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Anuário Casa

Reforma sem complicações: um mini-guia para te ajudar

Preparamos um miniguia com dicas de profissionais de diferentes áreas para ajudar você a encarar uma reforma, seja ela pequena ou grande, sem complicações na obra

Por Isabella Holouka

05 de março de 2022, às 07h56 • Última atualização em 10 de março de 2022, às 18h45

Reformar um imóvel requer desapego para acompanhar as paredes sendo quebradas, paciência com imprevistos e tolerância com a bagunça e a sujeira momentâneas. Mas, por outro lado, todo o esforço costuma valer a pena diante do prazer que sentimos ao ver o apartamento, casa ou comércio do jeitinho que sonhamos.

Para que isso aconteça, o planejamento da obra é fundamental, com o desenvolvimento de projetos e cronogramas executivo e financeiro, mapeando o tempo estimado da reforma e o valor aproximado a ser investido.

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“Quando não existe projeto, não sabemos a direção da obra, o tempo ou o custo dela”, exemplifica o engenheiro civil João Pedro Campagnolo, que atua em Americana ao lado da arquiteta Letícia Borges.

“Durante o desenvolvimento do projeto, o profissional adequará aquilo que está sendo projetado com o orçamento informado, indicando materiais como pisos, revestimentos, mármores e iluminação que atendam às expectativas do cliente”, acrescenta.

Vai encarar uma reforma? Confira as dicas – Foto: Adobe Stock

O profissional orienta sobre a importância de uma reserva financeira além do custo levantado inicialmente, já que, durante o processo executivo da obra, podem surgir imprevistos. Outro conselho é que os materiais sejam orçados em três fornecedores ou mais, com avaliação do custo, prazo de entrega e qualidade.

De uma maneira geral, é necessário desconfiar de produtos muito baratos e não economizar ou deixar de aplicar materiais que poderão fazer a diferença no futuro como, por exemplo, os impermeabilizantes.

A recomendação de Campagnolo é que as melhorias sejam feitas em todos os cômodos simultaneamente, porém divididas em etapas.

“A primeira é retirar louças e metais, bancadas, portas e esquadrias, pisos e revestimentos, demolição de paredes. Na sequência, executar os reforços que forem necessários, subir as paredes conforme o projeto, alterações elétricas e hidráulicas, até chegar propriamente na parte dos acabamentos. Executar uma reforma por etapas evita retrabalho e danos em materiais que já estão prontos”, afirma.

Além disso, uma obra limpa e organizada diminui consideravelmente os riscos de acidentes e facilita o trânsito dos trabalhadores e visitantes. O ideal é setorizar e armazenar corretamente os materiais, o que também possibilita aos colaboradores enxergar com clareza as atividades que serão e estão sendo realizadas.

A mão de obra capacitada é outra necessidade para uma reforma descomplicada, garantindo a execução de tarefas com maestria e sem acidentes, o que minimiza o desperdício de materiais e retrabalhos futuros.

“Fazer bem-feito uma única vez é mais barato do que fazer mal feito diversas vezes”, considera Campagnolo.

Outro conselho do engenheiro civil é a elaboração de contratos e a realização dos pagamentos por medição, ou seja, em valores proporcionais ao que já foi executado, o que também ajuda a evitar problemas.

Renovar sem quebrar

Para quem busca dar uma cara nova a um espaço gastando pouco e evitando quebra-quebra, há materiais de acabamento altamente personalizáveis e que podem ser aplicados tanto em ambientes internos quanto externos.

Adesivos decorativos são a primeira sugestão de Bruno Levighini, diretor comercial da Planet Color, aplicados nos ambientes internos com recortes em diferentes formatos ou inteiriços, ilustrando um tema, imagem ou paisagem. A aplicação em uma parede inteira se dá pela técnica do envelopamento, com profissional qualificado.

“Outra opção bastante usada nos ambientes interiores é o acrílico, com peças abstratas recortadas a laser, que podem ser coloridas e criar uma espécie de mosaico. Tem uma pegada moderna”, opina ele, que aponta o PVC expandido como mais uma possibilidade de material para a decoração de paredes.

Já os painéis de ACM (Material Composto de Alumínio) são a principal alternativa para renovação de fachadas, acabamentos em coberturas e até comunicação visual em imóveis comerciais. A novidade, segundo Levighini é o uso do material também nas áreas internas.

“Você pode ter um móvel e querer reformá-lo com uma cor diferente, não disponível em MDF, então fazemos em ACM, revestimento de aspecto brilhante ou fosco, tendência para acabamentos internos”, aponta.

Exigências legais

Para reformar um apartamento se faz necessária a autorização do síndico condominial e, dependendo do serviço a ser executado, um responsável técnico, que pode ser engenheiro civil (para emissão de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica), arquiteto (que emite RRT – Registro de Responsabilidade Técnica) ou técnico em edificações (TRT – Termo de Responsabilidade Técnica), devidamente credenciados em seus conselhos reguladores.

