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Celebridades

Denise Fraga volta às novelas

Atriz está na pele da sonhadora e decadente Julia de “Um Lugar ao Sol”

Por Geraldo Bessa / TV Press

30 de novembro de 2021, às 07h20

Autonomia artística sempre foi uma das prioridades de Denise Fraga. Ao selecionar com cuidado cada passo de sua carreira e privilegiar as séries, quadros e peças de teatro de alto teor autoral, a atriz acabou se afastando de produções de longa duração. Em 2019, depois de alguns convites, Fraga, enfim, pôde dizer “sim” ao chamado da amiga Lícia Manzo, autora de “Um Lugar ao Sol”.

“Lícia já tinha me convidado para voltar às novelas há uns anos atrás, mas não pude fazer. Quando vi a produção no ar, fiquei realmente tocada pelo texto e vi que, uma hora ou outra, teria de fazer uma trama dela. Fiquei super feliz quando as agendas se acertaram”, conta.

Com “Um Lugar ao Sol” já toda gravada, Denise atualmente passa uma temporada em Portugal – Foto: Divulgação

Logo no início das gravações, entretanto, tudo foi paralisado por conta dos primeiros casos de coronavírus no Brasil. Com os trabalhos adiados e a agenda de produção refém dos números da pandemia, Fraga logo viu que seu retorno aos folhetins seria uma experiência bem diferente de suas lembranças dos anos 1980 e 1990. “Foi tudo muito complicado. Mas o elenco ficou unido e segurou a onda. Me senti muito privilegiada em estar na companhia de pessoas tão maravilhosas e com um texto dessa grandeza em mãos”, avalia.

Em “Um Lugar ao Sol”, Denise é a cantora Julia. Com uma carreira decadente e a vida totalmente fora dos trilhos, ela entra na trama após ficar nove meses sóbria e, além de redenção, busca uma possível aproximação com o filho, Felipe, papel de Gabriel Leone.

“A personagem é linda. A vida dela está desmoronando, mas ela ainda tenta manter o otimismo, os sonhos de gravar um álbum, de ter a convivência com esse filho restabelecida. Julia é um tipo muito reconhecível para mim. Já conheci várias pessoas semelhantes a ela”, argumenta.

Outro ponto instigante para a atriz é a relação de Julia com a mãe, Ana Virginia, renomada psicanalista vivida por Regina Braga. Fraga não esconde a empolgação ao lembrar das longas discussões protagonizadas pela dupla. “A vida tem muitas contradições e a Lícia entende muito bem isso. O fato de a mãe ser uma psicanalista que se especializou em pacientes com adicção, mas que não consegue resolver o problema da própria filha e a rejeita é muito interessante. Mostra como a vida é móvel, não existe solução ou receita”, filosofa.

Sempre pensando na frente quando o assunto é trabalho, Fraga antecipou sua preparação para “Um Lugar ao Sol”. Por isso, bem antes de iniciar as gravações, passou a frequentar algumas reuniões do Alcoólicos Anônimos. Mesmo com pessoas próximas enfrentando a mesma batalha da personagem, a atriz resolveu acompanhar o cotidiano do grupo na busca por dias melhores.

“Acho que as cenas dela fazendo essa terapia em grupo vão impressionar o público e mostrar o trabalho incrível que o A.A. faz com quem procura ajuda”, analisa. A porção cantora da personagem também fez Fraga procurar algumas aulas de canto. Para inspiração e busca por repertório, ela voltou a ouvir discos mais antigos de cantoras que admira, caso de Ângela Rô-Rô, Zélia Duncan e a saudosa Cássia Eller. Sem piano por perto, os ensaios para as cenas musicais eram feitos em um teclado de papel improvisado feito pela mãe da atriz. “Queria ter mais precisão nos movimentos dos dedos. Foi uma solução inusitada que me ajudou muito”, ressalta.

Carioca radicada em São Paulo, Fraga foi integrante do prestigiado Grupo Tapa e estreou na tevê, em 1987, na pele da certinha Amália de “Bambolê”. Logo ela entendeu que se comprometer ao longo de meses com uma novela poderia atrapalhar sua paixão pelo teatro e cinema. Por conta disso, depois de “Sangue do Meu Sangue”, trama exibida pelo SBT, em 1995, decidiu aceitar apenas trabalhos mais curtos na tevê.

“É impossível conciliar a turnê de uma peça pelo Brasil com a loucura diária dos estúdios. Nesse momento, vi que poderia também apresentar ideias e não apenas ficar esperando convites”, defende. Nos anos seguintes, Fraga brilhou em produções como o “Auto da Compadecida” e “Queridos Amigos”, e ficou muitos um bom tempo no dominical “Fantástico” à frente de quadros de sucesso como “Retrato Falado”, “Álbum de Casamento” e “Fazendo História”, sempre trabalhando ao lado do marido, o diretor Luiz Villaça. “Meu interesse pela televisão é enorme. Acho que é por isso que sempre estou buscando ou criando coisas para me envolver”, garante.

Dona de si

Denise Fraga sempre manteve uma boa relação com a Globo. Na emissora, ela conseguiu emplacar diversos projetos autorais, onde além de protagonizar, tinha total autonomia sobre os rumos artísticos das produções. A pífia repercussão de “Norma”, série de 2009, cancelada antes da exibição do último episódio, por pouco, não estremeceu a harmonia desse “casamento”. “Quando vi que ter um contrato significava fazer apenas o que a empresa queria, resolvi fazer as coisas de forma diferente”, explica.

Em 2011, a atriz preferiu não renovar seu contrato com a emissora e achou melhor começar a ter vínculo apenas por obra, prática muito utilizada hoje em dia. “Não acho justo ganhar sem trabalhar e muito menos atuar em coisas que eu não queria fazer. Foi uma decisão importante e que não me fechou as portas”, analisa Fraga, que nos últimos anos participou de produções como “A Mulher do Prefeito” e da primeira fase de “A Lei do Amor”.

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