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Celebridades

Mateus Solano dribla percalços da pandemia para viver médico

Durante a preparação para a novela, Mateus não se apegou muito ao acidente de avião que marca o início da trama

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01 de dezembro de 2021, às 14h02

Mateus Solano, mesmo diante de todas as dificuldades e percalços para concluir os trabalhos de “Quanto Mais Vida, Melhor!” em meio a uma pandemia, o ator não perdeu o bom-humor e a esperança de ver o projeto consumado. Agora, com as gravações finalizadas e a novela das sete finalmente no ar, ele encara o folhetim como uma chance de levar entretenimento e alívio ao público diante de um cenário social difícil nos últimos meses.

“Acho que essa novela é uma delícia. Foi feita para as pessoas que passaram por esse momento complexo que estamos passando. É um momento de descontração do dia. Tive a honra de ver os dois primeiros capítulos antes da estreia e achei que o trabalho estava de perder o fôlego. Foi bom para ver o terreno que estávamos pisando. Um trabalho lindo e fiquei com vontade de ver até o capítulo 161 (risos)”, valoriza o ator, que vive o médico Guilherme.

Na trama escrita por Mauro Wilson, Guilherme se orgulha profundamente de nunca ter perdido um paciente em sua mesa de cirurgia. Sua clínica, Monteiro Bragança, é referência quando o assunto é doença cardíaca. Casado com a ex-modelo internacional Rose, papel de Bárbara Colen, ele vive uma crise na desgastada relação. Além disso, não consegue se relacionar com o filho Antônio, de Matheus Abreu.

Com a sobrevida que ganha após o acidente aéreo, Guilherme retorna louco para resolver seus conflitos pessoais. “Guilherme é uma pessoa que pensa que o dinheiro resolve tudo, portanto, não se enxerga como um mau pai. É só a partir do encontro com a Morte, que ele revê seus conceitos com a família”, afirma.

Mateus Solano sempre carregou um olhar otimista ao longo de sua vida – Foto: Ricardo Penna / Divulgação

Logo na primeira semana da novela, o Guilherme passa por uma experiência de quase morte após um acidente de avião. De que forma essa situação irá impactar na vida do personagem?

Acho que o Guilherme tem uma trajetória muito bonita ao longo da novela. Ele quer controlar tudo, mas, durante a trama, ele vai percebendo que ninguém é feliz sozinho. Acho bonita essa evolução. Ele vai rever a relação dele com todos que o cercam. Costumo dizer que o núcleo do Guilherme é o alívio dramático da novela (risos). O Guilherme é o melhor cirurgião cardíaco da América Latina. O problema é que ele sabe disso… mimado desde sempre pela mãe, cercado de muitos privilégios, se tornou um homem controlador, arrogante e machista. Aos poucos, ele percebe que precisa do outro, de amor. São áreas que ele é analfabeto e precisa aprender.

Quando a novela inicia, como está o casamento entre o Guilherme e a Rosa?

O Guilherme e Rose são apresentados no início da trama como um casal em crise, e não por acaso. Celina (Ana Lucia Torre), a mãe de Guilherme que mora com eles, é uma sogra que não mede esforços para infernizar a vida da nora. E Guilherme é um homem extremamente controlador, que quer a mulher ao seu lado, como um bibelô, mas Rose não está mais disposta a desempenhar esse papel. Inclusive, gostaria de valorizar demais esse encontro cênico com a Bárbara. Foi incrível.

De que forma?

Inicialmente, eu trabalhei bastante com os outros três protagonistas. Então, não tive muito tempo de preparação ao lado da Bárbara, que é meu par romântico. Como vamos estabelecer essa intimidade em poucos dias? A Bárbara foi um encontro incrível em cena. A gente rapidamente se conectou e estabeleceu essa relação de um casamento de 20 anos, sendo uma união desgastada ainda e precisando de uma reforma. O elenco todo foi muito bom de encontrar e trabalhar. Feliz demais com esse grupo.

