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ESTRÉIA

Nada é o que parece

Com subversão do posto de mocinha e vilã e trama ágil, “A Favorita” volta ao ar no “Vale a Pena Ver de Novo”

Por GERALDO BESSA_TV PRESS

15 de maio de 2022, às 09h31

Roteirista de cinema e colaborador assíduo das minisséries de Maria Adelaide Amaral, João Emanuel Carneiro mostrou a força de sua escrita e o apelo popular de suas histórias a partir de dois sucessos para o difícil horário das 19h. Em “Da Cor do Pecado”, de 2004, fez barulho ao recolocar Taís Araújo no posto de mocinha e revitalizar a faixa. Dois anos depois, na pretensiosa “Cobras & Lagartos”, criticou a indústria do consumo com direito a um elenco repleto de nomes do primeiro time da Globo. O êxito dos dois projetos foi suficiente para que João Emanuel chegasse ao seleto grupo de autores das nove.

Inventivo e sem receios, em 2008, João fez de “A Favorita”, sua estreia no horário, uma grande brincadeira com o público. Apresentou as personagens Flora e Donatela, de Patrícia Pillar e Claudia Raia, respectivamente, em todas as suas complexidades e, só no meio do caminho, revelou quem era a vilã e a heroína da história. “Estava cansado de ver as mocinhas e vilãs sob a mesma ótica folhetinesca. Não fujo do formato de novela, mas acho que é possível subverter algumas coisas e ainda assim conquistar o público”, conta João, feliz com a reprise da obra na faixa saudosista “Vale a Pena Ver de Novo” a partir de amanhã, dia 16.

Na trama, Donatela foi adotada ainda criança pela família de Flora e as duas cresceram como irmãs. Por conta do talento musical, na juventude, formaram a dupla Faísca e Espoleta e obtiveram relativo sucesso comercial. A carreira, entretanto, foi interrompida depois que as cantoras conheceram os amigos Marcelo e Dodi, personagens de Flávio Tolezani e Murilo Benício. Donatela casou-se com Marcelo e Flora com Dodi. Porém, a felicidade de Donatela começa a desmoronar ao ter seu filho recém-nascido misteriosamente raptado e descobrir o caso extraconjugal mantido por Marcelo e Flora, que acaba grávida de Lara, personagem de Mariana Ximenes. No pior momento de discórdia entre as duas, Marcelo é assassinado, e a culpa cai sobre Flora, que foi pega em flagrante com a arma do crime e é sentenciada a 18 anos de reclusão.

Em um primeiro momento, o autor e o diretor Ricardo Waddington valeram-se das características físicas das protagonistas para confundir o telespectador, contrapondo os traços angelicais e o semblante por vezes frágil de Pillar com a postura sempre altiva de Raia. Ousando no formato, em vez de só revelar as reais intenções das personagens ao público no último capítulo, João Emanuel, aos poucos, não apenas trouxe à tona o caráter doentio e perigoso de Flora, como também criou mistérios e ganchos sobre novos personagens, como o sensível Zé Bob, o garanhão Halley, a desconfiada Irene e, especialmente, o enigmático Silveirinha, personagens de Carmo Dalla Vecchia, Cauã Reymond, Glória Menezes e Ary Fontoura.

Na ânsia de equilibrar a cidade grande e o ambiente rural, a trama acabou sendo desenvolvida entre a capital e o interior de São Paulo. O formato dúbio de apresentar a história e o sucesso da saga mutante de “Caminhos do Coração”, da Record, fizeram com que os primeiros meses de “A Favorita” tivessem audiência aquém do esperado.

Núcleos secundários

Com a trama deslanchando em confortáveis 45 pontos de média, João passou a destacar núcleos secundários com mais propriedade, como o envolvimento do verdureiro Vanderlei e a dona de casa vítima de violência doméstica Catarina, personagens do estreante Alexandre Nero e Lília Cabral. “Era uma novela densa, ‘noir’, onde o ritmo policial se sobressaía ao romance. No fim, acho que ‘A Favorita’ ajudou a renovar a telenovela em um momento em que tudo estava muito igual”, acredita Waddington.

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