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Através dos séculos

Em ‘Nos Tempos do Imperador’, Michel Gomes faz paralelo entre a trama de época e o Brasil atual

Ambientada no Século 19, a novela relembra a luta dos negros pela libertação dos escravos e a busca por maior igualdade social no Brasil

Por Caroline Borges - Tv Press

12 de setembro de 2021, às 08h25 • Última atualização em 12 de setembro de 2021, às 08h26

Michgel afirma que ainda lida com situações semelhantes do enredo em seu dia a dia no Rio de Janeiro de 2021 - Foto: Divulgação - Alan Miguel - Alma Estúdio

Tudo que Michel Gomes queria era estar imerso em uma trama de completa ficção ao longo do enredo de “Nos Tempos do Imperador”. Ambientada no Século 19, a novela assinada por Thereza Falcão e Alessandro Marson relembra a luta dos negros pela libertação dos escravos e a busca por maior igualdade social no Brasil. Apesar dos mais de 100 anos que separam a história do Segundo Reinado brasileiro do período atual, o intérprete do corajoso Jorge/Samuel ainda lida com situações semelhantes do enredo em seu dia a dia no Rio de Janeiro de 2021.

“São histórias dos nossos ancestrais. Dores e sofrimentos que vivo até hoje. Moro em um bairro que, quando estou andando de moto, levo uma dura até perceberem ou desconfiarem que sou uma pessoa pública. Meu irmão mais novo ainda mora na favela e toma duras, tem a casa invadida sem mandado… Uso essas experiências para transformar em arte, que foi um dom que Deus me deu”, explica.

Na atual novela inédita das seis, Jorge é o filho bastardo do coronel Ambrósio, papel de Roberto Bomfim, de quem foi escravo. Corajoso e honesto, ele acredita na integração entre negros e brancos. Acusado injustamente do assassinato do coronel, ele esconde sua verdadeira identidade e, com a ajuda da Condessa de Barral, de Mariana Ximenes, passa a se chamar Samuel.

No primeiro encontro com Pilar, vivida por Gabriela Medvedovski, durante uma fuga, se apaixona pela jovem. “Eles são um casal que é fogo, amor e paixão. Um amor bonito, intenso e verdadeiro. Vejo a Pilar e o Jorge/Samuel como a Bela e a Fera. Elas são uma fortaleza um para o outro. A Gabi é uma grande parceira e me ajuda muito na construção em cena. A gente tem uma troca de energia muito boa”, valoriza.

A fictícia história de amor entre os dois jovens protagonistas, no entanto, é bastante familiar para Michel. Seus pais, um homem branco e uma mulher negra, também enfrentaram uma série de barreiras e preconceitos para viver uma relação amorosa.

“É uma história que me faz voltar para as minhas raízes de muitas formas. Meus avós paternos ficaram anos sem falar com meu pai por se casar com uma mulher negra. É algo muito próximo de mim”, relembra Michel, que tem dificuldades para se desligar do personagem longe dos estúdios. “Vivo tudo com muita intensidade. Por isso, meu corpo não entende que é trabalho e dá alguns sinais, como cansaço ou a mente que nunca para. Tenho um lado muito visceral e não consigo me separar do personagem”, completa.

Nascido em Padre Miguel, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Michel estreou na tevê ainda criança, com 11 anos, na série “Brava Gente”, que foi ao ar em 2000, quando fez uma rápida participação. Ao longo dos anos, o ator participou de produções, como “Viver a Vida”, da Globo, “Rebelde”, da Record, e as duas temporadas da série “3%”, original da Netflix. A trama de “Nos Tempos do Imperador” é o primeiro papel de maior expressão do ator de 32 anos nos folhetins.

“Estou realizando um sonho com esse projeto. Temos toda a possibilidade de fazer um bom trabalho, lidar com grandes colegas no ‘set’. Todo mundo é muito respeitoso e agradável. Sei da nossa responsabilidade, mas temos um clima leve e divertido nos estúdios. É uma brincadeira de gente grande. Me faz ter um grande tesão pelo projeto e, no dia em que eu não tiver mais tesão pelo meu trabalho, vou procurar outra coisa para fazer”, ressalta.

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