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CHEIAS DE CHARME

Sonho em grupo

Musical e popular, sucesso “Cheias de Charme” completa uma década de exibição

Por GERALDO BESSA - TV PRESS

13 de maio de 2022, às 15h21

No início dos anos 2010, o Brasil vivia um momento econômico peculiar. Com baixo índice de desemprego, aumento de renda, acesso a crédito e avidez por consumo, a crescente nova classe C acabou por se tornar um alvo de investimento maciço nas mais diversas áreas de negócios. De olho nesse público, a Globo passou a apostar pesado em produções que conquistassem essa parcela da população.

Aos domingos, o “Esquenta” fazia uma boa mistura de convidados bem ao gosto dos churrascos feitos pelas famílias nos quintais do país. Na teledramaturgia, a arrebatadora “Avenida Brasil” ganhou o país em março de 2012. No mês seguinte, outra história com o mesmo apelo popular estreava na trama das sete: “Cheias de Charme”.

Com sinopse de Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, a trama ousou ao colocar em destaque um trio de empregadas domésticas como protagonistas. “A gente sabia que a Globo queria falar com um público mais amplo, em especial, com a classe C. Desta forma, apresentamos esse argumento que nos tirou do posto de colaboradores e nos colocou como autores titulares. Foi um trabalho realmente muito marcante e lembrado até hoje”, avalia Filipe.

Na trama, Maria da Penha, Maria do Rosário e Maria Aparecida, papéis de Taís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond respectivamente, são três domésticas que, por um golpe do destino, acabam na mesma cela de delegacia. Penha é uma mulher batalhadora e guerreira, que cuida do filho e dos irmãos mais novos e ainda tem de lidar com a malandragem de seu marido, o preguiçoso Sandro, de Marcos Palmeira. Rosário é uma cozinheira de mão cheia, mas seu sonho mesmo é se tornar uma famosa cantora. Já Cida tem uma história parecida com o conto de fadas “Cinderela”. Sua mãe morreu quando ela era criança e ela passou a morar com seus patrões, onde é explorada e humilhada diariamente.

O encontro na cela é a primeira reviravolta do trio que, apesar das inúmeras dificuldades, encontra na música uma chance de vencer na vida. Durante uma brincadeira satirizando suas patroas, as três acabaram viralizando na internet com o “hit” “Vida de Empreguete”, canção que acabou ganhando o país na ficção e na realidade. “O sucesso que essa novela fez foi muito gostoso. Eram personagens muito ricas dramaticamente e com dilemas importantes, que ralavam e se superavam sem deixar de se divertir. Foi um momento muito importante nas nossas carreiras”, analisa Taís Araújo.

Quem não gosta nada do sucesso das empreguetes é a Rainha do Eletroforró, Chayene, vilã cômica de Cláudia Abreu. Ex-patroa de Penha e Rosário, a cantora é extremamente vaidosa e prepotente. Dona de um único sucesso, o “Xote da Brabuleta”, ela se mostra capaz de qualquer atitude na ânsia de recuperar seu “status” de estrela que foi perdido ao longo do tempo. Na lista de armações, “planta” até um falso namoro com o ídolo em ascensão Fabian, de Ricardo Tozzi. “A Chay renovou meus laços com a tevê. Era uma vilã bem maluca e que sempre se dava mal. Ela tentava atrapalhar a carreira das empreguetes, mas caia nas próprias armadilhas. Foi um tipo diferente de tudo o que fiz e é uma das personagens mais populares da minha carreira”, vibra Claudia.

Com elenco formado por nomes como Malu Galli, Humberto Carrão e Bruno Mazzeo, entre outros, a novela foi alvo de uma ousada estratégia de marketing para sua divulgação. O apelo jovem da abertura feita em animação, a seleção musical de alto teor popular e a composição de uma trilha totalmente original foram fundamentais para o êxito da produção.

Além disso, os personagens principais acabaram “passeando” por diversos programas da grade da Globo, como “Mais Você”, “Domingão do Faustão” e “Vídeo Show”. “A novela estava sempre brincando com a realidade. Isso dava um trabalho enorme. Eram muitas externas, shows e clipes. No fim, o carinho da audiência compensou todo nosso esforço”, lembra a diretora Denise Saraceni.

Maior sucesso do horário das sete da última década, “Cheias de Charme” gerou produtos licenciados como DVD, livro e bonecas das protagonistas. Além disso, também foi vendida para o mercado internacional, onde ganhou nomes como “Encantadoras” no mercado hispânico, e “Sparkling Girls” em países de língua inglesa. “O divertido dessa trama era descobrir o que essas domésticas faziam depois do expediente, quando iam para casa. Essa universalidade de situações e sentimentos fez as empreguetes muito bem-sucedidas”, ressalta a coautora Izabel de Oliveira.

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