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Celebridades

Passe de mágica

Com trama bem desenvolvida e direção inspirada, “Além da Ilusão” renova e respeita a história do horário das seis

Por GERALDO BESSA - TV PRESS

14 de julho de 2022, às 07h34 • Última atualização em 14 de julho de 2022, às 07h35

No início dos anos 2000, a chegada de Walcyr Carrasco à Globo revitalizou as tão tradicionais novelas de época exibidas na faixa das seis. Os folhetins continuavam extremamente românticos, mas boas histórias secundárias e muito humor – do tipo quase pueril – foram adicionados à receita. Sem fugir muito da fórmula, Carrasco concebeu sucessos como “O Cravo e a Rosa”, “Chocolate com Pimenta” e “Alma Gêmea”, ressignificando as obras de época para o horário. De olho na audiência, outros autores foram convocados a apresentar enredos semelhantes e seguir pela mesma linha de Carrasco, mas o resultado sempre ficava aquém do esperado. De forma despretensiosa, mais de duas décadas depois, Alessandra Poggi consegue com “Além da Ilusão” a proeza de honrar o apelo popular das melhores tramas do horário e ainda vai além ao tratar temas e cenas de forma atualizada e coerente.

Driblando soluções simplórias demais ou que atentem para o bom andamento da história, Poggi costura a história central e os enredos paralelos de forma consistente e fluida, garantindo com que os bons nomes de seu elenco possam brilhar. Grande aposta da Globo reservada para a novela, a presença de Larissa Manoela na pele da mocinha, Dora, mostrou que os executivos da emissora investiram certo. Distante do gestual infantil das inúmeras protagonistas que viveu nas tramas do SBT, Larissa mostra estar em pleno processo de amadurecimento artístico e parece ter encontrado a personagem perfeita para essa guinada. Mesmo que domine a ação de “Além da Ilusão”, Larissa acaba muitas vezes sendo ofuscada pela experiência e desempenho de Malu Galli e Paloma Duarte, intérpretes das irmãs Violeta e Heloísa. Detentoras dos principais segredos da trama, são as frustrações e virtudes da dupla que mexem com todos os núcleos da novela e garantem o tom moderno e feminino da história.

Com início tímido a partir de uma primeira fase extremamente dramática, os novos ares da segunda parte de “Além da Ilusão”, aos poucos, foram chamando a atenção do público. Conquistando na base do boca-a-boca, a novela caminha para os 22 pontos de audiência ainda cheia de boas histórias para desenvolver. O fato de melhorar os índices da faixa acaba reverberando em todo o horário nobre da emissora, que também vem registrando boas médias após uma série de fracassos recentes. Desta forma, a trama confirma o talento para construir sucessos do diretor Luiz Henrique Rios, um dos realizadores mais versáteis e funcionais da Globo atualmente. Por dirigir histórias sem grandes firulas e sobressaltos artísticos, Rios foi diversas vezes preterido a cargos mais altos dentro da emissora. Já devidamente reconhecido por conta de êxitos como “Totalmente Demais” e “Bom Sucesso”, o diretor nitidamente entrega em seu atual trabalho um outro tipo de acabamento, com cenas carregadas de requinte e atenção especial ao trabalho dos atores. Bem escrita e realizada, “Além da Ilusão” é a mágica que o horário das seis estava precisando.

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