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Malas prontas

Conheça toda beleza da Chapada Diamantina

Opções não faltam: é possível explorar tudo, conhecer as cachoeiras, as trilhas e o cerrado misturado à Mata Atlântica, de diversas formas

Por Agência Estado

21 de junho de 2019, às 15h22

Foto: Divulgação
São mais de 200 cachoeiras, 200 grutas, 1.500 quilômetros de trilhas e um parque nacional de 152 mil hectares

A Chapada Diamantina deixa marcas. Se não no corpo, ao menos na alma. É comum encontrar por lá forasteiros de diversas partes do Brasil e do mundo, gente que foi para conhecer as cachoeiras, as trilhas e o cerrado misturado à Mata Atlântica e acabou se apaixonando – e nunca mais voltou para casa. As justificativas variam: natureza exuberante, atmosfera hippie, clima despojado e até motivações místicas. Na internet pipocam teorias sobre um portal para outra dimensão que estaria localizado lá. Mas o certo é que ninguém sai de Lençóis do mesmo jeito que chegou – a pequena cidade de 10 mil habitantes é a principal porta de entrada para o destino.

Os números na Chapada Diamantina são grandiosos: mais de 200 cachoeiras, 200 grutas, 1.500 quilômetros de trilhas e um parque nacional de 152 mil hectares. O destino fica no coração da Bahia, a 420 km de Salvador e longe das praias que renderam fama ao mais sedutor dos estados brasileiros. Mas exibe um emaranhado de belezas sem precedentes. É possível explorar tudo de diversas formas: de carro, de bike, ou a pé, fincando base em uma das suas 24 cidadezinhas ou dormindo cada noite em um local diferente, acampando ou se hospedando em hotéis confortáveis com uma boa cama king size. Tudo depende do tipo de turista que você é – ou que está disposto a ser.

Para quem vai pela primeira vez, o ideal é reservar ao menos uma semana – com menos tempo corre-se o risco de voltar para casa frustrado com a quantidade de atrações que ficaram de fora. A verdade é que há atividades e belezas naturais suficientes para estadas muito mais longas. Uma vez lá, o melhor é alugar um carro para rodar à vontade e conhecer os principais pontos turísticos da região. Outra opção é contratar um pacote de Volta ao Parque, que inclui o transporte e as atrações mais populares da Chapada.

Onde se hospedar

Foto: Divulgação
Por si só já é uma atração. O mais pitoresco dos vilarejos da Chapada é uma herança dos tempos áureos do garimpo de diamante na região

A base mais óbvia é Lençóis, que tem boa oferta de hotéis e restaurantes e um aeroporto com voos de e para Salvador. Com ares coloniais, a cidade é charmosa e animada à noite, principalmente nos meses de férias. Mas há outras opções interessantes.

O Vale do Capão concentra a turma hippie. Mucugê é tranquila e tem um bonito casario, além de um inusitado cemitério bizantino. Guiné é ideal para quem pretende encarar o árduo trekking no Vale do Pati. E Igatu é por si só uma atração. O mais pitoresco dos vilarejos da Chapada é uma herança dos tempos áureos do garimpo de diamante na região, que teve seu ápice entre 1844 e 1871.

O povoado chegou a ter 9 mil habitantes, cinema e loja de produtos importados. Hoje tem 500 moradores e atmosfera bucólica, mas a história continua presente na arquitetura e no estilo de vida de seus moradores. Tombadas pelo Iphan, as ruínas das casas de pedra que pertenciam aos garimpeiros ficam em uma das extremidades do distrito e, misturadas à vegetação, compõem um cenário que lembra as cidades de pedra europeias. As diversas trilhas e atrações naturais da Chapada Diamantina garantem a presença dos ecoturistas, da turma hippie e até de moradores de grandes cidades em busca de reconexão com a natureza.

