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ENTREVISTA

Pequena reforma

Em “Poliana Moça”, Dalton Vigh retoma personagem após quase dois anos de pausa

Por CAROLINE BORGES - TV PRESS

23 de maio de 2022, às 17h34 • Última atualização em 23 de maio de 2022, às 17h36

Após quase dois anos de “As Aventuras de Poliana”, é normal pensar que Dalton Vigh não teria problemas ao reviver o papel do sisudo Otto em “Poliana Moça”, sequência da novela infantojuvenil do SBT. Porém, ao se deparar com os novos caminhos do rico empresário no enredo de Iris Abravanel, o ator de 57 anos precisou investir em um novo e delicado processo de construção.

“A ideia era manter uma base, mas acrescentar coisas novas. É como reconstruir uma casa, né? Você mantém a base original, mas vai mudando outras coisas. Eu já conhecia o personagem e o público também, mas ele chega com uma nova roupagem”, explica.

Reservado e discreto na primeira temporada do enredo, Otto decide se abrir para a vida ao longo dos novos capítulos de “Poliana Moça”. Pai da protagonista Poliana, papel de Sophia Valverde, o empresário está aprendendo a lidar com uma adolescente em seu dia a dia. Destemido e confiante, continua no comando da Onze e segue um relacionamento estável com Tânia, de Ana Paula Lima, uma escritora famosa.

“Tudo está diferente na vida do Otto. É um cara que está aprendendo a sorrir, ser menos sisudo e demonstrar sentimentos. Além disso, ele precisa lidar com a filha adolescente. Eu tenho dois filhos, mas ainda estão com cinco anos. Não chegaram nessa fase ainda. Tenho tempo para lidar com isso”, brinca.

Por conta do elenco majoritariamente infantil, as gravações de “Poliana Moça” levaram quase dois anos para serem retomadas. Como foi retornar aos estúdios após uma pausa tão longa?

Foi um sopro de vida. Além de podermos voltar a exercer o nosso trabalho, nosso ofício, de voltarmos a produzir, foi um momento extremamente significativo porque nos trazia de volta à vida normal, mesmo com todas as mudanças que essa nova vida normal trouxe para todos nós.

Mas, em algum momento, você temeu que o projeto não voltasse a sair do papel por conta da pandemia?

Acho que todo o mundo temia que a pandemia não pudesse ser controlada ou amenizada e que nossas vidas fossem afetadas de forma irreversível.

Nessa nova temporada, o Otto busca fortalecer sua relação com a Poliana. De que forma essa humanização do personagem irá aparecer na história?

O Otto está se descobrindo como pai com a Poliana, descobrindo o que é ser pai, ter uma família, uma filha… Ele vai ter de se defender das “vilanices” do Roger (Otávio Martins), vai viver um relacionamento com Tânia (Ana Paula Lima), sua namorada, e principalmente, lidar com o crescimento de Poliana e com todas as mudanças que isso acarreta, as dúvidas, os questionamentos e também o começo de sua vida amorosa. É um cara que está aprendendo a sorrir, ser menos sisudo e demonstrar sentimentos. Tudo está diferente na vida do Otto.

Como tem sido essa experiência de reconstruir o Otto para a nova temporada após tantas mudanças no personagem original?

Vejo essa experiência como reformar uma casa. Eu mantenho a estrutura original, mas tirando ou acrescentando coisas. Tem sido gratificante fazer o Otto. Eu já conhecia o personagem e o público também, mas ele chega com uma nova roupagem. Tudo isso, para um ator, é sempre um desafio e tanto, um exercício ótimo. Já havia tido a experiência de reviver um personagem com o Klaus, de “Cinquentinha” e “Lara com Z”, mas, sem dúvida, é com o Otto que convivo há mais tempo e, depois desse hiato de um ano, é um prazer voltar a encontrá-lo e um ótimo exercício de interpretação incorporar as mudanças que o tempo trouxe ao personagem.

Você chegou a ficar surpreso com a notícia da sequência da trama de “As Aventuras de Poliana”?

Sim, fiquei surpreso porque não é comum termos continuações de novelas. Porém, levando em consideração o sucesso da obra, acho que foi uma decisão estratégica acertada.

Atualmente, você também pode ser visto na reprise de “O Clone”, que vai ao ar no “Vale a Pena Ver de Novo”. Você tem o hábito de rever seus trabalhos mais antigos?

