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Concorrência?

Locadora de veículo vê influência de transporte por aplicativos

Ao mesmo tempo em que são clientes, motoristas de aplicativos viram concorrentes das lojas que alugam carros espalhadas pela região

Por Rodrigo Alonso

22 de junho de 2019, às 11h24

A ascensão do serviço de transporte por aplicativo, como Uber e 99, tem impactado no mercado de aluguel de veículos, segundo locadoras ouvidas pelo LIBERAL. Por um lado, há motoristas de transporte por aplicativo que trabalham com carro alugado e, assim, movimentam as empresas de locação. Por outro, existe uma concorrência entre os dois setores.

“O valor desses Uber, 99, é muito pequeno. De repente, a pessoa, em vez de alugar um carro, chama os aplicativos”, diz Miracy Pereira Dutra, diretor comercial da locadora Dutra Rent a Car, de Americana.

Ele argumenta, no entanto, que os transportes por aplicativo não têm a praticidade de um veículo alugado. “Não tem o conforto que ele teria com um carro alugado, para ir na hora que quiser, ir aonde ele quer, de repente, sem espera”, afirma.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
Miracy Pereira Dutra explica que existe uma concorrência entre os dois setores

Sócia administrativa da locadora Guerreiro, de Sumaré, Renata Guerreiro de Assis enxerga a situação por outro ângulo. De acordo com ela, o estabelecimento atende bastante motoristas de transporte por aplicativo. “É uma locadora pequena, mas, no mínimo, há cinco pessoas por dia perguntando [sobre aluguel] por ligação e vindo aqui pessoalmente”, aponta.

O preço da diária, para esses clientes, é menor do que para um convencional, até porque, caso contrário, o aluguel não compensa para o motorista. Como exemplo, um carro com valor de aluguel de R$ 140 cairia para R$ 60. Apesar dessa redução, essa clientela ajuda as locadoras, porque diminui o número de automóveis parados no estacionamento.

A motorista de transporte por aplicativo Nilza Campos trabalha com carro alugado em Americana. Ela informou que paga R$ 1.585 por mês. Então, todo dia de serviço, a profissional começa com uma média de R$ 53 negativo no trabalho.

Foto: Marcelo Rocha / O Liberal
O preço da diária para esses clientes é menor do que para um convencional

“Teve mês que eu tive de colocar do meu bolso, da minha reserva, para poder pagar o aluguel e continuar rodando”, lamenta. Na visão dela, falta incentivo, inclusive descontos, para motoristas que utilizam veículo alugado. Pelo contrário. A qualidade dos carros que são cedidos pelas locadoras, segundo Nilza, tem diminuído.

De acordo com ela, profissionais que atuam dessa forma têm cada vez menos vantagens. A motorista conta que, diante desse cenário, vai comprar veículo próprio. “Carro alugado não compensa para ninguém. Se alguém perguntar para mim, eu não indico mais. No começo, sim. Agora, não mais”, diz.

Dutra destaca que o mercado, neste momento, está “estável”, mas sofreu uma queda em relação ao mesmo período de 2018. Ele conta que, atualmente, em média, a locadora fica com 50% da frota parada. “No ano passado, nesta época do ano, ficava 10%, 15% no máximo”, compara o diretor, que cita o desemprego como um dos principais fatores para a piora.

Renata, porém, acredita que o setor tende a crescer. Segundo ela, os brasileiros, de uma forma geral, ainda não se acostumaram a alugar carro, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e na Europa. Mas a sócia administrativa diz que o cenário, ultimamente, tem mudado.

Hoje, existem pessoas que, em vez de comprar um veículo, preferem fazer contratos mensais de aluguel. “As pessoas estão optando por alugar, porque você paga sua mensalidade e todas as despesas ficam com a locadora”, afirma.

De acordo com ela, no final das contas, é mais barato alugar do que adquirir e manter um carro. Porque, quando aluga, o consumidor não precisa pagar seguro, IPVA e manutenção, nem sofre com a depreciação do veículo. Renata aponta que essas despesas, a longo prazo, somadas ao preço do veículo, são maiores que o valor total do aluguel.

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