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Revista Saúde

Quebrando os tabus sobre a perda auditiva

Procurar a ajuda de um especialista é importante para restabelecer a capacidade auditiva

Por *Natália Velosa

18 de novembro de 2020, às 08h12

Fonoaudióloga destaca a relação entre o déficit auditivo e a restrição social - Foto: Adobe Stock

A perda de audição é comum e pode se agravar com o passar dos anos. Entretanto, o tabu que ainda existe em se comentar sobre o assunto e o uso de aparelho de audição persiste, prejudicando a qualidade de vida.

De acordo com a fonoaudióloga especialista em audiologia Jane Barbosa, do Centro Auditivo Barbosa, a perda auditiva pode vir de diferentes meios, como de forma congênita, ou seja, no nascimento; uso contínuo de certos medicamentos; diabetes; exposição a ruídos; uso constante de fone de ouvido com volume alto, entre outros.

Entretanto, se o paciente demorar para receber o diagnóstico ou não utilizar aparelhos com frequência, o cérebro começa a ter privações das habilidades auditivas e, como consequência, desenvolve o esquecimento, perdas de memória recente e desequilíbrio. Além disso, a dificuldade de se relacionar com as pessoas pode aumentar os casos de depressão.

“Na pandemia, estamos vivendo na pele o que é o distanciamento social. Ainda assim, mantemos contato com as pessoas via internet. Imagina uma pessoa que é deficiente auditivo? Elavive esse distanciamento obrigatoriamente, então é muito angustiante. Quando o paciente volta a ouvir com os aparelhos, é emocionante”, apontou a especialista. A audição está relacionada a outros sentidos, assim explicou a fonoaudióloga do Centro Auditivo Audiofran, Francine Ferreira Pessoa.

Desse modo, uma pessoa que nasce surda pode ter comprometimentos na aquisição da fala e, consequentemente, dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita. Já uma pessoa que fica surda ou vem a apresentar um rebaixamento auditivo ao longo da vida, pode vir a ter comprometimento social, isolamento, confusão de entendimento das palavras, baixa estima, entre outros.

A fonoaudióloga Luciana Ramos, da Amplus Aparelhos Auditivos do Brasil, também destacou a relação entre o déficit auditivo e a restrição social. Segundo ela informou, o uso de aparelhos compensa o déficit sensorial e promove a inserção social. “A audição perfeita é um dos pré-requisitos para a comunicação e socialização”, explicou.

TECNOLOGIAS. O aparelho auditivo funciona como um amplificador de som, com regulagens personalizadas em frequências hertz e na maioria dos casos é possível suprir a falta de audição. Os aparelhos são organizados de acordo com o pacote tecnológico adquirido, variando entre o Básico/econômico até o Top/Premium. Quanto mais sofisticado o aparelho, mais recursos ele pode oferecer. Para isso, é necessário conhecer o resultado do gráfico audiomėtrico, a vida social e profissional que o paciente leva, idade e destreza manual para lidar com o componente e o quanto este paciente está querendo investir.

Hoje, os aparelhos mais tecnológicos são quase imperceptíveis, até mesmo para os retroauriculares, que vão atrás da orelha. Há aparelhos que chegam a ser menores que um clipe. Eles apresentam de 12 a 48 canais de ajustes e bandas, com ou sem possibilidade de regulagem, que também pode ser feita por aplicativo no celular do paciente ou controle remoto. Eles também mudam a programação de forma automática de acordo com o ambiente em que o usuário estiver.

Além disso, existe um serviço de tecnologia chamado “My Voice” que permite regular e adaptar o som da voz do paciente. “Uma das maiores queixas das pessoas que usam o aparelho, é da própria voz. Eles acham que a voz fica estranha. Mas com o recurso é possível equalizar o som e deixá-lo mais natural e confortável”, explicou Jane.

Outra inovação tecnológica é adaptar o aparelho como um fone de ouvido próprio, pareando ele via bluetooth com o celular ou com a televisão. Assim, é possível ouvir o toque de notificação do celular sem estar perto dele, ou adaptar o volume da televisão de acordo com a perda auditiva do paciente. Também é possível parear com a mídia do carro para atender as chamadas de celular ou então receber orientações de GPS. Atualmente, já existem aparelhos recarregáveis que não precisam trocar de pilhas semanalmente. Com a inovação, os aparelhos são colocados para carregar toda a noite. 

Aparelhos cada vez mais modernos facilitam a vida dos pacientes – Foto: Adobe Stock

DIAGNÓSTICO. Francine explicou algumas situações em que se deve procurar a ajuda de um especialista, como em casos de dores no ouvido, obstrução por cerume (cera de ouvido), infecções ou rebaixamento da audição. Além disso, pessoas que ficaram expostas a ruídos de máquinas ou ocupacionais, também devem procurar avaliação especializada para averiguar a situação da estrutura auditiva. O profissional indicado é um otorrinolaringologista, que vai examinar e encaminhar para audiometria, fazer remoção de cera, indicar medicamentos e aparelhos auditivos quando necessário. Já o fonoaudiólogo vai realizar a audiometria, escolher o aparelho auditivo para cada caso, adaptar, regular e dar toda a assistência de forma permanente. 

*Estagiária sob supervisão de Valéria Barreira

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