos meses loucos para abraçar, mas voltamos com muito protocolo, máscaras e distanciamento. Lembro que a gente falava que, quando a novela retornasse, a gente veria o último capítulo com uma festa. Obviamente isso não vai acontecer. Apesar de não ter tanto beijo, abraço e afeto, acho que o texto e a direção souberam superar isso e contornar essa questão.

De que forma a pandemia de Covid-19 impacta na trama do Sandro?
Esse período da reta final muita coisa acontece na vida do Sandro. Na verdade, muita coisa sempre aconteceu na vida do Sandro desde a estreia da novela. Ele passa por momentos muito duros em relação à pandemia. O Sandro vê pessoas próximas sofrerem muito por conta da doença. São momentos fortes e bonitos, mas não posso falar muito porque perde a graça.

Você sentiu algum tipo de dificuldade para reviver o personagem em cena após um longo período longe dos estúdios?
Foi um pouco esquisito. Eu não imaginava que seria assim. No primeiro dia de gravação, eu virei para o diretor de cena e falei que, talvez, eu não soubesse mais fazer o Sandro. Na verdade, a trajetória do Sandro se transformou muito ao longo da novela. Quando a trama parou, ele já estava com a vida mudada, morando na casa do Raul (Murilo Benício) e trabalhando na PWA. Então, quando fui gravar de novo, eu percebi que estava fazendo o Sandro do início da novela. Precisei reencontrar o eixo do personagem novamente.

Como assim?
Quando voltei do primeiro dia de gravação, eu decidi rever os últimos capítulos da novela antes da parada. Isso me ajudou a retomar o Sandro do ponto em que eu havia parado. Depois, foi ficando fácil com o tempo, pois há uma memória afetiva e corporal. Isso ajuda muito. Foi uma experiência inédita, nunca havia passado por isso. Acho que foi como acontece no teatro. Às vezes, você fica um tempo sem fazer aquele personagem no teatro e precisa reaprender. É que nem malhar, sabe? Fui exercitando o músculo na volta.

A pandemia ainda é uma realidade muito viva. Como foi reproduzir isso na ficção?
Acho que é muito poderoso pensar que vamos ver esses personagens de máscaras, ficando doentes, ficando em casa para se cuidar ou não se cuidando. Acho que é um ato político social ver a segunda temporada transformada. Acho que não teria outro jeito. Seria estranho voltar com a novela normal, sendo que mais de mil pessoas morrem por dia. De certa forma, é ridículo pensar que gravamos isso em setembro e as coisas só pioraram. Tem, claro, o imponderável da pandemia, o tempo da doença, mas tem também a ignorância, a violência e gente no poder que faz de tudo para não ajudar. Sou do Rio de Janeiro e meus pais vivem a apreensão da vacina. Quando chega a hora, a vacinação atrasa. Isso é uma violência. A novela, que é esse patrimônio cultural brasileiro, tem esse poder de dialogar sobre o que vivemos.

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