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Som e fúria

Misofonia: um ‘ódio’ seletivo a barulhos

Irritar-se com ruídos de mastigação, tosse e até respiração pode estar ligado à misofonia, uma síndrome de sensibilidade seletiva aos sons

Por Marina Zanaki

02 de setembro de 2019, às 09h07

Ruídos cotidianos que passam despercebidos para a maior parte da população podem ser motivo de profunda angústia para um grupo de pessoas. Sons de mastigação, tosse, respiração, latidos ou digitação podem desencadear forte estresse e até mesmo crises de pânico. Trata-se da misofonia, uma síndrome de ódio seletivo a barulhos.

Geralmente de origem hereditária, a misofonia começa a manifestar-se ainda na infância. É preciso estar atento a comportamentos não usuais das crianças, como reações exageradas a sons cotidianos. Contudo, é possível que a síndrome passe despercebida durante a infância e a adolescência, e seja identificada apenas na vida adulta.

Foto: Adobe Stock
MISOFONIA: trata-se de uma condição neurofisiológica em que as pessoas afligidas têm uma reação negativa desproporcionada a sons específicos

Independente da idade, o primeiro passo ao identificar um comportamento irritadiço em relação a sons é buscar ajuda médica. Especialistas em otorrinolaringologia ou neurologistas são os profissionais aptos para analisarem o sistema auditivo.

As pessoas com misofonia vão receber desses médicos o diagnóstico de que não há nenhum problema físico. Contudo, a irritação vai persistir. A indicação é buscar um profissional da área da psicologia para ajudar a lidar com os comportamentos que são desencadeados pela síndrome.

Professor de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie de Campinas, Marcelo Alves dos Santos explicou que a misofonia está diretamente ligada às emoções e que é comum ser identificada em pessoas expostas a situações de estresse.

“As pessoas que possuem misofonia vão se irritar com o mastigar de alguém, batidas na mesa, falar com alimentos na boca, limpar a garganta. Não é qualquer som, são alguns característicos, e as pessoas ao redor acabam não entendendo e achando que é descontrole emocional, mas, na verdade, tem um sofrimento relacionado a isso”, afirmou.

O psicólogo alertou que a síndrome pode contribuir com o isolamento social do indivíduo, que vai evitar determinados ambientes para não se expor a sons que podem desencadear uma crise. Contudo, é possível trabalhar os comportamentos para ficar mais fácil de conviver com ela.

Semelhança

“Em alguns casos, a crise é tão forte que pode até lembrar crise de pânico, fica transtornada. A terapia leva a pessoa a enfrentar esse tipo de situação. Não vai acabar com o problema mas vai ensinar a pessoa a lidar com aquilo”, indicou o profissional.

Além da misofonia, existem outras condições relacionadas à sensibilidade a sons. A hiperacusia é o incômodo com sons altos e a fonofobia é caracterizada pelo medo de danificar o sistema auditivo expondo-se a barulhos. Para obter o diagnóstico preciso, o indicado é procurar a ajuda de um profissional.

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