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Celebridades

Em destaque seu lado nobre

Rodrigo Lombardi defende a postura ética de Caio, galã de “A Força do Querer”

Por Geraldo Bessa_Tv Press

03 de fevereiro de 2021, às 07h22

O primeiro trabalho de Rodrigo Lombardi na tevê foi na novela infantil “Meu Pé de Laranja Lima”, exibida pela Band, em 1998 - Foto: Divulgação

O porte esguio, o sorriso largo e a voz grave logo chamam a atenção em Rodrigo Lombardi. Essas características marcantes fazem dele o tipo ideal para interpretar galãs, arquétipo fundamental nas novelas. De vez em quando, Rodrigo até direciona sua carreira para papéis mais complexos, mas é para os mocinhos que ele acaba voltando.

Um bom exemplo disso é o correto Caio de “A Força do Querer”, folhetim exibido originalmente em 2017 e que volta a ocupar a faixa das nove por conta da quarentena. “Caio é a representação da ética dentro da história. A todo momento, ele é tentado a se corromper. O grande dilema do personagem é se manter firme em seu propósito enquanto todos à sua volta cometem seus desvios cotidianos”, analisa.

Aos 44 anos, o ator paulistano conseguiu seu lugar de destaque na tevê a partir de muito trabalho. Com passagens por Record e SBT nos anos 1990, a relação de Rodrigo com o vídeo demorou a engrenar. Na Globo desde 2005, a primeira autora a apostar alto em seu nome foi Glória Perez, que o escalou como antagonista de “Caminho das Índias”, de 2009. O personagem deu tão certo que roubou a cena de Márcio Garcia, virou protagonista e ainda ficou com a mocinha no final.

“É um momento muito importante da minha carreira. Representa um salto importante em termos profissionais. Agradeço muito a confiança que a Glória depositou em mim”, avalia o ator que, além da atual reprise das nove, também trabalhou sob o texto da autora na controversa “Salve Jorge”, de 2012.

Com títulos como “Passione” e “O Astro” no currículo, nos últimos tempos, Rodrigo tem se dedicado a trabalhos de menor duração, como a série “Carcereiros” e a minissérie inédita “O Anjo de Hamburgo”, que conta a história de Aracy de Carvalho, brasileira que salvou a vida de centenas de judeus na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

Na trama, Rodrigo vive o marido da protagonista, o escritor Guimarães Rosa. “Tudo nessa minissérie é grandioso. O trabalho começou na Argentina e, logo depois de voltar para o Brasil, as gravações foram canceladas por causa da pandemia. Não vejo a hora de voltar ao papel”, empolga-se.

“A Força do Querer” é seu trabalho mais recente em novelas. Como recebeu a notícia de que a trama retornaria ao horário das nove?
Rodrigo Lombardi Foi uma surpresa para todo mundo. Sabia que estava na disputa para ocupar a faixa durante a quarentena. Mas, por ser muito recente, imaginei que outra obra seria escolhida. Por outro lado, é uma história muito forte e cheia de atributos para voltar a ser exibida. É impressionante como o texto da Glória (Perez) conseguiu reunir tantas referências e criar um mosaico bem representativo do Brasil. E, revendo a trama, tudo continua muito atual.

Em que sentido?
Rodrigo O tema central da novela é a tolerância. O Caio também estava inserido nesse contexto. Mas, meu personagem também simboliza a ética dentro da história. Ele é um estudioso do Direito e muito profissional, que acredita que perdeu o grande amor de sua vida justamente por ter essa postura mais pragmática. No meio da novela, ainda apaixonado pela Bibi (Juliana Paes), ele se decepciona ao ver que os dois tomaram caminhos distintos. Esse amor do passado a todo tempo quer testar os limites éticos do Caio.

A novela marcou seu terceiro par romântico com a Juliana Paes. Essa afinidade profissional facilita o trabalho?
Rodrigo Muito. A gente chega para gravar de forma muito livre, cada um fala o que espera da cena e isso deixa o trabalho bem dinâmico. Não vejo a Juliana sempre, mas ela é uma das poucas amigas que tenho fora dos estúdios. Nossas famílias se conhecem e se gostam. Então, toda vez que sei que vou trabalhar com ela é muito empolgante.