Termos como trekking, trilhas e aventura, no entanto, podem afastar quem gosta de conforto, não curte longas caminhadas e evita a todo custo qualquer tipo de perrengue nas férias. A boa notícia é que alguns dos melhores atrativos da região exigem pouco ou nenhum esforço físico – e são acessíveis até para os mais sedentários. Dividimos as principais atrações do destino por nível de esforço físico. Escolha o seu e vá preparado para voltar diferente.

A magia do Vale do Pati

Foto: Divulgação
Região foi uma próspera zona cafeeira no início do século 20, mas quebrou na década de 30, quando o governo estatizou a produção

Destino perfeito para trekkers experientes, o Vale do Pati é o crème de la crème da Chapada. Só é possível chegar a pé – e a caminhada, embora cênica, não é fácil. A região foi uma próspera zona cafeeira no início do século 20, mas quebrou na década de 30, quando o governo estatizou a produção e ordenou o fim das plantações.

Das 2 mil famílias que lá viviam, restam 12, que sobrevivem principalmente hospedando e alimentando os turistas. As operadoras oferecem roteiros de quatro a sete noites, com diferentes percursos e atrações.

O mais tradicional vai do Capão a Andaraí, mas uma alternativa é entrar ou sair pelo distrito de Guiné, encurtando o caminho. Todos, no entanto, envolvem caminhadas puxadas, com vários trechos em que é preciso se agarrar às pedras para facilitar a subida – as chamadas escalaminhadas.

Uma vez no Pati, o melhor passeio é o Morro do Castelo, uma subida desafiadora com revigorantes paradas para descanso sob a copa das árvores frondosas da Mata Atlântica. Lá em cima, além da bela vista, há uma enorme gruta com formações de quartzito. Se a subida ao Castelo é fatigante, nada como uma cachoeira para se reenergizar. Com 300 metros, o Cachoeirão pode ser visto por dois ângulos.

A trilha pelo alto, embora longa, não é difícil. Por baixo, o percurso acompanha o leito do rio e é pedregoso e escorregadio. Nos roteiros mais longos entram as cachoeiras do Funil e do Lajedo, menos impressionantes em tamanho, mas ideais para banhos relaxantes.

Hospedagem em casa de moradores

Foto: Divulgação
O charme do Pati está em viver longe de qualquer benesse da cidade grande

A hospedagem é um capítulo à parte. Contatados por meio de recados enviados pelos guias, os patizeiros recebem com mesa farta e camas confortáveis – tudo muito simples, é bom dizer. Vale a pena parar para dois dedos de prosa depois do jantar e ouvir as histórias dessas pessoas que ainda vivem sem televisão, internet ou telefone.

Notícias e mantimentos chegam carregados por burros. Para cargas mais pesadas, não tem jeito: às vezes, é preciso dez homens para levar uma geladeira. Em caso de doença grave, o paciente vai na cama – amigos se revezam para carregá-lo. A energia elétrica chegou há pouco mais de uma década e é gerada por placas solares. Há pequenos luxos. Além da cervejinha, algumas famílias oferecem até gim-tônica aos hóspedes.

O charme do Pati está em viver longe de qualquer benesse da cidade grande. Mas é claro que um gim-tônica não estraga a experiência. Só não exagere: o dia seguinte aguarda o visitante com muitos quilômetros a percorrer.

ANTES DE IR.
Aéreo:
a Azul (voeazul.com.br) voa a Lençóis às quintas e domingos, saindo de Salvador, por a partir de R$ 421,10 o trecho. De ônibus, a partir da capital baiana, são cerca de 7h com a Rápido Federal (realexpresso.com.br); R$ 88,16 o trecho). Considere alugar carro para ter mais mobilidade entre as atrações.

Passeios: as agências locais Cirtur (cirtur.com.br), Terra Chapada (terrachapada.com.br) e Nas Alturas (nasalturas.net) oferecem várias combinações de tours. Preços desde R$ 88 para o Morro do Pai Inácio, R$ 330 para a Cachoeira do Buracão e R$ 1 200 para 3 noites no Vale do Pati. A Venturas (venturas.com.br) tem pacotes de 5 dias para a Chapada a partir de R$ 2.451 por pessoa.

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