“A necessidade de um responsável técnico para reformas em apartamentos surgiu depois de dois grandes acidentes no Rio de Janeiro e em São Paulo, envolvendo modificações em apartamentos que resultaram em mortos e feridos”, explicaram as profissionais do escritório de engenharia Lopes & Arrighi, Aline Lopes e Karoline Arrighi, associadas à AEAA (Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Americana).

Pequenas alterações como pinturas, consertos de vazamentos, pequenos reparos em revestimentos e pisos, substituição de torneiras, troca de portas, e até reparos em jardins, calçadas e calhas dispensam um responsável técnico.

Já mudanças que envolvem riscos ou alterações na área construída – como perfuração de laje, construção ou demolição de paredes, lajes vigas ou colunas, intervenções em sistemas hidráulicos ou encanamento de gás, e até grandes substituições de revestimento – podem afetar a estrutura do imóvel e demandam um responsável técnico.

Nas casas, é através do profissional que o órgão municipal entenderá o tipo de construção ou reforma, e quais necessidades legais precisam ser atendidas para a concessão de alvará de reforma ou de construção.

Segundo Marcos Lavelli, engenheiro da Momentos Engenharia e conselheiro da AEAA, as taxas municipais variam de acordo com a cidade, e podem ser consultadas junto às prefeituras.

Quanto à penalização para quem não tem os devidos documentos referentes à reforma, Lavelli aponta: “Multas, embargos e, dependendo do caso, ações judiciais indenizatórias”.

Construtora, para quê te quero?

Evitar dores de cabeça durante as reformas ou construções é exatamente o objetivo de construtoras, através do serviço de gerenciamento e administração de obras.

As empresas especializadas são responsáveis por cotar materiais, contatar fornecedores, coordenar equipes de profissionais, acompanhar os trabalhos e ainda resolver todos os problemas que possam surgir. Algumas também elaboram projetos arquitetônicos e se encarregam da regularização das obras.

“Todas as responsabilidades ficam com a gente. Nós tentamos resolver da melhor maneira, para não levar problemas aos proprietários. Nos reportamos a eles somente nos momentos em que não podemos tomar decisões sozinhos, e na hora de escolher de materiais de acabamento”, explica Jhonata Romão, arquiteto e sócio proprietário da AR2 Arquitetura.

Segundo ele, o acompanhamento resulta em obras mais rápidas e com mais qualidade, já que diferentes equipes técnicas costumam estar ativas ao mesmo tempo e têm a supervisão de gestores experientes no ramo.

Atenção às instalações elétricas

Mau contato causando sobretensão, sobrecargas e ligações elétricas indevidas representam um grande risco aos ocupantes de imóveis, que podem perder equipamentos devido à falta de proteções, sofrer choques e até princípios de incêndios.

Para evitar estes problemas, Renato Arcanjo de Castro, engenheiro eletricista e mestre em planejamento energético da Meta – Materiais Elétricos e Hidráulicos, recomenda inspeções no sistema elétrico dos imóveis a cada 5 anos, ou sempre que houver mudanças consideráveis de carga, como a instalação de equipamentos de ar condicionado, por exemplo. “Há de se passar por uma revisão para ver se o sistema existente atende a essa nova carga“, explica.

O profissional recomenda inspeções nos imóveis novos, que não estão isentos de problemas nas instalações. “Quando você compra um imóvel, tem o direito de tê-lo adequado às normas elétricas. Como leigas, as pessoas veem que as luzes estão funcionando, a geladeira está ligada, e tudo bem. Mas fazendo inspeção, analisamos cerca de 50 itens que a norma atual cita como obrigatórios para garantir a segurança em um imóvel”, afirma.

Nos imóveis antigos, a necessidade de inspeções é ainda maior, principalmente se fiações, tomadas, quadro de distribuição e disjuntores estiverem ultrapassados. Atualmente, os materiais oferecem muito mais proteção aos moradores, além de serem mais eficazes.

A busca por um profissional qualificado e registrado no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) é fundamental, para a execução do serviço a partir de uma ART.

Energia limpa

Uma reforma também representa uma oportunidade para buscar soluções sustentáveis. Neste sentido, a energia solar fotovoltaica se destaca pela possibilidade de produção de energia limpa para uso residencial, comercial, industrial e agropecuário.

“O sol possui uma energia inesgotável e hoje temos a oportunidade de utilizar este recurso de forma simples e econômica. A eletricidade produzida por painéis solares é limpa, renovável, infinita, não faz barulho e é livre de emissões. O Brasil tem um potencial gigante de crescimento nesta área e a hora de investir neste tipo de energia é agora”, afirma Anderson G. Garcia, proprietário da empresa Oriente Solar, que é engenheiro ambiental e especialista em energia fotovoltaica.

Quem opta pela energia fotovoltaica pode inclusive acompanhar dados ecológicos, que ajudam a ter uma dimensão dos impactos positivos da iniciativa, como a quantidade de árvores salvas, de quilômetros não rodados e gases não emitidos através do sistema.

“Embora os clientes procurem a economia, também se preocupam com a sustentabilidade. E os aplicativos mostram como a gente deixou de prejudicar o meio ambiente”, aponta Lígia Ribeiro, diretora da empresa New Force.

