Paixão
Pai e filho têm museu com cerca de 250 motos em Sumaré
Justiniano e Luiz Proença, pai e filho, mantêm coleção com 250 motos em dois salões de Sumaré; um deles é um museu e são aceitas visitas agendadas
Por Rodrigo Alonso
25 de janeiro de 2020, às 08h19 • Última atualização em 27 de janeiro de 2020, às 15h51
Link da matéria: https://liberal.com.br/mais/motors/museu-duas-rodas-em-sumare-1139936/
Uma coleção com cerca de 250 motos vem se tornando atração em Sumaré. O acervo tem como entusiastas o advogado Justiniano Proença, de 71 anos, e o gerente de tecnologia Luiz Proença, 40, pai e filho.
Os veículos ocupam dois galpões. Um deles, inclusive, chega a ser um museu. No espaço, também há enfeites, quadros, bicicletas e motos em miniatura. “O gosto pelo motociclismo, pela motocicleta, é uma doença incurável e transmissível. Meu pai era motociclista e passou esse gosto para mim desde pequeno. Eu acabei transmitindo isso para o meu filho, e agora o meu filho está transmitindo para as minhas netas”, diz Justiniano.
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O que impulsionou a coleção foi, involuntariamente, o congelamento de recursos promovido pelo governo Fernando Collor, no início dos anos 90. À época, Justiniano prometeu que, se recebesse o dinheiro de volta, gastaria tudo em motocicletas.
“Não deu outra. Conforme foi devolvendo, eu fui comprando. E, como é uma doença incurável, até hoje eu continuo comprando motos, desde que seja do meu interesse para a minha coleção”.
Num primeiro momento, os veículos ficavam em São Paulo, divididos entre o estacionamento do escritório de Justiniano, onde ele alugava vagas para colocá-los, e o prédio em que a família morava.
Após ter se mudado para Sumaré, o advogado comprou um salão que pudesse abrigar todas as motos. Mas, como a coleção não parou de aumentar, ele precisou adquirir outro espaço, que se tornou um museu.
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Interessados só podem visitar a área mediante agendamento, pelo telefone (19) 99693-8693, com Luiz. “A gente está de portas abertas para aqueles que gostam e querem conhecer. Então, sempre que a gente está disponível, recebemos pessoas interessadas”, afirma Justiniano.
No acervo, existem veículos de diferentes épocas, de 1934 até os dias atuais. “O que a gente quer é preservar essa memória. É isso que me gratifica. As pessoas me gratificam quando vêm, gostam e curtem”, destaca o advogado. A moto que traz mais lembranças para Justiniano é uma Mondial Record, fabricada entre o fim da década de 50 e início dos anos 60.
O advogado utilizava esse modelo quando participava de corridas e, décadas depois, comprou um igual. Assim como ele, o vendedor era um colecionador que não costumava abrir mão de suas motos, mas Justiniano conseguiu “vencê-lo” na insistência.
“Foi a primeira moto de corrida que eu usei para disputar o Campeonato Paulista e a Taça Centauro. Tive poucas corridas, mas aquilo ficou na minha memória. Porque, nessa época, eu não tinha nem patrocínio, nem ‘paitrocínio’. Eu corria escondido porque meu pai não me deixava”.
HERANÇA
Herdeiro do gosto pelo motociclismo, Luiz já andou com 95% dos veículos que estão no museu. No entanto, devido aos riscos do trânsito, os colecionadores decidiram “hibernar” as motos mais antigas.
“Todas as motos nossas antigas estão paradas. A gente fez o que chamam de hibernação. A gente secou o tanque de gasolina, secou óleo, passamos lubrificante. Deixamos elas paradas”, conta Luiz, que teve sua primeira experiência com motocicleta aos 9 anos.
Raridades da coleção:
No acervo existem veículos de diferentes épocas; interessados podem visitar o local mediante agendamento.
1962 – Marusho Lilac
Os colecionadores adquiriram a moto há quatro anos, após ela ter passado por Belo Horizonte. Segundo Luiz, “no Brasil, acho que é uma das únicas que existem, porque a gente nunca viu”
2018 – Royal Enfield Pegasus
O modelo é de origem inglesa e conta com apenas mil unidades. Apenas 60 delas chegaram ao Brasil. “Quem comprou, comprou. Quem não comprou, não compra mais”, brinca Justiniano
1937 – Zundapp K500
Os colecionadores compraram a moto em pedaços e contrataram um profissional para restaurá-la. Justiniano diz que a pessoa que a restaurou faleceu e praticamente não existem mais especialistas.
2001: Kawazaki Z1000 – Police Edition
Uma pessoa de São José do Rio Preto comprou a moto num leilão da polícia e, depois, a vendeu para os colecionadores, que a restauraram conforme a originalidade
1975 – Jawa
Com licença para participação em corridas, a moto é abastecida com nitrometano. Ela não tem marcha e nem freio. “Esse não é de fábrica. O pessoal montava para corrida”, explica Luiz sobre as peculiaridades.
1937 – DKW WH 437
O modelo era usado pelos alemães para entrega de correspondência durante a Segunda Guerra Mundial. Justiniano conta que ela foi comprada no Brasil, mas não era utilizada militarmente, e sim no trânsito normal.