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Celebridades

Maurício Farias em uma nova fase

“Um Lugar ao Sol” acaba com jejum de mais de 20 anos de Maurício Farias na direção de uma novela

Por Márcio Maio / TV Press

30 de novembro de 2021, às 07h20

Foram 21 anos sem assinar a direção de nenhuma novela até que Maurício Farias assumisse o set de gravação de “Um Lugar ao Sol”. Aos 61 anos, este friburguense já estava acostumado, nas últimas duas décadas, a dar expediente em projetos de séries, seriados e programas de humor da Globo.

Curiosamente, nesse retorno aos folhetins, em função da pandemia, volta com uma obra gravada inteiramente antes de estrear. “Nós estamos felizes porque fizemos o nosso melhor. É uma trama com um texto maravilhoso, um grande elenco e um padrão altíssimo”, enaltece o diretor artístico da novela das 21h.

Maurício acabou participando do período de retomada dos seriados na Globo. E foi bem-sucedido nisso, visto que “A Grande Família”, que ficou sob a direção dele, permaneceu no ar de 2001 a 2014. “Cheguei com a experiência de novela para fazer seriado e, agora, chego com a experiência de seriados em novela. Nos anos 2000, vi meus colegas correrem atrás para trazer essa linguagem dos seriados para as novelas”, recorda.

Maurício Farias – Foto: Divulgação

“Um Lugar ao Sol” foi inteiramente gravada antes de ir ao ar. Como vocês lidaram com isso?

Nós fizemos um final alternativo com aquilo que a gente acha que possa ser o desejo do público. Queremos decidir isso junto com o telespectador, conforme a novela for avançando. Todo mundo está surpreso e com expectativa de uma obra nova. Essa novela é nova em todos os sentidos. Gravamos de uma maneira que nunca gravamos. Tivemos tempo, a obra escrita praticamente inteira. Quando começamos, a Lícia já tinha um número muito grande de capítulos, o que não é normal. Durante o processo, gravamos uma quantidade muito superior de capítulos misturados, três vezes maior do que o normal. Tudo isso foi uma surpresa e muito instigante. Lançou desafios e tivemos de lidar com eles. Mas, ao mesmo tempo, trouxe diversas outras coisas interessantes, um entendimento do que a autora queria dizer com mais profundidade. Tínhamos mais tempo para estudar o texto. Agora, é a vez do público se surpreender.

Cria-se uma ideia de que as novelas, por serem obras abertas, mudam o tempo todo por conta da audiência. Para você, funciona assim?

Também acho que há uma ideia de que as novelas se modificam dia a dia, de acordo com a audiência. Mas, gente, não é assim e nunca foi assim. Uma novela faz grupos de discussão de tempos em tempos. Os resultados vêm para a gente e algumas correções são feitas. Mas aquilo está dentro de uma obra imensa, que tem uma coerência. A Lícia já sabia o final quando ela começou a escrever. Aquilo está sendo feito para aquele final. Os grupos de discussão trazem ponderações importantes e há mudanças, mas há de se considerar que são raríssimos os casos em que uma novela é um fracasso total e muda tudo. Eu, por exemplo, nunca passei por isso e sei de muitos poucos casos em que tenha acontecido. Na prática, no cotidiano, são pequenas correções, que fazem parte da nossa sensibilidade como realizadores.

Com ‘Um Lugar ao Sol’, você retorna às novelas depois de 20 anos. Como foi esse retorno?

Quando parei de fazer novelas, me dediquei à direção das séries, seriados e programas de humor. Foram anos maravilhosos, onde encontrei grandes parceiros e pude me dedicar à direção desses gêneros. Até que, há uns três anos, na época em que estava filmando “Hebe”, recebi do Silvio de Abreu o convite para dirigir “Um Lugar ao Sol”. Agora, trago essa experiência com séries para a direção de novelas. E a parceria com a Lícia tem sido espetacular. É uma grande autora, com uma narrativa forte e moderna, um olhar apurado e sensível para todas as questões que aborda.

É uma transição difícil das séries para as novelas?

Fiz muitas novelas antes de parar de fazer novela. Quanto aos seriados, participei de um momento em que eles retomaram o espaço na tevê com muita força. E alguns, como “A Grande Família”, já foram feitos nos anos 1970 e a gente conseguiu manter por 14, 15 anos. Foi engraçado, porque eu cheguei com a experiência de novela para fazer seriado e, agora, chego com a experiência de seriados em novela. Nos anos 2000, vi meus colegas correrem atrás para trazer essa linguagem dos seriados para as novelas. Fui vendo as novelas se aproximando dos seriados. Elas se modificaram muito ao longo desses últimos 20 anos. A pandemia me jogou em um lugar no qual levei dois anos para fazer essa novela. Com isso, ganhei tempo para discutir a novela com os atores e a Lícia. Nenhum outro diretor jamais teve esse tempo.

Exceto pela viagem para a Praga, na República Tcheca, no início de 2020, toda a novela foi gravada durante a pandemia. Como foi esse processo?

Começamos a gravar a novela no início de 2020, em janeiro, e o resultado é surpreendente. Aproveitamos os limites que a pandemia nos impôs para criar novas formas de trabalhar as questões artísticas e técnicas. Tenho certeza de que isso está impresso na novela. Não foi fácil atravessar a pandemia. Foram meses de tensão, mas também de muita satisfação. Afinal, com tantas limitações, conseguimos realizar o trabalho.

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