Compras certeiras

Serviços e produtos de qualidade são essenciais para o sucesso de qualquer obra. Nem sempre é possível precisar com exatidão todo o material necessário, sem que haja falta ou sobra, mas através dos projetos e com uma boa mão de obra fica mais fácil amenizar perdas e prejuízos.

“Para todas as etapas, exige-se o projeto. É através dele que conseguimos conciliar qual material e quanto será comprado. Somente assim podemos ter uma obra mais enxuta, sem excesso e nem falta de materiais. Lembrando que na falta o custo da obra pode ter um aumento considerável, pois mão de obra parada recebe, mas não produz”, orientou o vendedor Mauricio Abrahao, da Comfer, loja de materiais para construção.

Pintura

Além de decorar e embelezar as paredes, as tintas também podem ter outras funções. Um ambiente com pintura nova é capaz de transmitir sensações. “Quando você faz uma pintura, causa um bem-estar nas pessoas que convivem com o ambiente. As tintas podem trazer tranquilidade e uma série de sensações, de acordo com o tipo de material e a cor, que fazem toda a diferença para as pessoas que frequentam o espaço”, destaca Wilson Cesar Gução, gerente geral do grupo Cofert Tintas.

Na finalização de uma obra, a pintura de esquadrias, calhas e outros detalhes metalizados não pode ser ignorada. Esmalte sintético, tinta sintética de linha automotiva e poliuretano são as principais opções na atualidade.

“Elas têm excelente qualidade, porém durabilidade diferente. Poliuterano é uma tinta que tem resistência para durar 5 anos, e as outras opções vão aguentar no máximo dois anos, depois começam a desbotar, e é hora de pintar novamente”, explica Abner Colombari, gerente de vendas na Acefer Tintas, lembrando que a tinta poliuretana precisa ser aplicada com revólver de pintura.

Já com relação às esquadrias amadeiradas, ele lembra as diferentes possibilidades de acabamentos: laca ou pintura prevalecem em ambientes internos, enquanto os vernizes nos externos.

Automação

O melhor momento para se pensar na automação residencial, segundo Luan Gazetta, sócio proprietário da Lumets, que é especialista no tema, é enquanto o imóvel está em obra, já que os projetos de automação são compatibilizados com os projetos de elétrica.

Acrescentando conforto e sofisticação a qualquer imóvel, a automação residencial permite controlar o acendimento ou a intensidade das luzes, o acionamento de aparelhos como TV e ar condicionado, abertura ou fechamento de cortinas, dentre outros detalhes – tudo isso através de um comando simples, pelo interruptor, aplicativo ou comando de voz.

Tecnologia que vem ganhando cada vez mais popularidade, os sistemas de automação englobam diferentes soluções e são completamente personalizados, com projetos que seguem à risca as necessidades dos clientes.

Limpeza pós-obra

Deixar um imóvel pronto para receber a família pode ser tão desafiador quanto a própria reforma – especialmente com a falta de técnicas, produtos especializados e maquinário próprio para essa tarefa.

Excesso de rejunte nos revestimentos, tinta escorrida nos rodapés, interruptores encardidos, lustres empoeirados, vidros e esquadrias com cola, tratamento de piso em área externa ou interna, móveis planejados com restos de marcenaria e banheiros inutilizáveis…

Felizmente há empresas especializadas que garantem a entrega de um imóvel impecável após reforma.

“A limpeza feita por conta própria não traz o resultado esperado. A limpeza pós-obra, quando especializada, realiza o sonho do cliente, finaliza a obra de uma maneira que ele fica satisfeito, porque vê que o imóvel ficou igualzinho ao projeto”, explica Rafael Silva, proprietário da Glass Limpeza.

Segundo Silva, o trabalho leva até três dias para ser completo nos apartamentos, variando entre três e cinco dias nas residências. Para isso, é
necessária uma equipe com até cinco profissionais especialistas.

Dedetização

Antes de promover a mudança, uma última etapa de preparação do imóvel se mostra fundamental para resolver ou evitar problemas com pragas: a dedetização. De acordo com Lucas Alair da Silva, sócio-proprietário da DDGil, tentar lidar com as pragas por conta própria pode ficar mais caro e ser mais trabalhoso do que contratar um serviço especializado, além de trazer riscos para a saúde.

“Temos responsabilidade técnica e ambiental, nossos produtos são especializados, muito diferentes dos genéricos que se encontram nos mercados. Eles podem trazer intoxicações e problemas graves de saúde. São, nada mais e nada menos, do que venenos”, ressalta o especialista.

Ele sugere que se aproveite o fim da reforma para uma dedetização preventiva, que costuma ter um custo menor do que a ação corretiva. A barreira química é aplicada tanto na área externa quanto interna do imóvel, atingindo a parede até um metro de altura e o chão até um metro de distância da parede. Também é pulverizada nos ralos.

Depois do trabalho, a recomendação é que o imóvel fique desocupado por oito horas. Já os animais domésticos precisam se ausentar por 24 horas. Após a aplicação, passadas 72 horas, a dica é fazer uma boa limpeza nos ambientes. Os serviços costumam ter garantia de três meses. 

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