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Série ‘O Cristal Encantado – A Era da Resistência’ aposta em fantoches

Por Agência Estado

18 de agosto de 2019, às 08h30 • Última atualização em 18 de agosto de 2019, às 11h52

Gravado apenas com fantoches, o filme “O Cristal Encantado” (1982), de Jim Henson e Frank Oz (Muppets), se tornou um marco no gênero de fantasia. O longa introduziu técnicas inovadoras de animatrônica e arriscou uma narrativa sombria, incomum em filmes com bonecos. Como resultado, criou uma atmosfera complexa, com estética peculiar.

É esse universo que a Netflix retoma e expande na série “O Cristal Encantado – A Era da Resistência”, que estreia no dia 30 de agosto. Ambientada muitos anos antes do filme original, a produção acompanha Rian, Brea e Deet, três jovens da gentil raça gelfling que descobrem um terrível segredo por trás do poder dos Skeksis, humanoides monstruosos que governam (e exploram) a terra de Thra.

A série busca permanecer fiel ao filme de 1982. Toda a ação é conduzida por bonecos animados, sem atores humanos em cena. Os artistas Brian e Wendy Froud, que assinam os fantoches da produção original, também esculpiram os utilizados na série, produzida pela empresa que gerencia o legado de Henson, morto em 1990.

“O Cristal Encantado – A Era da Resistência” surge como a primeira grande produção de streaming centrada em fantoches. E é lançada em uma época em que séries e filmes de fantasia, como “O Rei Leão” (2019), “Toy Story 4” (2019) e “Homem-Aranha – No Aranhaverso” (2018) exploram diferentes técnicas de narrativa e animação.

Para o fundador do Festival Anima Mundi, Marcos Magalhães, há uma tendência comercial em curso no gênero de animação. “A Disney decretou, de certa forma, o fim do 2D, e foi seguida por outras empresas de grande porte”, afirma. Para ele, no entanto, o público é aberto a formatos experimentais. “O que vemos hoje é a utilização de narrativas e estilos diversos, que se mesclam”, diz. “Grandes animações não concorrem diretamente com produções mais ousadas, porque o gosto para cada linguagem é muito pessoal.”

Tecnologia

O lançamento de “O Rei Leão” é significativo nesse sentido. O diretor, Jon Favreau, inseriu um único frame verdadeiro em meio aos 1.490 planos criados por animadores e artistas de efeitos visuais do filme. A cena passou despercebida pelos espectadores, devido ao realismo do longa.

Animador dos filmes “Frankweenie” (2012), de Tim Burton, e “Ilha dos Cachorros” (2018), de Wes Anderson, Matias Liebretch afirma que os novos filmes da Disney têm um público específico. “É uma grande empresa, com grande orçamento, que atrai um público de entretenimento com franquias que já fizeram muito sucesso no passado”, conta. “Esse tipo de linguagem é uma tendência porque a tecnologia em si é sempre uma tendência, mas não é necessariamente uma novidade.”

O animador Alê Abreu, indicado para a Oscar de melhor filme de animação por “O Menino e o Mundo” (2016), acredita que a tecnologia traz grandes possibilidades para a animação, mas precisa ser encarada com responsabilidade. “O realismo é muitas vezes empobrecedor”, lembra. “Ele pode restringir a força do cinema de animação a uma mera técnica”, acrescenta.

Fantoches

A animatrônica envolve processos diferentes da animação. Produtor do filme “31 Minutos”, primeiro longa brasileiro filmado com fantoches, Marcos Didonet explica que a técnica empregada no estilo é complexa. “Com bonecos, tudo precisa ser filmado ao mesmo tempo”, explica. “Você precisa ter toda a ambientação de um set normal de filmagem, com fotografia, captação de som, iluminação e cenário construído.”

Para ele, produções com fantoches têm apelo mesmo em uma época tão tecnológica. “Marionetes despertam sentimentos de nostalgia, muitas vezes quem vai atrás desse tipo de produção é um pai que quer mostrá-la para o filho”, conclui.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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