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Motors

Na memória: Prova de motociclismo em 1966 “parou” Americana

Em uma década onde o acesso a um veículo automotor era raro, a população parou para conferir os cerca de 50 pilotos que participaram do circuito

Por Leonardo Oliveira

22 de março de 2020, às 11h41

Foto: Arquivo - Pessoal
Reprodução de imagem de arquivo pessoal mostra a prova nas ruas de Americana

Há mais de 53 anos, algumas das principais ruas da cidade foram fechadas para a 1ª Prova de Motociclismo de Americana. Em uma década onde o acesso a um veículo automotor era raro, a população parou para conferir os cerca de 50 pilotos que participaram do circuito.

Dois de outubro de 1966, um domingo, foi a data escolhida para a largada. Nomes ligados ao esporte dizem que foi a única ocasião que Americana recebeu um evento do tipo. Ele foi promovido em comemoração ao centenário da imigração norte-americana no município.

A organização foi da Sociedade Esportiva Veslam, clube esportivo de Americana que atuava em várias modalidades.

A corrida foi supervisionada pela Federação Paulista de Motociclismo e valeu como uma etapa do campeonato estadual, segundo os jornais da época.

As páginas do LIBERAL deram grande destaque ao evento. Ao todo, foram seis reportagens entre o mês de setembro e o dia posterior à disputa. Foram vários competidores de Americana no grid. A principal esperança era Danilo Faedo, que havia vencido as 500 milhas de Interlagos em 1965.

Ele confirmou a expectativa e ficou com o segundo lugar na prova que reuniu motonetas de 150 cilindradas – esse foi o melhor resultado americanense. O Santos Moto Clube, um dos pioneiros do esporte sobre rodas no país, roubou a cena e teve seus pilotos liderando todas as provas realizadas.

Um dos competidores da cidade foi o representante Alexandre Antônio Rubinato, de 72 anos. Em entrevista ao LIBERAL, foi categórico ao afirmar que se tratou de uma ocasião única para Americana. “Eu assisti muito corrida de moto em São Carlos, em Campinas, mas em Americana só teve essa”, destaca.

Rubinato conta que a cidade parou para ver o trajeto de 2 mil metros que passava pelas proximidades do antigo Cine Brasil, onde hoje funciona o Teatro Lulu Benencase. O circuito tinha no itinerário as ruas Fortunato Faraone, Vital Brasil, Dom Barreto, além da Avenida Brasil.

O representante foi convidado a participar do certame por um grupo de amigos, que tinha nomes como Danilo Faedo, Waldemar Martinelli, João Batista Frizo, Ulisse Bergrem, Waine Lopes, Dino Pantaroto, Ezi Mareschi, Nilo Pantaroto, Roberto Dollo e Ariovaldo Delino, entre outros.

A disputa durou quatro horas, das 14 às 18 horas, e foi dividida em três provas. A primeira trazia as motocicletas de 50 e 75 cilindradas. Na sequência foi a vez das motos de 150 cilindradas. A última reuniu as de 150, 175 e 250 cilindradas.

Por já conhecer o percurso, Rubinatto largou nas primeiras posições com sua Mondial 50 cc. Embora fosse novato nos campeonatos de motociclismo, almejava um bom resultado. Ele acabou abandonando após problemas no veículo. “A vontade era tacar fogo na moto”, destacou.

Na edição do dia 4 de outubro de 1966, uma das páginas do LIBERAL trazia como manchete. “Santos Moto Clube liderou prova de motociclismo”. Além do desempenho da equipe do litoral, destaque também para Ezi Mareschi, Ariovaldo Delino e Waldemar Martinelli, que ficaram entre os cinco melhores em suas respectivas categorias.

“Moto é como uma terapia para mim”

Foto: João Carlos Nascimento - O Liberal.JPG
Alexandre Rubinato foi um dos representantes de Americana na disputa nos anos 60

Depois de participar da 1ª Prova de Motociclismo de Americana, Alexandre Antônio Rubinato desistiu de competir profissionalmente, mas se manteve conectado ao mundo do automobilismo.

Na juventude, desafiava os pais e saía pelas ruas da região montado em sua Mondial 50 cc, até que um dia chegou em casa e percebeu que eles haviam se livrado da motocicleta. O motivo? A periculosidade envolvida nos trajetos.

“Eu gostava da liberdade. Nem capacete usava. Ia para Limeira, Piracicaba, andava com a turminha”, contou.

Apesar da relutância dos pais, o representante sempre teve, pelo menos, uma moto na garagem. Cair na estrada com sua esposa na garupa segue sendo seu programa predileto. “Eu subo na moto e esqueço quem sou eu. A idade que eu tenho, se eu tenho dívida ou não. Por isso que eu tenho moto, é uma terapia para mim”, finaliza.

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