Onde você buscou inspirações para compor o Guilherme?

Guilherme é até um homem bastante comum hoje em dia: cisgênero, branco, poderoso… portanto, tenho muitas referências. Mas o mais importante na minha pesquisa foi ter assistido a uma cirurgia de verdade, onde pude entender um pouco mais sobre o que pode se passar na cabeça e no coração de quem tem a vida de seres humanos nas mãos todos os dias.

A novela foi gravada sob os protocolos de combate à Covid-19. Essa nova dinâmica afetou de alguma forma o seu trabalho?

Acho que esse foi o maior desafio da novela. E isso para todo mundo, ok? Nos adaptarmos aos protocolos, ao ritmo mais lento e, às vezes, um ritmo até inexistente. Paramos por um mês por causa do crescimento da pandemia no início do ano. Então, quando voltamos, tínhamos muitos capítulos para gravar e pouco tempo. Essa instabilidade é complicada. Difícil fazer uma preparação virtual, sem abraçar, tudo picado. Então, diante de todo esse cenário, não encontrei dificuldades para compor o Guilherme. Estava muito feliz de estar compondo um papel e trabalhando em meio a uma pandemia. Não existia nenhum problema que não pudesse ser resolvido sobre a composição do personagem. Na verdade, era uma delícia ser desafiado a criar. Como faz uma preparação virtual? Como grava numa pandemia? Todo mundo se ajudou bastante. Teve uma solidariedade instantânea de todos.

As gravações da novela foram encerradas recentemente. Como está sendo essa experiência de acompanhar a produção inteiramente finalizada?

Eu senti demais não poder mexer no personagem no ar. Acredito que todos com experiência em novelas sentiram isso. É uma obra grande, né? São 161 capítulos. A gente não teve aquele bate-bola com o público. Foi complicado para o elenco, a direção e o autor. A novela só pode ser tão grande porque há esse diálogo com os telespectadores. Mas não havia outra forma de fazer. Foi algo inédito diante do momento inédito que estamos vivendo. Não é o ideal, mas foi possível. Fomos tateando no escuro. O bom é que vou conseguir assistir à novela. Nós, elenco, podemos nos encontrar com menos protocolos e todos vacinados. Vou poder até ver a novela com um balde de pipoca e o cabelo raspado. Não tem mais continuidade, né? (risos)

Na história, seu personagem aparecerá cantando e tocando piano. Como é a sua relação com a música?

Tenho uma relação forte. Meu pai toca piano, é ligado em música clássica e bastante erudito. Eu, quando mais novo, dei minhas arranhadas no violino. Agora estou no piano. Sou apaixonado por música clássica e fiquei feliz de fazer um personagem que toca. Quando eu recebia o roteiro com as cenas tocado piano, eu pedia para fazerem uma partitura simplificada. Toco só há dois anos. Então, fui correr atrás de estudar. Acho que a música, assim como o humor, acessa lugares muito interessantes no público. Quanto ao canto, eu não cheguei a estudar. Isso não estava previsto no início da sinopse. Acho que foi uma coisa lúdica que a direção quis incluir. Os protagonistas cantarolam, mas não são cantores. O protagonismo desses clipes é para a música e o que aquela letra quer dizer naquele momento da cena.

Após um encontro com a morte, os quatro protagonistas passam a repensar a vida. De que forma você encara essa finitude da linha do tempo?

Eu tenho uma noção saudável de que vou morrer. As pessoas ficam afastando essa ideia que, na verdade, não é uma ideia. É única certeza que temos, né? Acho que a morte é algo que faz parte da vida. Então, estou sempre lembrando como é esse milagre de estar aqui vivo e respirando. Tenho noção de que devo aproveitar a vida de todas as formas possíveis. Se eu tivesse uma segunda chance, não sei se faria algo diferente do que faço. Eu falaria: “oba, vamos viver mais”.

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