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Celebridades

Resistência feminina

No ar em “Além da Ilusão”, Malu Galli vive mulher à frente do tempo

Por CAROLINE BORGES - TV PRESS

14 de julho de 2022, às 07h33 • Última atualização em 14 de julho de 2022, às 07h34

Malu Galli sabe que há um intervalo considerável de tempo entre o enredo de “Além da Ilusão” e o período atual. Por isso mesmo, seria bastante comum a atriz ter recorrido a fatos e registros históricos para mergulhar na década de 1940. Para construir a batalhadora Violeta, porém, a atriz tinha boa parte de seu material de estudo e observação no dia a dia de muitas mulheres contemporâneas. “A história da Violeta traz bastante dessa discussão do machismo e do feminismo. Temos um enredo que fala sobre os principais avanços dos direitos das mulheres. Gosto de ‘Além da Ilusão’ porque a Alessandra (Poggi, autora) consegue fazer paralelos interessantes entre assuntos da década de 40 e os dias de hoje”, explica.

Na história das seis, Violeta é uma mulher forte, corajosa e decidida. Ao voltar para a fazenda do pai, ela conhece Eugênio, papel de Marcello Novaes. Os dois acabam dando início a uma conturbada sociedade em uma indústria têxtil. Ao longo dos anos, eles vão criando uma relação de amor e ódio. “É um casal bem aos moldes das comédias românticas dos anos 1940 e 1950. Eles vivem situações muito engraçadas e muito emocionantes também. Além disso, rompem com diversos padrões da época em várias esferas”, aponta.

Por conta da pandemia, a trama de “Além da Ilusão” sofreu com uma sucessão de atrasos no cronograma de estreia. Essa situação atípica chegou a interferir de alguma forma no seu trabalho em cena?

Acho que ficamos mais ansiosos do que o normal, não é? Nunca esperei tanto na minha vida por uma estreia (risos). Mas finalmente tudo deu certo e estamos aqui. Fico feliz de ver esse trabalho sendo realizado. Foi um esforço enorme de todos da equipe e do elenco. É um projeto muito bom e que toca o coração das pessoas.

De que forma?

Acho que “Além da Ilusão” é uma novela muito inteligente. A Alessandra consegue inserir muitas temáticas dentro de cada trama. Todo mundo tem seu espaço e suas discussões. É uma novela que promove uma boa reflexão sobre a correspondência entre os anos 40 e os dias de hoje. É gostosa de ver e de pensar.

Com o desequilíbrio do marido após a morte da filha, a Violeta assume a liderança da família à frente da tecelagem. Como a questão do feminismo e do machismo é abordado na trama da personagem?

A Violeta é uma personagem muito interessante. Toda essa questão do machismo e do feminismo vem junto com a relação da Violeta com o Eugênio. A Violeta condensa muitas das conquistas das mulheres em seu enredo, como a entrada da mulher no mercado de trabalho. Apesar do Eugênio ter um bom coração, ele é machista, gosta de tomar todas as decisões sem consultar ninguém. Como eles são sócios, há muitos embates porque a Violeta briga para que os dois tenham igualdade nas decisões. Mas acho que todas essas questões são apresentadas de forma leve e engraçada.

Como assim?

Esse casal acaba criando uma história de comédia romântica. Então, os embates são deliciosos e as cenas divertidíssimas. Está sendo um prazer trabalhar ao lado do Marcello. É um grande companheiro de cena, estamos nos divertindo demais. A Violeta e o Eugênio são um casal bem aos moldes das comédias românticas dos anos 40 e 50. Eles vivem situações muito engraçadas e muito emocionantes também. Essa relação também rompe padrões da época.

Mesmo após a doença do marido, a Violeta segue casada com o Matias. Como se dá essa relação após a morte da filha?

A relação da Violeta com o Matias, por exemplo, é uma relação de um casamento tradicional, da época. Eles se dão bem, mas é um casamento mais morno, mais vida em família. É um casamento bem padrão. Com toda essa tragédia, o casamento sofre um abalo final. Então, todos precisam reencontrar caminhos em suas vidas.

