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Mundo Pet

Meu pet é a minha cara: dicas para adotar um animal

O espaço disponível na moradia, o estilo de vida e a personalidade dos membros da família influenciam na hora de adotar os animais de estimação

Por Débora de Souza

08 de julho de 2019, às 10h17

Às vezes eles simplesmente surgem na porta de casa, noutras as pessoas buscam por eles. Ter um animal de estimação enche a casa (e o coração) de alegria, principalmente quando se é considerado o espaço disponível no imóvel e o estilo de vida da família – quesitos básicos para a adoção responsável.

Além das necessidades da própria espécie e raça, o pet tem personalidade própria, a qual deve ser reconhecida e respeitada. A comunicação entre família e animal é o pilar para uma boa convivência e bem-estar de ambos.

“É através da comunicação que eu consigo educá-lo, respeitando suas características, e evito que ele resolva os conflitos da maneira dele, com mordida. Dessa forma você mantém o ambiente saudável e evita casos de abandono”, explica o cinotécnico (especialista em adestramento) e criador, Reinaldo Müller Bertier.

Foto: Freepik
O espaço disponível na moradia, o estilo de vida e a personalidade dos membros da família influenciam na hora de adotar os animais de estimação

Uma vez dentro de casa, o bichinho se torna parte da família. Cuidados com a saúde (alimentação e higiene), segurança (espaço adequado) e contato social (brincadeiras, exercícios, interação com outros animais e pessoas) devem fazer parte da rotina da casa.

Médico veterinário da Clínica Dr. Matilha, Bertier dá dicas de como escolher o melhor companheiro e fala sobre cuidados essenciais para a qualidade de vida do seu “amigão”.

Segundo ele, não existe uma raça melhor ou pior para se conviver. Tudo depende do ambiente em que vive, da educação que recebe da família e dos cuidados nos primeiros dois a três meses de vida com seu criador (quando for raça com pedigree).

“Um animal de raça conhecida por ser dócil pode ter um comportamento diferente dependendo de sua personalidade”, diz Bertier. “É preciso aprender a se comunicar com ele e respeitar suas características”, completa o criador.

Raças ideais para apartamento

A recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre animais em condomínio pode aumentar a população de animais de estimação em apartamentos. Neste caso, vale lembrar a primeira regra da adoção responsável: quanto menor o espaço disponível, menor deve ser o porte do animal. “Eu posso ter um animal de grande porte em apartamento desde que eu tenha disposição para levá-lo para passear várias vezes ao dia. Se eu não tenho esse tempo, esse animal não é o indicado”, diz o criador Reinaldo Müller Bertier.

Cães de pequeno porte e gatos se dão melhor em apartamentos desde que observadas as medidas de segurança: telas de proteção em janelas e sacadas são obrigatórias. O manejo sanitário deve ser constante para saúde e bem-estar do animal e da família.

O veterinário chama atenção ainda para o abandono animal. “De nada vale eu ter um cão menor ou um gato e deixá-lo abandonado dentro de casa, não sair com ele para passear, não promover sua interação social com outras pessoas, outros animais e com o ambiente.

Isso também é abandono, é maus tratos animal e deve ser pensado antes de adotar”, ressalta o criador. O abandono é a principal causa de depressão e estresse no animal, podendo desencadear doenças cardiorrespiratórias, alergias e ainda situações de indisciplina e agressividade.

Companheiro nas viagens

“Eu aconselho todos meus pacientes a terem um animalzinho em casa, se não for alérgico. Digo em causa própria. Eles são ótimos companheiros e contribuem para a recuperação de pacientes com depressão”, ressalta a psicóloga July Cristi Fattoreto.

Foto: Arquivo pessoal
July e Mel de férias em Monte Verde

Foi justamente um episódio de depressão que trouxe Mel, uma poodle toy, à família há sete anos. “Foi ela que devolveu alegria aos meus dias”, diz. No ano seguinte, após visita à veterinária, July voltou para casa com a gatinha Lady. “E cada ida ao veterinário era um gatinho novo em casa”, ri ela.

