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PERFIL

Lugar merecido

Aline Borges celebra boa fase em “Pantanal” e relembra trajetória na carreira

Por MÁRCIO MAIO - TV PRESS

29 de junho de 2022, às 18h50 • Última atualização em 29 de junho de 2022, às 18h52

Infelizmente, discutir o racismo em pleno Século 21 ainda se faz necessário. Aline Borges sabe bem disso e não esconde o orgulho que sente por ter sido escalada para interpretar a batalhadora Zuleica de “Pantanal”. Na primeira versão da novela, exibida em 1990 pela extinta TV Manchete, a personagem era uma mulher branca, vivida por Rosamaria Murtinho. Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa e responsável pela adaptação da obra original do próprio avô, decidiu aproveitar a segunda mulher de Tenório, papel de Murilo Benício, para discutir também questões raciais. “Para descontruir, a gente precisa discutir, colocar uma lupa para olhar para o racismo, que segue excluindo, oprimindo e matando o povo negro todos os dias. É uma benção termos um dramaturgo como ele, homem branco, com esse olhar”, valoriza.

Na trama das 21h da Globo, Tenório tem duas famílias. A primeira, oficial, é com Maria Bruaca, personagem de Isabel Teixeira, com quem ele vive no Pantanal. Já a outra fica em São Paulo, com Zuleica como uma espécie de matriarca, contando com visitas esporádicas do pai de seus três filhos, Marcelo (Lucas Leto), Renato (Gabriel Santana) e Roberto (Cauê Campos). “Zuleica é uma mulher íntegra, que criou os meninos praticamente sozinha. Muita coisa vai acontecer em seu arco dramático. Ela é muito forte, reconhece suas dificuldades e seus limites, mas não entrega o jogo”, defende Aline.

Quando Zuleica engravidou de Tenório, ele já era casado com Maria Bruaca e isso não era um segredo. Agora, porém, Maria Bruaca já sabe da existência da outra. Nos próximos capítulos, Marcelo chegará ao Pantanal, onde reencontrará Guta, vivida por Julia Dalavia. “A Zuleica não tem problema em ser essa segunda mulher. Ela é muito digna, honesta e real. Me inspira bastante, estou aprendendo demais com ela”, revela Aline, que já fez duas viagens para gravar cenas no próprio Pantanal.

Em breve, Maria Bruaca e Zuleica estarão juntas, nas terras de Tenório. A amante , no entanto, não estará disposta a defender todas as atitudes do fazendeiro. Ao contrário: a sororidade falará mais alto na relação entre os três. “É bonito de ver, diante de toda a situação que vai acontecer nesse trio, da Maria Bruaca, Zuleica e Tenório, que a Zuleica não larga a mão da Maria Bruaca. A empatia está na frente”, elogia Aline, que é carioca e tem 47 anos de idade.

Aline não conhecia o Pantanal e, quando fez a primeira viagem para a região, para participar das gravações da novela, teve uma crise de pânico antes de o avião decolar, ainda no Rio de Janeiro. “Cheguei a sair do avião, chorei muito lá fora, mas decidi voltar. Olhei para o avião e decidi que seguiria meu caminho”, lembra. A atriz garante que nunca tinha sentido nada parecido com aquilo. Hoje, analisando o que ocorreu, acredita que não se tratava de medo da viagem de avião, que estava fazendo sozinha. “Era sobre tudo que esse momento significa. Estou dando um grande passo na minha carreira. Então, entendo que foi um somatório de coisas. O medo desse passo novo. A gente tem medo de crescer na vida e olhar para esse medo, colocar luz nele, já foi o início da cura”, reflete.

Caminho longo

A primeira novela da carreira de Aline Borges foi “Coração de Estudante”, em 2002, dirigida por Rogério Gomes, o Papinha, com quem a atriz voltou a trabalhar em “Pantanal”. Mas outra parceria está sendo retomada agora, depois de muitos anos, a partir do remake. Em “Celebridade”, exibida entre 2003 e 2004 pela Globo, ela deu vida à empregada Regina, que trabalhava na casa do fotógrafo Fernando, papel de Marcos Palmeira no folhetim. “Fiquei emocionada com o lugar em que estou hoje, como atriz. Estou aqui, fazendo a mesma novela que o Marquinho, em outro lugar. Zuleica tem uma casa, uma história. Trabalhei esses anos todos para conquistar esse espaço”, vibra.

O problema, na verdade, não era exatamente interpretar uma personagem da área de serviço. Mas recusar o estigma de sempre estar ligada a esses papéis. “Antes de eu me reconhecer como mulher preta, não entendia porque não me chegavam trabalhos onde eu tinha uma casa, uma vida. Era sempre a copeira, a empregada, ficava nesses lugares”, lamenta. Seu caminho começou a mudar mesmo quando foi convidada por Alexandre Avancini para dar vida a um dos papéis centrais de “A Lei e o Crime”, série da Record, em 2009. Conquistou um contrato longo com a emissora e teve destaque em vários projetos do canal. Mas, para alcançar seu espaço, precisou ser firme em algumas escolhas. “No teatro ou na tevê, quando eu era convidada para papéis sem uma história própria, falava que não queria mais fazer aquilo. Então, hoje, estar em ‘Pantanal’, como a Zuleica, para mim, é um avanço enorme”, orgulha-se.

Instantâneas

Em “Vitória”, novela da Record, Aline Borges interpretou uma empresária refinada que sofria agressões por parte de um grupo neonazista que movimentava a história.

Aline tem um irmão gêmeo, Roberto Borges.

Foi na escola, aos 11 anos, que Aline começou a se interessar pelas artes cênicas. Sua irmã estava envolvida em um festival de teatro e, um dia, alguém faltou e Aline foi chamada, às pressas, para substituir a criança. O papel era de uma menina de rua.

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