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Revista L

Nunca é hora de parar de praticar exercícios

Idosos fazem das atividades físicas uma aliada para melhorar a qualidade de vida e comprovam que chegar na terceira idade não é desculpa para relaxar

Por Danilo Reenlsober

10 de julho de 2019, às 08h00

O Brasil está envelhecendo. Em 1960, o País tinha pouco mais de 3 milhões de idosos. Em 2010, esse número já havia saltado para quase 20 milhões. Atualmente, cerca de 9,2% da população nacional tem mais de 65 anos. E esse percentual ainda vai aumentar: segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a fatia de pessoas inseridas na chamada terceira idade alcançará 15% da população em 2034.

Números como esses afetam vários setores, como a economia, com desdobramentos na questão da previdência social, um debate que tem consumido muito espaço na mídia nos últimos anos, e também a saúde. Afinal, como o País pretende cuidar de tantas pessoas que precisam de um acompanhamento médico? Nesse caso, a atividade física pode ser uma aliada dos idosos.

Especialistas são unânimes em dizer que quem pratica algum tipo de exercício físico após os 60 anos tem uma melhora significativa na qualidade de vida, reduzindo dores e ajudando a evitar doenças crônicas.

“O corpo humano não foi feito para ficar parado. Acomodado, ele perde suas capacidades, e, assim, as pessoas se sentem mais indispostas, com mais dificuldade em fazer atividades cotidianas, o que mexe com a parte emocional e pode levar até mesmo à depressão”, diz Márcio Rogério da Silva, educador físico e proprietário da Acqua Fitness de Americana.

A situação fica ainda pior na terceira idade. “O idoso, se não faz nenhuma atividade física, começa a perder a mobilidade articular, então fica difícil de se vestir, calçar um sapato, subir ou descer escadas”, complementa. “Quem pratica exercícios tem mais independência, pois preserva sua força, sua resistência, seu equilíbrio e mobilidade, e com isso, tem mais autonomia para cumprir suas necessidades diárias”, ressalta o educador físico.

Para Giulliano Esperança, diretor técnico da Sociedade Brasileira de Personal Trainers e presidente do Instituto do Bem-Estar, não praticar exercícios físicos acelera os efeitos do envelhecimento.

Entretanto, antes de iniciar qualquer atividade, é importante tomar alguns cuidados. “É necessário iniciar de forma progressiva, com intensidade leve à moderada. Além disso, é preciso ir ao médico regularmente e procurar orientação profissional”, orienta o especialista. Pilates, exercícios funcionais e até mesmo musculação estão entre as atividades indicadas para os idosos.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Juraci começou pelo pilates, mas já está na natação há cinco anos

Mente e corpo ativos

A americanense Juraci Elamos, de 68 anos, nunca foi uma pessoa tão preocupada em praticar atividade física na juventude. Tudo mudou, no entanto, quando a idade chegou. “Sempre fui preguiçosa, nunca liguei muito”, ri a aposentada. “Só depois que fiquei mais velha que eu percebi que eu precisava fazer alguma coisa”. Ela começou pelo pilates, mas já está na natação há cinco anos. “Eu tenho artrose, então preciso de exercícios físicos regulares. A natação ajudou bastante a melhorar a minha respiração e a dar mais pique no dia a dia”.

E, de acordo com a aposentada, praticar atividade física não faz bem apenas para o corpo: é bom também para a mente. “Nadar é muito bom. Além da questão da saúde, tem também as amizades que você faz nas aulas com as outras pessoas. A cada aula, tem mais gente que você conhece, e com certa idade, você precisa sair, conhecer as pessoas novas, conversar… Então faz bem para tudo”, aponta.

“Aconselho e falo para as minhas amigas também praticarem alguma atividade. Algumas ouvem, outras não”, brinca.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
“Percebi uma melhora na coordenação e na disposição”, diz Dalva

Nas raias há 20 anos

A aposentada Dalva Ferreira Carlos, 69, não deixou que a idade fosse um empecilho para o próprio corpo. Há 20 anos ela pratica natação, além de hidroginástica. “Quando mais jovem, gostava de caminhar, pedalar, então sempre estive ligada a atividade física e sempre me preocupei em não ficar parada”, conta. A natação ajuda não só na saúde, mas também no bem-estar. “Percebi uma melhora na coordenação e na disposição, fiquei com mais vontade de fazer as coisas.

Consigo viajar, passear, fazer um monte de coisa que sem os exercícios eu não conseguiria. Conheço pessoas mais jovens que eu, que não praticam atividade física, e que não têm disposição nenhuma”, diz Dalva. O educador físico Márcio Rogério da Silva lembra que na água, não existe a ação da gravidade, então quase não há impacto. “Os movimentos são mais fáceis de serem executados, por isso, muitos exercícios os idosos não conseguiriam fazer fora da água. É muito seguro e muito indicado para pessoas da terceira idade”, incentiva.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Waldemar, aos 72 anos, corredor

Com 72 anos, corridas de 10 km são rotina

Quem vê o pique do barbarense Waldemar Vinha custa a acreditar que ele tem 72 anos. Adepto da corrida de rua há cerca de 25 anos, ele deixa o conforto do lar para enfrentar as ruas e avenidas quase todos os dias. São cerca de 10 quilômetros percorridos a cada corrida.

“Comecei sozinho, fiquei animado e ‘peguei a doença’ da corrida’”, brinca. “Corro uns 10 quilômetros dia sim, dia não”.

A primeira São Silvestre veio em 1997, aos 50 anos, quando muitas pessoas acham que estão “velhas demais” para fazer algo novo.

Para Waldemar, a corrida só trouxe benefícios. “Creio que isso afeta diretamente na saúde mesmo. Sempre que vou no médico e faço exames, nunca dá nenhuma alteração, como diabete ou colesterol. Também durmo melhor, me alimento melhor, me sinto mais bem-humorado. Acredito que devo isso à corrida”, analisa.

O que ele deve também ao esporte são as amizades que faz ao redor do País, nas corridas de rua que participa. “Agora mesmo, estou conhecendo você [o repórter] porque eu corro. Se eu tivesse em casa sentado vendo televisão, a gente não se conheceria e não estaríamos conversando”, considera. E ele não pretende parar. “Enquanto tiver pique, eu vou continuar correndo”.

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