Como passa o dia todo fora, a psicóloga estabeleceu, com os pets, uma rotina que começa cedinho, às 4h30, com a limpeza do espaço, troca de comida e água e brincadeiras. Às 21h, quando retorna, o mesmo ritual é cumprido. “Fico muito tranquila com eles aqui. Eles brincam o dia todo de bolinha e só fazem algum barulho quando estou em casa, brincando com eles”, afirma.

Pet para quem mora sozinho

As opções para quem mora sozinho ou passa muito tempo fora de casa são escassas, mas existem.
As cobras, quem diria, são grandes companheiras uma vez que vivem em terrários – o que facilita muito o manejo sanitário – e se alimentam a cada 15 dias. As espécies mais indicadas são a corn snake e a jiboia por não serem venenosas. Os peixes também são uma excelente opção. A alimentação deve ser feita uma vez ao dia e o aquário higienizado a cada 30 dias.

Vale enriquecer seu espaço com plantas artificiais e tocas para que se entretenha. Já os hamsters e gatos precisam de companhia, ou seja, se a ideia é ter um hamster, tenha dois. “Nunca tenha um só, pois ele precisa de interação. E enriqueça o ambiente com brinquedos para eles se entreterem.

O mesmo vale para os gatos. Embora sejam independentes, se você fica muito tempo fora de casa, você deve ter dois gatos”, orienta Reinaldo Müller Bertier. “Esses animais, quando deixados por muito tempo sozinhos e sem companhia de outro de sua espécie, desenvolvem ansiedade, estresse e sentem solidão. As ‘travessuras’, barulhos, miados e latidos excessivos são decorrentes da solidão”, completa.

Foto: Arquivo pessoal
Ivan e Peter: ‘ele adora ver tevê comigo’

Apaixonado por cães, Ivan Takahashi não pensou duas vezes para adotar o pequeno Peter. Mesmo morando sozinho, o vendedor conta não ter tido problemas com o filhote. “Eu tinha uma vida bem regrada com ele, dava comida pela manhã, saíamos para passear um pouco e deixava diversos brinquedos com petiscos dentro para entretê-lo enquanto estivesse fora”, conta. Três anos se passaram e Peter começou a apresentar traços de ansiedade.

Era hora de intercalar a rotina com idas à creche animal para socializar. E Peter adorou! Em 2018, quando os pais de Ivan se aposentaram, foi o cão quem trouxe uma nova rotina à família, de exercícios diários e socialização.

“Hoje ele fica com meus pais, mas quando eles viajam, Peter volta à minha rotina sem problemas. Ele adora ver tevê comigo”, afirma.

Companheiros na Terceira Idade

A convivência com animais traz muitos benefícios aos idosos. Pesquisa realizada pelo Centro de Nutrição e Bem-Estar Animal Walthan, da Mars Petcare, apontou que a interação com o pet melhora a autoestima, reduz fatores de risco para doenças cardiovasculares, combate a depressão, o estresse e mantém longe a solidão. Vale lembrar que o estilo de vida da pessoa influencia na escolha do novo companheiro.

Idosos mais tranquilos, que gostam de ficar em casa se dão melhor com animais adultos. Os filhotes são boa companhia para que tem um estilo de vida mais ativo. Os gatos são companhias excepcionais para idosos. Gostam de carinho e colo e, diferente dos cães, são mais independentes do dono.

O manejo sanitário também é mais fácil já que o felino dispensa tosa, banhos e faz suas necessidades na caixa de areia. No entanto, é preciso enriquecer o ambiente com brinquedos, arranhadores e nichos para escalada.

Entre os cães, as raças mais indicadas são buldogue francês, shih-tzu, lhasa apso e pug. “São cães de focinho pequeno e com nível de atividade baixo, pois se cansam rápido. São excelentes cães de companhia”, afirma o veterinário Reinaldo Müller Bertier.

