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Celebridades

Com uma voz inspiradora

Pioneira na narração de futebol, Renata Silveira brilha na transmissão da Copa do Brasil e anseia por mais mulheres no posto

Por Geraldo Bessa / TV Press

22 de abril de 2021, às 10h10

Ser a primeira narradora de futebol do Grupo Globo é motivo de orgulho para Renata Silveira. Porém, ela se diverte ao dizer que nunca sonhou com o posto. Não que ela tivesse qualquer objeção com a profissão, mas pela simples falta de representatividade feminina em um universo por muito tempo protagonizado apenas por homens.

Apesar de todo o apoio da família, uma onda de preconceito acompanhou a trajetória de Renata por um bom tempo – Foto: Divulgação

“Pelo fato de nunca ter visto uma mulher narrando, não me imaginava fazendo isso. Depois que fiz pós-graduação em Jornalismo Esportivo, comecei a alimentar o sonho de trabalhar na tevê e surgiu a vontade de narrar”, explica Renata, que hoje integra o time titular do canal SporTV na cobertura da Copa do Brasil.

A primeira experiência na função aconteceu de forma despretensiosa no concurso “Garota da Voz”, promovido pela Rádio Globo, em 2014. “Me inscrevi, fui aprovada e venci. Narrei pela rádio a partida entre Uruguai e Costa Rica pela Copa do Mundo, disputada no Brasil. Comecei a gostar de narrar e, a partir daí, me especializei e fiz cursos para me aperfeiçoar”, conta ela, destacando a importância de cursos de oratória e sessões de fonoaudiologia para melhorar o desempenho durante as partidas.

Apesar de todo o apoio da família, uma onda de preconceito acompanhou a trajetória de Renata por um bom tempo. Aos poucos, entretanto, o estranhamento do público foi dando lugar a uma postura mais respeitosa.

“Uma mulher narrando era estranho para todo mundo. Até para mim. Mas as pessoas aprendem a conviver com o novo. Embora ainda hoje tenha de aturar algumas piadas e comentários carregados de ódio gratuito, acredito que consegui criar uma boa conexão com os torcedores”, destaca.

Nos momentos de maior apreensão em torno das dificuldades da carreira, os pensamentos de Renata viajavam até a origem de seu amor pelos gramados, seu programa familiar preferido da infância. “Desde pequena, meu pai levava minha irmã e eu para torcermos por ele em suas atuações nas peladas de fim de semana. Essa é minha primeira lembrança dos campos. Aprendi sobre as regras desde cedo e fui me apaixonando”, relembra.

Entre suas principais referências profissionais, Renata destaca talentos do rádio, como José Carlos Araújo e Edson Mauro, além de expoentes da tevê, casos de Galvão Bueno, Luís Roberto e Milton Leite, entre outros. A ausência de nomes femininos para inspiração, ela acredita, é uma questão de tempo. A sensação de ser uma desbravadora a empolga, mas ela quer mesmo é assistir ao mercado se expandir para outras mulheres amantes do futebol.

“Ser uma das primeiras a fazer isso, mostrar que é possível, é muito legal. Confesso que não sabia o tamanho real deste papel. A ficha vai caindo aos poucos e poder servir de inspiração para outras é o mais bacana de tudo isso”, argumenta. As partidas da Copa do Brasil privilegiam equipes formadas por ambos os gêneros, uma convivência muito bem articulada e que tem fluído muito bem durante as transmissões do canal pago. Entretanto, Renata não ficaria nada triste ao ter algumas edições especiais apenas com mulheres no estúdio. “Talento e conhecimento não têm gênero. Meu voto é por transmissões mistas, mas se tiver alguma possibilidade de haver uma partida 100% feminina, vou curtir a experiência”, garante.

CARREIRA

Natural do Rio de Janeiro, Renata é formada em Educação Física e tem pós-graduação em Jornalismo Esportivo. Depois da experiência no rádio, sua estreia na tevê foi no canal Fox Sports, onde comandou transmissões da Copa do Mundo, da Libertadores da América e da Liga dos Campeões feminina. Seu desempenho à frente dos jogos acabou chamando a atenção da concorrência.

Após meses de negociação e uma contraproposta da Fox, Renata acertou sua contratação com o Grupo Globo em dezembro do ano passado e sua estreia aconteceu no último mês de março, na disputa entre Botafogo e Moto Club. “Ainda não tenho bordão ou frase de apresentação, mas me sinto feliz e preparada para trabalhar no esporte da Globo. A Copa do Brasil é o torneio mais abrangente do futebol nacional, que tradicionalmente traz surpresas. Cada jogo é incrível e prova que mulheres podem trabalhar no que quiserem”, defende.

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