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Visão

Causas, sintomas e tratamentos do olho seco

Condição pode ser provocada por diversos fatores, que vão do envelhecimento ao uso excessivo de telas

Por Marina Zanaki

09 de março de 2020, às 08h34 • Última atualização em 09 de março de 2020, às 19h28

O ser humano pisca os olhos quase 20 mil vezes por dia. Esse ato tão simples é importante para manter os olhos protegidos e hidratados. Contudo, ele pode se tornar uma verdadeira tortura para quem sofre de uma condição chamada Síndrome do Olho Seco.

Caracterizada por coceira, vermelhidão e sensação de que há areia nos olhos, a síndrome pode ser provocada por diversos fatores. Professora e pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Mônica Alves explicou que essa é a condição mais frequente que aparece nos consultórios oftalmológicos.

A síndrome ocorre quando não há produção de lágrimas em quantidade suficiente, ou quando a qualidade da lágrima produzida não é suficiente para a lubrificação dos olhos.

Foto: Divulgação / Hospital de Olhos de Florianópolis
A qualquer desconforto sentido nos olhos a indicação é procurar por um oftalmologista

“Produzida na glândula lacrimal, a lágrima é um fluído com óleo, água, vitaminas, é super complexo. Cada vez que a pessoa pisca, renova uma película dessa lágrima em todo o olho. Serve para dar conforto, nutrir estruturas do olho e promover qualidade na visão. Quem tem olho seco perde tudo isso”, disse a pesquisadora.

Um dos fatores mais comuns para a ocorrência da Síndrome do Olho Seco é o envelhecimento. Como é produzida em uma glândula, ela também pode ser afetada por questões hormonais, como a menopausa. Sua incidência inclusive é mais alta em mulheres do que em homens.

Outros fatores que podem desencadear a síndrome são doenças como diabetes, tireoide, doenças reumatológicas, intolerância à lente de contato, uso prolongado de alguns tipos de colírios que alteram a natureza da lágrima (como medicamentos para tratar glaucoma), remédios como antialérgicos, antidepressivos e ansiolíticos.

A professora lembrou que a própria alimentação pode estar relacionada. “Dietas pobres em ácidos graxos livres, como ômegas presentes em peixes e verduras de folhas verdes, contribuem para ter o olho seco”, explicou Mônica.

TRATAMENTO

O primeiro passo para tratar a síndrome é tentar identificar os fatores de risco para o paciente. O oftalmologista deve mapear o que está provocando a condição e tentar amenizar sua influência.
O passo seguinte é receitar um lubrificante artificial. A pesquisadora lembrou que existem diversas opções no mercado, com indicações para problemas específicos. Assim, o mais indicado é procurar um médico para receber a receita do colírio correto, ao invés de escolher um na prateleira da farmácia.

“Sempre que sentir algum desconforto no olho procure um oftalmologista. Às vezes, o sintoma de olho seco é a ponta do iceberg, o paciente está começando a ter quadro hormonal, doença mais grave, em que o primeiro sintoma é o olho seco”, orientou a profissional.

Ela indicou que a Síndrome do Olho Seco não tem cura, mas pode ser tratada. A médica lembrou ainda que casos mais graves podem levar a ulcerações e perfurações na córnea, e que os pacientes ficam mais predispostos a sofrerem com infecções e quadros inflamatórios graves.

“É preciso lembrar que nossos olhos estão expostos a um ambiente cada vez mais hostil – em ambientes com ar condicionado, em frente ao computador. A lágrima é nosso mecanismo de defesa. A orientação é manter os olhos saudáveis para garantir uma tolerância maior à hostilidade do meio que não conseguimos fugir”, finalizou Mônica.

Novas gerações podem sofrer cada vez mais cedo

O uso frequente de telas de computador, tablets e celulares desde a infância pode mudar o perfil da Síndrome do Olho Seco. Como dois dos principais fatores estão relacionados à idade – envelhecimento e hormônios – ela costuma ocorrer com mais frequência em pessoas com mais de 40 anos.

Contudo, a pesquisadora Monica Alves alertou para o risco de pessoas apresentarem a síndrome cada vez mais cedo.

“Uma coisa que ainda não entendemos bem e que será um desafio para os próximos anos é como as crianças que hoje tem uma exposição maior às telas vão se comportar em relação ao olho seco”, disse a pesquisadora.

Ela explicou que ficar em frente a telas faz com que os olhos fiquem mais abertos e piscando menos. Com isso, os olhos ficam prejudicados e há maior risco de ocorrer a síndrome.

“A gente sabe que essa exposição deixa o olho mais seco, o que não sabemos realmente é se vão ter mais sintomas ou não, se vai ocorrer algum mecanismo para ir se adaptando”, disse a pesquisadora.

Além da Capa, o podcast do LIBERAL

A edição desta semana do podcast “Além da Capa” aborda substituição da mão de obra de pessoas mais velhas por outras mais novas na RPT (Região do Polo Têxtil). Ouça:

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