Como foi seu processo de construção para compor a Violeta?

Apesar de ser uma novela de época, eu não precisei ir muito longe. A Violeta é uma mulher como nós, dos dias de hoje, porém vivendo nos anos de 1940: uma mulher à frente do seu tempo, que quebra paradigmas, assim como tantas e tantas mulheres que abriram caminhos ao longo da história. Ela é corajosa, firme e amorosa, e um tanto explosiva também (risos). Me inspirei em todas nós para essa personagem.

Durante a parte mais aguda da pandemia, você esteve no ar durante a reprise de “Totalmente Demais”. Como foi rever esse trabalho novamente?

Foi muito bom. Foi um momento importante da minha carreira esse trabalho, pois fazer uma personagem popular era uma coisa que ainda faltava na minha trajetória na tevê. Acabo sendo escalada para núcleos ricos, etc, e foi muito bom defender essa mãezona batalhadora e apaixonada. Tenho orgulho do resultado da parceria com todo elenco. A Rosângela era uma mulher muito real.

Por quê?

Rosângela era uma mãe guerreira como a maioria das mães neste Brasil. Cuidava sozinha da sobrevivência da família e aprendeu a não esperar nada de homem, apesar de ainda ser apaixonada por Florisval (Ailton Graça). É a contradição em pessoa, como somos todas… Divertida, dramática, exagerada… Era uma figura típica dos dramas latinos. Me inspirei nas brasileiras, nas espanholas, italianas…

Mistérios maternos

O místico e o sobrenatural permeiam todo o enredo de “Desalma”, série da Globoplay. Malu Galli, que é uma das novidades da segunda temporada recém-disponibilizada na plataforma de “streaming”, vê a série por diversos ângulos além do misticismo. “Essa é uma história sobre mulheres. A maternidade está no centro das relações da série. Mas, também a espiritualidade, a relação com a natureza, a morte, e o questionamento da verdade por detrás das aparências”, explica Malu, que vive a misteriosa Mykhaila.

Na história assinada por Ana Paula Maia, Mykhaila é irmã de Haia, papel de Cassia Kis. Ela retorna à fictícia cidade de Brígida após anos, trazendo à tona muitas revelações. Bruxa experiente, ela carrega um sentimento de culpa e a sombra do terror de momentos assustadores que viveu anos atrás ao ter de fugir às pressas da cidade para não ser queimada na fogueira. Na época, Mykhaila confiou à irmã Haia cuidar e criar o pequeno Pavlo, de Gabriel Muglia. “Minhas referências são as mulheres ‘outsiders’ da História. As curandeiras, sacerdotisas, fugitivas, apaixonadas, revolucionárias. Mykhaila tem o DNA delas, pelo menos na sua trajetória de vida”, defende.

De tudo um pouco

Malu Galli passou por um turbilhão de emoções logo nas primeiras semanas de “Além da Ilusão”. No início da novela das seis, Violeta precisa enfrentar não só a morte do pai, mas também o brutal assassinato da filha Elisa, vivida por Larissa Manoela. “A Violeta precisa arranjar coragem para seguir firme e com a família. Foram sequências bem intensas logo para uma primeira semana”, relembra.

Após uma passagem de tempo, Violeta segue à frente do comando da tecelagem da família. Ao lado da filha Isadora, também vivida por Larissa Manoela, ela precisa superar a morte trágica da filha mais velha. “Ela precisa ajudar a Isadora a superar esse trauma também. Por conta de alguma questão psicológica, a Dorinha não lembra do rosto da irmã. A Violeta lida de forma bem natural com a semelhança das duas filhas. Não há uma espécie de espanto sobre isso”, aponta.

Instantâneas

Malu Galli estreou na tevê na minissérie “Anos Rebeldes”, de 1992.

A atriz gravou uma participação na primeira temporada de “As Five”, da Globoplay, em que reviveu a personagem Marta, de “Malhação – Viva a Diferença”.

Malu é casada com o artista plástico Afonso Tostes.

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