18 de abril de 2024 Atualizado 22:58

8 de Agosto de 2019 Atualizado 13:56
MENU

Publicidade

Compartilhe

ENTREVISTA

Palavras sensíveis

No elenco de “Além da Ilusão”, Eriberto Leão valoriza enredo delicado e romântico da novela das seis

Por CAROLINE BORGES - TV PRESS

12 de junho de 2022, às 16h28 • Última atualização em 12 de junho de 2022, às 16h29

De fala mansa e discursos extensos, Eriberto Leão é um homem que transparece serenidade e calma. Não à toa, o ator de 49 anos conseguiu trabalhar sua ansiedade quando viu a data de estreia de “Além da Ilusão” ser postergada inúmeras vezes em virtudes das medidas de restrição da pandemia de Covid-19. O atraso no cronograma do folhetim, porém, fez com que o ator vivesse uma fase especial atualmente diante do vídeo na pele do misterioso Leôncio. “É muito bom falar sobre arte e amor neste momento. Acho que a novela apresenta temas muito pertinentes e atuais. A gente falar de amor, arte e cura. Falar de cura nesse momento é importantíssimo. Como artista, eu queria muito estar envolvido em um projeto com essa temática toda”, explica.

Na história escrita por Alessandra Poggi, Leônidas chega ao engenho para se candidatar a uma vaga na tecelagem. Imediatamente, ele se apaixona por Heloísa, papel de Paloma Duarte. De origem misteriosa, cria uma relação de cumplicidade com Matias, de Antonio Calloni, de quem se apieda e se torna um bom amigo. “O Leônidas tem um passado que ninguém sabe, um segredo muito forte que ele guarda. Esse segredo acaba sendo um entrave para a relação dele com a Heloísa. Além disso, há esse amor terno que ele tem pelo Matias. É algo incondicional”, defende.

Em “Além da Ilusão”, o Leônidas é um personagem misterioso e sem qualquer informação sobre seu passado. Como foi mergulhar na trama desse personagem sem muitas informações?

Divulgação GloboFoto:

O Leônidas é um homem misterioso, ninguém sabe de onde ele veio, ninguém sabe nada sobre o passado dele, e ele tem determinadas habilidades que aumentam ainda mais esse mistério. A principal habilidade dele é a de enxergar além e ele vai ajudar muito a família do Doutor Matias. Então, eu fui bastante pela linha da ideia do cavaleiro solitário. É onde encontro muito do personagem.

Mas como você chegou a esse tipo de definição?

O trabalho de caracterização é fundamental. A questão da imagem ajuda muito no nosso trabalho do começo ao fim. Todos esses detalhes criam um universo. Ele surge em cima de um cavalo, misteriosamente. E eu acho que a figura do cavaleiro solitário tem tudo a ver com ele. É um outsider, um homem que pegou a estrada, é sozinho no mundo, e está sempre pronto para ajudar.

De que forma o Leônidas constrói essa relação com o Matias?

A relação do Leônidas com o Matias é muito bonita, muito intensa, e um aprende muito com o outro. Apesar de, aparentemente, o Leônidas estar sempre ao lado do Matias, percebendo tudo o que acontece com ele e procurando ajudá-lo nesse quadro de transtornos mentais. Há também um aprendizado muito grande vindo do Matias para o Leônidas, porque curando a gente se cura também, amando a gente é amado, acho que há essa relação. Eles acabam criando um laço de amizade muito bonito. A única forma que o Leônidas encontra de ajudar o Matias é através do amor. Era justamente o que eu queria falar neste momento.

Como assim?

Como artista, eu queria muito falar sobre esse poder da arte e do amor. Estou muito feliz de participar dessa novela porque todos os temas da trama são importantíssimos. A arte salva e a vimos isso nesses nossos últimos anos. A gente fala muito em cura nessa novela. Tanto que a música “Cura” está na trilha. Uma versão linda do Lulu Santos com o Vitor Kley. De onde vem essa cura? Como vamos nos curar desse momento tão difícil? A meu ver, apenas o amor é capaz de curar, é a única revolução, uma forma de transcender. A arte é a ponte dessa imersão para abrir caminhos diferentes.

Como foi seu trabalho de composição para o papel?