Para quem tem espaço, a sugestão são os cães de porte médio e personalidade tranquila como o colie e o buldogue francês. Golden retriever, labrador e pastor alemão são ótimos companheiros e se adaptam bem a idosos com uma vida mais ativa. Os passarinhos são fáceis de tratar e de manejo sanitário simples. Mas, se a ideia é interação, as aves são melhores companhias como o papagaio e a calopsita.

Foto: Arquivo pessoal
Maria Aparecida e Lico: gato ajudou a superar perdas

Maria Aparecida Ricci, 78, sempre gostou de gatos, mas Lico quem ganhou seu coração e passou de animal de estimação para companheirão. Em dois anos, ela perdera o marido, um irmão e a filha que mais lhe dava apoio. “Ficamos preocupados com ela, pois estava sozinha, não tinha mais a companhia do marido e nem da filha que a levava ao mercado, ao médico, onde ela precisava ir”, conta a neta Bruna Ricci Takata.

Eis que numa noite chuvosa, Maria escutou miadinhos a sua porta. Um gatinho branco tremia de frio e fome. Estava muito doente. Os cuidados e carinhos dispensados ao novo “inquilino” trouxe vida nova à casa vazia. Um ano e três meses depois, a dupla é só amor e fofura. “Graças ao Lico, ela superou as perdas e está feliz. São parceiros inseparáveis”, afirma a neta.

Quando há crianças na família

Crianças gostam de contato e, portanto, animais que interajam diretamente com os pequenos são os ideais.  Entre os cães, as raças mais indicadas são o schipperke e o jack russel. São cães de pequeno porte, pelo curto,  alto nível de atividade e gostam de contato social (brincadeiras e carinhos). Shih-tzu e lhasa apso não são indicados devido ao pelo longo. “A criança pode puxar ou cortar o pelo e machucar o animal”, alerta o veterinário e criador Reinaldo Bertier.

Para quem tem espaço em casa, o pastor alemão, o labrador e o golden retriever são ótimas opções devido ao temperamento dócil, o gosto por brincadeiras e interação social. “Eu posso criar um cachorro grande em casa? Posso, desde que eu tenha tempo disponível para levá-lo para passear, mais de uma vez ao dia, pois são animais que precisam de exercício. Do contrário, o animal ficará estressado e deprimido”, alerta o veterinário. Gatos convivem bem com crianças. Gostam de brincadeiras, carinho e são independentes.

“Seja com cães ou gatos, é importante o monitoramento dos pais durante a interação da criança com o animal. Os gatos demonstram quando chegam ao limite”, explica Bertier. É importante que os pais combinem o que pode e o que não pode com o novo membro da família, e a hora de encerrar a brincadeira. Roedores como os hamsters são indicados para crianças maiores e adolescentes devido à fragilidade do animal.

O veterinário explica que o manuseio inadequado pode machucar o roedor e provocar quedas, podendo levar o bichinho à morte. “Crianças gostam de animais e a convivência com eles contribui para sua noção de responsabilidade, organização e os ajudam a lidar com a morte, já que o tempo de vida de um animal pode variar de sete a dez anos, com exceção da tartaruga, que pode chegar a 100”, comenta o especialista.

Foto: João Carlos Nascimento / O Liberal
Pedro e Helena com Cristal: Amor entre ‘três irmãos’

A pedagoga Bárbara Azevedo Rubinato se viu numa encruzilhada quando o filho Pedro, na época com 5 anos, pediu-lhe um cão. A família havia recém-mudado para um apartamento e o menino, que era acostumado com animais, sentia falta de um companheiro.

Na busca por um novo mascote, encontraram Cristal, uma filhote de schipperke. “Minha maior preocupação era onde ela faria as necessidades, a questão dos pelos. Mas ela aprendeu rápido a usar o tapete higiênico e, como não solta muito pelo, não precisa ficar escovando nem tosando”, diz Bárbara.

A raça foi escolhida por ser extremamente dócil com crianças e, portanto, perfeita para conviver com os irmãos Pedro e Helena. “Ela está conosco há dois anos e nunca mordeu as crianças, pelo contrário, se eu falo mais alto, ela se mete na frente delas [risos]. A Cristal é muito animada e amorosa”, observa..

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