Assisto a um capítulo ou outro, não consigo acompanhar diariamente. É sempre importante ver os trabalhos quando ainda estamos gravando para fazer ajustes e correções, mas assistir a reprises com olhar crítico é bastante angustiante porque não tem mais como consertar, se trata de um trabalho de 20 anos atrás, então eu revejo mais com olhar de nostalgia, lembrando dos bons momentos que vivi tanto nas cenas quanto nos bastidores.

Em “O Clone”, o Said era o antagonista da trama de Gloria Perez. Mas, o personagem caiu no gosto popular e parte do público torceu pelo casal Jade e Said. Na sua opinião, o que contribuiu para essa boa aceitação do público?

Então, acho que o fato de o Said ter aceitado a traição da Jade na noite de núpcias contribuiu para essa aceitação do público. Ele não só contrariou seus próprios princípios islâmicos, mas também usou o seu próprio sangue para manter a farsa (da virgindade). Acredito que isso contribuiu muito para que parte do público torcesse para que ele tivesse um final feliz ao lado de Jade. Acho que essa opção deu uma outra dimensão para o personagem, que, por sua vez, já tinha grande importância na trama como antagonista, ou vilão, e acabou sendo visto como o romântico, o apaixonado que, apesar de ser traído, continuava insistindo no relacionamento. Lembro de ter uma conversa com a Glória Perez sobre esse assunto antes mesmo das gravações.

Como assim?

Acho que, ao tentar sanar uma dúvida, eu, sem querer, acabei dando uma sugestão para ela. Antes do início da gravação da novela, recebemos um extenso material sobre costumes e tradições árabes. E nesse mesmo material, também descobri que algumas mulheres árabes usavam truques para driblar uma eventual falta de virgindade, como colocar miúdos de galinha ou algodão embebido em sangue dentro da vagina para que na hora da penetração houvesse sangramento. Como já sabia que Jade se casaria com Said não sendo mais virgem, isso me atiçou uma curiosidade sobre um detalhe que, a meu ver, interferia na construção do meu personagem, e em um encontro casual com a Glória tive a chance de perguntar se a Jade usaria algum desses truques. Expliquei que, sob meu ponto de vista, havia dois caminhos para se construir esse personagem, ou ele seria enganado e conviveria com a dúvida da traição, ou ele teria a certeza da traição e mesmo assim a aceitava, contrariando seus próprios princípios islâmicos. Para mim, como ator, os dois caminhos seriam muito interessantes para se construir uma trajetória.

Elo eterno

Há quase cinco anos envolvido com a trama assinada por Iris Abravanel, Dalton Vigh vê inúmeros motivos para o sucesso da novelinha infantojuvenil. Para o ator, o folhetim aposta em uma história que cativa o público há séculos. “Trata-se de uma mensagem positiva e de superação. Além disso, acho que o carinho e entrega de toda equipe e elenco e o ambiente leve e descontraído que conseguimos estabelecer entre todos, ajuda muito a tornar a novela esse sucesso todo”, elogia.

Os trabalhos de “Poliana Moça” estão bastante adiantados. Há cerca de cinco meses, Dalton vem trabalhando nos estúdios da emissora de Silvio Santos. “Tivemos muitas mudanças no dia a dia de trabalho, mas boa parte dos protocolos já estavam incorporados. Nada disso interfere em absolutamente nada no nosso desempenho em cena”, avalia.

Tardes de sábado


Além de “O Clone”, Dalton também revisitou seu trabalho em “A Casa das Sete Mulheres”, que foi ao ar no Viva, recentemente. O projeto dirigido por Jayme Monjardim mexe com lembranças antigas do ator. “Foi um trabalho bastante marcante. Foi a primeira oportunidade que tive de fazer algo próximo de um faroeste, gênero que era muito popular na tevê e no cinema na minha infância. Brinquei muito de caubói (risos)”, afirma.

Exibida originalmente em 2003, a produção exigiu bastante da logística de Dalton durante as gravações. Boa parte dos trabalhos se dividiu entre Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. “Foi um trabalho complexo por conta das viagens, inúmeras cenas de lutas e batalhas… Além disso, eu estava em cartaz com uma peça em São Paulo. Mas, mesmo com todas as intempéries, é um dos trabalhos que mais me orgulho de ter feito”, valoriza.

Instantâneas

Dalton está no elenco da série “Não Foi Minha Culpa”, do Star+, que tem estreia prevista para este ano.

Dalton é casado com a atriz Camila Czerkes. Os dois são pais dos gêmeos Arthur e David.

A estreia do ator na tevê foi em 1995, quando integrou o elenco de “Tocaia Grande”, da extinta Rede Manchete.

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