Eu me inspirei no Eduardo Marinho, que é uma figura maravilhosa, um artista plástico. Ele abandonou o sistema e foi morar na rua, e é um grande filósofo, não considerado pela academia, mas é um grande filósofo, extremamente sábio, inteligentíssimo. Eu me inspirei também em todos os outsiders, em todos os personagens que pegaram a estrada e romperam com o sistema.

O romance entre Heloísa e o Leônidas ainda é muito sutil. De que forma esse amor irá se desenrolar nos próximos capítulos?

A relação do Leônidas com a Heloísa é um encontro de almas que, até certo ponto da história, não vai se realizar de maneira nenhuma. O Leônidas é completamente apaixonado por ela, mas ela é uma pessoa muito fechada, com feridas que ainda não foram cicatrizadas, mas ele tem toda a paciência do mundo para isso. É uma linda história de amor. Ele se encanta pela Heloísa à primeira vista. No entanto, ele não consegue demonstrar muito essa paixão e esse amor por conta dos segredos do passado. É uma linda história de amor, diferente e singular por conta da história dos dois personagens. Acho que não é um enredo simples.

Por quê?

São questões complexas e que exigem um trabalho de introspecção. Ao lidar com suas próprias questões, o Leônidas precisa seguir aquilo que tanto fala para os outros. É a grande questão do personagem: ser aquilo que ele diz. Acho que é um conflito que faz, inclusive, uma conexão muito fácil de identificação com o público. Cada personagem dessa novela representa uma parte da nossa vida. Então, todos temos questões representadas nos enredos.

Por conta da pandemia, a trama de “Além da Ilusão” sofreu uma série de atrasos em seu cronograma. Como foi controlar a expectativa e ansiedade até a estreia?

Foi um período bastante atípico. Mas eu sempre tive as melhores expectativas para esse trabalho. Sabia que tínhamos um projeto muito bom nas mãos. Sempre acreditei que essa história iria sair do papel. É uma novela pela qual eu estou completamente apaixonado, uma história cativante demais, e não tenho dúvida de que vai conquistar o Brasil até o fim. Temos uma novela linda, maravilhosa, uma verdadeira fábula.

Um trabalho em família

Há quase 30 anos na televisão, Eriberto Leão coleciona personagens e projetos variados diante do vídeo. Porém, o Professor Gael, da temporada de “Malhação Sonhos”, é um papel que ficará na memória e na vida do ator para sempre. “Foi um dos trabalhos mais importantes da minha vida. Meu filho caçula, inclusive, se chama Gael por uma homenagem ao personagem. Acho que isso dá uma ideia do quão feliz eu fui nesse trabalho”, explica.

Ao longo da novela adolescente, Eriberto valorizou bastante a troca com os atores novatos durante as gravações da trama. “Aprendi muito com os colegas, tantos os mais experientes como os mais jovens. A equipe e a direção eram primorosas. Éramos uma grande família”, valoriza.

Obra fechada

Conhecido pelas novelas, Eriberto Leão também tem se aventurado nas séries. O ator é uma das novidades da segunda temporada de “Ilha de Ferro”, disponível no Globoplay e que irá ao ar na Globo a partir de julho. Na trama, ele vive Diogo, um dos rivais do protagonista Dante, papel de Cauã Reymond. “Ele é ambicioso e disciplinado e vê Dante como uma pedra no seu caminho”, afirma.

Na trama, Diogo é irmão de Júlia e noivo de Olívia, interpretadas por Maria Casadevall e Mariana Ximenes, respectivamente. Ele não aceita perder o amor da psiquiatra para Dante. Presidente da Federativa, a estatal de petróleo da história, ele não mede esforços para conseguir o que quer, seja pessoal ou profissionalmente. “É um homem diplomático e astuto, que usa o poder e a inteligência que carrega para atingir o que almeja”, define Eriberto Leão.

Instantâneas

Aos 15 anos, o ator cantou e tocou guitarra na banda punk Hip Monsters.

Eriberto é filho da estilista pernambucana Telma de Castro Leão Monteiro.

Ele é casado com a atriz Andrea Leal. Os dois são pais dos pequenos João e Gael, de 11 e 4 anos.

Publicidade