Qual sua principal lembrança da época das gravações?
Rodrigo A falta de estresse nos bastidores. Novela é um produto de longa duração. Às vezes, rolam uns atritos que afetam a equipe toda. “A Força do Querer” foi puro entendimento e sintonia. Ficava todo mundo ansioso pelo texto da Glória, a direção sempre conseguia pegar o melhor dos atores em cena e a equipe técnica estava inteira dentro do estúdio.

O personagem marcou sua volta aos tipos galãs depois de trabalhos mais conceituais como “Meu Pedacinho de Chão” e “Verdades Secretas”. Você estava fugindo dos mocinhos?
Rodrigo Não acho que tenha sido uma fuga. Apenas uma vontade de fazer coisas diferentes. Saí desses dois trabalhos, por exemplo, com uma grande bagagem de aprendizado. Neste caminho, também fiz a primeira fase de “Velho Chico” e depois acabei protagonizando “Carcereiros”, que me levou para um lugar muito forte e visceral.

O Adriano de “Carcereiros” exigiu de você um mergulho no caos do sistema prisional brasileiro. Esse processo ajudou também na construção do Caio?
Rodrigo Bastante. Até mesmo pelos contrastes de interpretar pessoas envolvidas com segurança pública, mas de realidades, dramas e tons bem diferentes. O que os une é o poder de negociação em operações de alto risco. Então, o universo do Adriano foi importante para o estofo do Caio.

Em que ponto da sua trajetória você acha que começou a ter um pouco mais de autonomia sobre os convites de trabalho?
Rodrigo No início é normal fazer tudo o que aparece. Afinal, um ator precisa de repertório. A partir de “Caminho das Índias”, comecei a ter mais convites de trabalho e passei a negociar melhor com a emissora o que seria mais vantajoso para mim e para ela. É uma relação sadia, onde é a qualidade do trabalho como um todo que importa. Minhas últimas escalações, felizmente, têm acompanhado meus anseios artísticos.

Você estava gravando a minissérie “O Anjo de Hamburgo” quando começou a quarentena. Está ansioso para voltar ao trabalho?
Rodrigo Sim. Estou apenas aguardando o chamado do Jayme (Monjardim, diretor). É um projeto histórico grandioso, onde interpreto o escritor Guimarães Rosa. Por se tratar de uma produção internacional, falada em diversos idiomas, com elenco e figuração numerosa, além de muitas externas, estamos esperando um momento mais seguro para esse retorno.

Garra e coragem
Destacar-se na televisão parecia um sonho distante para Rodrigo Lombardi. O começo tímido em novelas de pouca repercussão da Record e do SBT também não ajudaram muito. A entrada para a Globo, na controversa “Bang Bang”, de 2005, “bateu na trave”. “Batalhei muito e recebi muitos ‘nãos’. Ou seja, foi um início de carreira bem normal. A maioria passa por esses problemas”, minimiza.

A sorte começou a mudar depois que o porte e o bom humor de Rodrigo caíram nas graças de Carlos Lombardi, autor que assumiu “Bang Bang” depois dos problemas de audiência e o escalou para um de seus descamisados em “Pé na Jaca”, de 2006. Na pele do divertido Tadeu, o ator, conseguiu, enfim, chamar a atenção do público e de outros diretores e autores da emissora. “Logo depois da novela, me chamaram para um contrato longo. Tudo aconteceu na hora certa. Nessa época, as coisas estavam bem complicadas para o meu lado e eu já estava começando a distribuir currículos para outros tipos de emprego”, relembra.

Viver e aprender

A atuação de Rodrigo Lombardi foi talhada a partir de muito trabalho. Apaixonado pelo ofício, mas sem dinheiro para bancar os estudos, ele acabou não tendo uma base acadêmica em sua atuação. Mas compensou a pouca experiência tentando aproveitar ao máximo os períodos de composição de seus primeiros trabalhos no teatro e na tevê. “Fui fazendo e aprendendo. Os inúmeros testes que fiz para entrar na tevê foram importantes nesse processo”, explica.

Já reconhecido dentro da Globo e com mocinhos no currículo, o ator teve encontros profissionais que o ajudaram a sentir mais segurança em cena. Um dos mais importantes foi com Luiz Fernando Carvalho em “Meu Pedacinho de Chão”, de 2014. “A novela era linda, teatral, detalhista. Tive de me despir de todos os conceitos que tinha sobre a atuação e me ‘jogar’ naquele mundo. É um trabalho que levo para a vida, um grande aprendizado”, valoriza.

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